Uma exposição fotográfica vai trazer as vivências, experiências e um pouco da história de quatro mulheres diferentes, mas que possuem um ponto em comum: a vontade de vencer o câncer de mama. Intitulado “Caminho Rosa: Retratos de Superação”, o projeto é do Ambulatório de Mastologia do HU (Hospital Universitário), vinculado a UEL (Universidade Estadual de Londrina), e foi lançado oficialmente nesta sexta-feira (26).
Em parceria com a fotógrafa Melina Caldani, o projeto transformou em fotografia um pouco da caminhada de quatro mulheres que receberam o diagnóstico de câncer de mama e estão sendo acompanhadas pela equipe do Ambulatório de Mastologia do HU. O objetivo é mostrar que ainda há muita vida após o diagnóstico, sendo que a doença é apenas parte da caminhada da vida.
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Uma das idealizadoras do projeto, a mastologista do ambulatório, Camila Kanzaki explica que muitas pacientes com o diagnóstico recente do câncer de mama chegam com inseguranças em relação ao tratamento e à doença. Pelo fato de o ambulatório ainda ser novo, com pouco mais de três anos, e contar com uma equipe de cerca de 10 mulheres, a relação com as pacientes é muito próxima e foi daí que surgiu a ideia do “Caminho Rosa: Retratos de Superação”.
Ao finalizarem o tratamento, a médica detalha que muitas mulheres saem felizes, bem e prontas para retomarem a vida. "Ao mesmo tempo, a gente estava recebendo novas pacientes e a gente dizia que se elas pudessem ver as que estão saindo, elas testemunhariam que ainda há muita vida", conta.
Com o projeto, o objetivo é mostrar que o diagnóstico não é o fim e que é possível manter uma vida em meio ao tratamento, mesmo com as idas frequentes ao hospital e até mesmo as internações. "O que a gente estimula é que as mulheres mantenham o máximo de normalidade possível", destaca.
O fator psicológico é muito importante para o sucesso do tratamento, pois o diagnóstico costuma vir acompanhado de medo e receio. "Essas ações procuram diminuir essa carga emocional e mostrar a realidade. A gente não quer romantizar, mas mostrar o real e diminuir um pouco do estigma e estereótipo que envolve a doença", afirma.
Ela admite que ainda não consegue assimilar a proporção que o projeto tomou, principalmente por tantas pessoas engajadas em promover a vida das mulheres com câncer de mama. "O projeto abriu portas para a gente conhecer tantas pessoas que se importam com a causa e que já desenvolvem esse trabalho", ressalta.
A motorista Cristina Aparecida dos Santos, 51, é uma das participantes do projeto e define o diagnóstico, que veio em março deste ano, como um momento que fez com que ela "perdesse o chão". Após o autoexame, ela sentiu um caroço na mama e procurou o médico. "Não dá nem para descrever o que eu senti", relata.
Ela conta que tinha horror ao pensar em fazer quimioterapia, mas percebeu que a medicina estava muito avançada e não sentiu os efeitos mais característicos da medicação. Em meio ao tratamento, ela recebeu o convite para participar do projeto e admite que adorou se ver nas fotos. "É importante para que as pessoas saibam que mesmo que a gente esteja com câncer, a vida continua", afirma. "O nosso objetivo é mostrar que é possível ter mais leveza, confiança e que o diagnóstico não é uma sentença, não é o fim".
A gerente comercial Brenda Carolina Gonçalves, 31, também descobriu a doença de maneira precoce com o autoexame durante o banho em outubro de 2024. Ela destaca que a sua participação no projeto é importante para alertar as mulheres jovens de que o câncer de mama não escolhe idade.
Segundo ela, muitas mulheres acreditam que o câncer de mama só afeta pessoas acima dos 40 anos e, por isso, deixam de fazer os exames quando mais novas. "Faz o autoexame, sentiu alguma coisa, vai atrás", aconselha, citando que o tratamento fica mais difícil quando o diagnóstico é mais tardio.
Ela fez seis meses de quimioterapia, radioterapia e uma cirurgia para a retirada da mama. Agora, ela vai fazer o procedimento de reconstrução. "Não é um caminho fácil, mas ele tem fim", afirma.
Ela admite que o câncer é uma doença que afeta muito a autoestima. Ela não conseguia se olhar quando estava careca e ainda tem dificuldade de se reconhecer agora com o cabelo curto. Mas hoje, ao olhar as fotos, o sentimento é o de vitória.
A aposentada Rosalva Aparecida Merici, 65, também é uma das caminhantes e afirma que é gratificante servir de inspiração para outras tantas mulheres que estão passando pela doença e diz que também cresceu muito nesses meses de tratamento.
