proteção da saúde
No Brasil, os registros se aproximam de 14 mil casos por ano, ou seja, em média 38 pessoas cometem suicídio por dia. Embora os números estejam diminuindo em todo o mundo, os países das Américas vão na contramão dessa tendência, com índices que não param de aumentar, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde).
Praticamente 100% de todos os casos de suicídio estavam relacionados às doenças mentais, principalmente não diagnosticadas ou tratadas incorretamente. Dessa forma, a maioria dos casos poderia ter sido evitada se esses pacientes tivessem acesso ao tratamento psiquiátrico e informações de qualidade.
A psicóloga Gizela Zanutto reforça sobre a importância dos cuidados com o tema e como essas campanhas são fundamentais na luta que podem ajudar na conscientização.
"É essencial que pais, professores e responsáveis fiquem atentos a sinais que podem indicar sofrimento emocional, e é na infância que é possível identificar esses problemas emocionais", afirma Zanutto. Entre os mais comuns, a profissional relaciona os seguintes:
• Mudanças bruscas de comportamento ou humor;
• Isolamento social ou perda de interesse por atividades antes prazerosas;
• Quedas no desempenho escolar;
• Queixas frequentes de dor física sem causa aparente (como dor de cabeça ou estômago);
• Comentários sobre morte ou sobre não querer viver.
"Escutar com atenção, sem julgar ou minimizar sentimentos, é uma das estratégias mais eficazes de prevenção. Crianças e adolescentes precisam sentir que podem falar sobre seus medos, ansiedades e frustrações em um ambiente seguro", comenta a psicóloga.
Tipos de violências
Zanutto ressalta que vários fatores de risco também afetam a saúde mental de crianças e adolescentes. São situações como abusos físicos, emocionais ou sexuais, o que, segundo a psIcóloga, pode gerar traumas profundos, sentimentos de medo, culpa e baixa autoestima. "Esses impactos, se não tratados, aumentam a vulnerabilidade a transtornos como depressão e ansiedade, além de elevar o risco de ideação suicida. É fundamental que a sociedade, a escola e a família estejam atentas a sinais de sofrimento e saibam acionar a rede de proteção — como Conselhos Tutelares, serviços de saúde e apoio psicológico especializado", recomenda.
A psicóloga reforça também sobre a questão da identidade de gênero e orientação sexual. "Crianças e adolescentes que não se encaixam nos padrões de gênero e sexualidade socialmente impostos podem enfrentar rejeição, bullying, preconceito ou até violência dentro do próprio lar", alerta.
Segundo ela, esse ambiente de hostilidade contribui para o isolamento social e para o aumento de casos de sofrimento psíquico. "Garantir respeito, acolhimento e a liberdade de expressão da identidade é um passo essencial para proteger a vida e fortalecer o bem-estar desses jovens." diz Zanutto
Sofrimento emocional
Já a especialista em neurociência Sônia Naufal, relata que compreender as fases de desenvolvimento do cérebro é essencial para identificar sinais de sofrimento emocional e adotar estratégias adequadas de cuidado. "O cérebro humano passa por transformações que exigem estímulos adequados, como sono de qualidade, boa alimentação, leitura e atividades lúdicas", comenta. Esses sinais podem indicar sofrimento emocional, e de acordo com a especialista, o diálogo entre escola e família seria a peça-chave para um acompanhamento eficaz.
Naufal aponta que situações de estresse, bullying e exclusão social afetam diretamente o cérebro em desenvolvimento, podendo gerar ansiedade e depressão. Nesse contexto, observa ela, a escola se apresenta como um espaço fundamental de prevenção, como promover práticas de acolhimento, atividades coletivas e estímulos à empatia e à autoestima.
"Atividades como educação física, artes e música são destacadas como ferramentas importantes para desenvolver a resiliência dos jovens, pois estimulam o trabalho em equipe, a expressão emocional e a cooperação" afirma a especialista. Naufal alerta que tais práticas vem sendo deixadas de lado em muitas instituições de ensino, o que representa uma perda significativa para a formação integral dos estudantes.
Diálogo constante
Outro ponto ressaltado pela especialista em neurociência, é a necessidade de diálogo constante entre educadores, familiares e profissionais de saúde, a fim de construir uma rede de apoio consistente. "Essa parceria possibilita identificar precocemente sinais de risco e buscar encaminhamentos adequados", afirma.
Para ela, mais do que oferecer respostas prontas, educadores e pais precisam permitir que os adolescentes errem, aprendam com suas experiências e construam autonomia. "Em tempos de redes sociais que valorizam a perfeição e a 'vida editada', é preciso reforçar que errar faz parte do processo de crescimento", comenta..
Naufal acrescenta que a campanha do Setembro Amarelo nos lembra que o acolhimento é o principal caminho. "Apesar de muitas conquistas de independência, como andar sozinho, comer sozinho ou estudar sem ajuda, crianças e adolescentes não podem se sentir sozinhos. Estar presente, dialogar e oferecer apoio contínuo são atitudes fundamentais para que jovens tenham sustentação emocional e encontrem sentido na vida", afirma.
Em situações de riscos, a recomendação dos especialistas é buscar ajuda imediata: UBS, UPA, CAPS (infantojuvinil) ou serviços de emergência hospitalar. A Linha CVV — telefone 188 (24h, gratuito) chat e e-mail para escuta imediata.
*Supervisão: Guto Rocha - Editor do Portal Bonde
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