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Risco para a popoulação

Brasil pode virar destino turístico antivacinal sem passaporte de vacina, diz diretora da Anvisa

Phillippe Watanabe - Folhapress
07 dez 2021 às 11:35

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- Pixabay
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A ausência de um passaporte da vacina para entrar no Brasil pode transformar o país em um destino de férias para pessoas que se recusam a tomar o imunizante contra a Covid, diz Meiruze Sousa Freitas, diretora da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), em entrevista à reportagem.


Para ela, isso aumenta as incertezas e o risco para a população em meio à pandemia de coronavírus.

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O presidente Jair Bolsonaro (PL) freou o avanço do passaporte vacinal no Brasil. No último domingo (5), ele defendeu, novamente, a não obrigatoriedade das vacinas contra a Covid e afirmou que vai buscar alterar a legislação para que apenas o governo federal possa determinar regras sobre o passaporte vacinal.

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Após vaivém, Saúde recusa oferta de vacina atualizada da Covid por falta de registro da Anvisa


Nesta segunda (6), o ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), deu 48 horas para que o governo Bolsonaro explique por que não é exigido comprovante de vacinação para pessoas que desembarcam no Brasil pela via aérea.

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Para Freitas, o risco do BRasil virar destino dos antivacina é ainda maior devido à desvalorização do real e a aproximação das festas de fim de ano e do verão.


"O que a Anvisa está pedindo e recomendando é que todos sejam vacinados", diz Freitas. Um aumento do número de pessoas não vacinadas vindas de fora pode favorecer a entrada de variantes de preocupação –como a ômicron– no país. "Esperamos que as portas do Brasil não estejam abertas nessas condições. Estamos favorecendo os riscos."

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A diretora da Anvisa participa, nesta terça-feira (7), às 19h, do Foro Inteligência, que tratará do tema "A ideologização da Ciência e os impactos na pesquisa científica". Participam do evento também o virologista Maurício Nogueira, da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, e Ana Elisa Miller, diretora institucional da Associação Brasileira de Organizações Representativas de Pesquisa Clínica (Abracro).

Segundo Nogueira, "é um absurdo ainda não termos um passaporte vacinal" no Brasil.

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"Vamos nos tornar um santuário do turismo antivaxxer?", diz ele."Temos uma população bastante vacinada, apesar do negacionismo do governo. Qual o motivo da recusa do passaporte vacinal?".


Além desta questão, a representante da Anvisa também defendeu a ampliação da vacinação de crianças contra a Covid. Trata-se de um caminho natural, segundo Freitas, principalmente ao se considerar o desconhecimento que temos, a longo prazo, da doença nos pequenos.

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"O que estamos vendo, até mesmo usando dados da África do Sul, uma preocupação muito grande de crianças sendo afetadas com Covid." Até agora, somente o imunizante da Pfizer foi aprovado para pessoas a partir de 12 anos.


No Brasil, em breve, essa vacina específica também pode ser ampliada para novas faixas etárias. Está sob análise da Anvisa o pedido da farmacêutica para que crianças de 5 a 11 anos também possam receber o imunizante. Fora isso, a Pfizer também já prepara o pedido de utilização da vacina em grupos de 6 meses a 5 anos de idade.

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Nos EUA, a vacina da Pfizer já é usada para crianças a partir de 5 anos de idade.

"Ainda são riscos incertos", diz Freitas, sobre a doença em crianças. "Que isso [a vacina] seja ampliada até para crianças mais novas."

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O Instituto Butantan também tentou ampliar, em julho, a faixa etária para aplicação da Coronavac, abrangendo dos 3 aos 17 anos. A Anvisa não deu aval ao uso, porém. Segundo Freitas, faltaram informações essenciais, as quais até o momento não foram apresentadas.


"Sabemos que essa vacina já vem sendo utilizada em outros países, mas precisamos ter acesso a esses dados, inclusive dos estudos de efetividade e acompanhamento, para que possamos ampliar a vacina Coronavac para crianças. E teremos que avaliar o quão eficaz seria a Coronavac para novas variantes, inclusive a ômicron", diz a diretora da Anvisa.


A representante da agência afirma ainda que o Butantan não enviou informações adicionais para a Anvisa sobre novas variantes e que, em relação aos outros laboratórios com vacinas aprovadas no país, o Butantan é o que tem mais dificuldade para entrega de informações.


Um dos possíveis motivos para isso, segundo Freitas, é que a Coronavac, aprovada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) para uso emergência, não possui entrada forte em outros países com regulação forte, como Canadá e EUA, o que favoreceria a geração de dados. "Como as outras vacinas estão nesses mercados, temos acesso a dados com mais facilidade."


Nogueira e também Freitas criticam a ideia, pelo menos nesse momento, de adiantar a dose de reforço da vacina para todos as idades, como foi decidido em São Paulo, na última semana. Segundo os dois especialistas, não há dados que embasem tal decisão. A Anvisa já se manifestou contrariamente à medida.

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