Olhar para as fotos ainda não é uma tarefa fácil, já que revive aqueles momentos bons e também os ruins. "É tudo crescimento e faz parte do processo saber que lá no fim vai ter uma luz brilhando e me esperando", afirma, confiante. Merici, que é de Lupionópolis, deve passar pela cirurgia de retirada das mamas no começo de outubro.
Com a segurança e apoio do marido, a dona de casa Ana Maria Rosa Ferreira, 45, segue firme, confiante e com fé em Deus de que a cura está próxima. Após descobrir a doença em julho do ano passado, ela pensou que se estivesse viva até outubro, mês dedicado à conscientização sobre o câncer de mama, seria um milagre. Ela é portadora do triplo negativo, um subtido grave e agressivo da doença.
O que ela deseja é que a sua história ajude a tocar as vidas de outras tantas mulheres que enfrentam a mesma batalha. Depois do câncer, ela afirma que é outra pessoa: “desde o primeiro dia, o meu marido nunca largou a minha mão e, juntos, a gente tem visto a vida de forma diferente. Eu quero ser curada e ajudar a curar também”.
A fotógrafa Melina Caldani explica que as captações começaram em março com quatro mulheres que estavam em tratamento contra o câncer de mama com idades e fases diferentes do tratamento. "Eu cheguei como leiga esperando aquele estereótipo da pessoa doente, mas com um olhar para ir além", afirma.
A fotógrafa explica que cada mulher a inspirou de alguma forma, seja pela leveza, fé, confiança de que tudo iria dar certo. "Nós temos uma que é super resiliente. Ela saí às 3h, 4h da manhã da cidade dela e volta só à noite", conta. Outra tem a certeza que o momento vai passar e que, em breve, ela poderá retomar a vida que ficou parada por conta da doença. "Foi interessante para conhecer o lado prático da doença, que quem não passa por isso não faz ideia das tantas intervenções, mas a parte mais transformadora foi poder ter visto além da doença e ter podido aprender algo com cada uma", afirma.
Exposição itinerante e virtual
A exposição física conta com 40 imagens e vai migrar para diferentes partes da cidade. Nos próximos dias, as fotos vão ficar nos corredores do HU para que a comunidade interna, tanto de colaboradores quanto pacientes, possa visitar. Depois, ela segue para o Hospital das Clínicas, no campus da UEL, e para outros pontos da universidade, como a Biblioteca Central, a Capela e o NADPH (Núcleo de Documentação e Pesquisa Histórica).
Além disso, a partir do dia 2 de outubro a exposição vai para a praça do Londrina Norte Shopping, com início a partir das 20h. Já no dia 1° de outubro vai ser aberta a exposição virtual, com mais de 800 fotografias.
Tipo de câncer mais comum entre mulheres
O câncer de mama é o tipo de câncer mais comum entre as mulheres no mundo e no Brasil, depois do câncer de pele não melanoma. A doença responde, atualmente, por 28% dos casos novos de câncer em mulheres, que também acomete homens, porém é raro, representando menos de 1% do total de casos da doença.
Relativamente raro antes dos 35 anos, acima desta idade sua incidência cresce progressivamente, especialmente após os 50 anos. Estatísticas indicam aumento da sua incidência tanto nos países desenvolvidos quanto nos em desenvolvimento. Existem vários tipos de câncer de mama, alguns evoluem de forma rápida, outros, não. A maioria dos casos tem bom prognóstico.

Sintomas
O sintoma mais comum de câncer de mama é o aparecimento de nódulo, geralmente indolor, duro e irregular, mas há tumores que são de consistência branda, globosos e bem definidos.
Outros sinais de câncer de mama são:
Edema cutâneo (na pele), semelhante à casca de laranja;
Retração cutânea;
Dor;
Inversão do mamilo;
Hiperemia;
Descamação ou ulceração do mamilo;
Secreção papilar, especialmente quando é unilateral e espontânea.
A secreção associada ao câncer geralmente é transparente, podendo ser rosada ou avermelhada devido à presença de glóbulos vermelhos. Podem também surgir linfonodos palpáveis na axila. Esses sinais e sintomas devem sempre ser investigados, porém podem estar relacionados a doenças benignas da mama.
A postura atenta das mulheres em relação à saúde das mamas, que significa conhecer o que é normal em seu corpo e quais as alterações consideradas suspeitas de câncer de mama, é fundamental para a detecção precoce dessa doença.
Em casos de suspeita, procure sempre uma avaliação pessoal com um médico da sua confiança.
(Com Ministério da Saúde)
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