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Período de reprodução aumenta recepção de animais silvestres no IAT em Londrina

23 out 2025 às 19:06

O IAT (Instituto Água e Terra), em Londrina, tem registrado um aumento expressivo na chegada de animais silvestres neste período do ano, especialmente filhotes de gambás. O motivo, segundo a bióloga do órgão, Jussiara Barbosa, é o período de reprodução das espécies, que vai de agosto a novembro.


De acordo com ela, a unidade tem recebido de cinco a sete gambás por dia. O número é muito superior ao restante do ano, quando a média cai para um por semana. “Neste período, chegam principalmente filhotes, porque muitas mães acabam morrendo atropeladas ou atacadas por cães”, explicou. 


Além dos gambás, o IAT também tem recebido urubus, papagaios, periquitos, maracanãs, tucanos araçari, capivaras e até onças, todos em fase reprodutiva ou vítimas de acidentes. No caso das aves, os acidentes mais comuns são batidas contra vidraças. 


Já capivaras e felinos costumam ser vítimas de atropelamentos. Os roedores são capturados com a ajuda do Corpo de Bombeiros. Já animais maiores, como felinos, participam os bombeiros e até a Polícia Ambiental.


Os animais recepcionados pelo instituto são encaminhados ao Cafs (Centro de Apoio à Fauna Silvestre), da Unifil, onde recebem cuidados veterinários até atingirem o tamanho ideal para soltura, que é feta em áreas silvestres, próximos a fontes de água, de preferência.


O convênio entre o IAT e o hospital veterinário da Unifil foi firmado em 2021 - embora a unidade já seja credenciada há 12 anos para cuidar de animais silvestres. O objetivo do Cafs é garantir atendimento médico especializado a animais silvestres vítimas de atropelamentos, maus-tratos, tráfico e cativeiro irregular. A parceria atende 26 municípios da região de Londrina e tem contribuído para aumentar as chances de sobrevivência e reintrodução das espécies em seu habitat natural.


A médica veterinária responsável por animais silvestres do HV (Hospital Universitário) da Unifil, Daniela Martina, confirma o aumento do número de animais silvestres que estão em período reprodutivo, principalmente os gambás. “Eles são indivíduos que andam muito, principalmente à noite, o que os torna vítimas de atropelamentos e conflitos com animais domésticos”, explica.


Nesta quarta-feira (23), a unidade hospitalar especializada tem 60 filhotes sob seus cuidados. Das 6h às 14h do mesmo dia, o HV recebeu mais seis filhotes, conta Daniela.


Em cada ninhada, nascem entre quatro e sete filhotes, que ficam dentro do marsúpio, a bolsa característica dos marsupiais onde são abrigados os filhotes recém-nascidos, grudados por um teto que vai até a garganta, pela qual são alimentados.


Quando começam a crescer, saem da bolsa e ficam grudados nas costas da mãe, o que os torna mais suscetíveis às complexidades da vida selvagem, como dificuldade para obter alimentos ou cair e se perder.


Ao serem encaminhados para o HV, os animais recebem cuidado neonatal, se não tiverem traumas ou ferimentos. Caso estejam machucados, passam por cuidados intensivos para curar, desde feridas abertas a fraturas ósseas. 


Daniela afirma que os animais recebem o mínimo de contato humano possível e são treinados para a sobrevivência, como defesa e busca de alimentos, antes de serem devolvidos à natureza. A soltura é feita em local sigiloso, em pontos definidos pela equipe do IAT.



Cuide dos gambás


Embora sejam animais silvestres, os gambás têm uma atuação importante quando estão em área urbana, porque agem como controladores naturais de pragas. "Eles são predadores de baratas e escorpiões e imunes a veneno de cobras, que também servem de alimento. Mas, às vezes, entram nas casas e acabam provocando bagunça, como rasgar sacos de rações”, diz Daniela.


Por serem onívoros, ou seja, se alimentam de vegetais e de carne, também acabam querendo predar animais em cativeiro, como galinhas. Mas, isso ocorre devido ao instinto, ainda mais em época reprodutiva, quando os machos perseguem as fêmeas e elas buscam alimentos para ter nutrientes para os filhotes. “Infelizmente, existe uma cultura popular de que o gambá é um indivíduo ruim, mas, nós temos um trabalho educacional para ensinar que é um animal bom. Mas, é onívoro”, ressalta.


De acordo com Jussiane Barbosa, devido ao papel importante que desempenham no equilíbrio ambiental urbano, a orientação para a população é de não capturar os animais quando aparecem em áreas externas das casas. “Eles têm hábitos noturnos e costumam circular por muros, árvores e galerias pluviais. O ideal é deixá-los seguir seu caminho”, afirmou.


A captura só deve ser feita em casos excepcionais, quando o animal entra em casa ou está ferido. Nessa situação, o IAT indica que a pessoa utilize luvas de couro, coloque o animal em uma caixa de papelão e o encaminhe ao escritório do instituto, na Rua Brasil, 1115, em Londrina.




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