A qualidade de vida do pet está diretamente ligada à nutrição oferecida a ele, podendo até mesmo influenciar seu comportamento.
Um gato e um cão bem alimentados, no sentido literal da expressão, podem ter menos chances de desenvolver uma série de doenças de natureza gastrointestinais, cutâneas, cardíacas e relacionadas à obesidade, por exemplo.
Conhecimento e disciplina são as melhores opções para lembrar que amor também é reconhecer a natureza da espécie e tratá-la adequadamente. Por isso, a médica-veterinária Natália Lopes, gerente de comunicação científica da Royal Canin Brasil, esclarece cinco dúvidas comuns ligadas à alimentação de pets. Confira!
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Deixar a vasilha do alimento sempre cheia e disponível é o recomendado sempre
Depende.
Temos duas situações distintas aqui. O comportamento alimentar do cão difere do comportamento alimentar do gato. Embora ambos devam se adaptar à rotina.
No caso dos cães adultos, eles são mais condicionados a realizarem uma, duas ou até três grandes refeições diárias. Já os gatos possuem a natureza de fazerem pequenas e frequentes refeições ao longo do dia, sendo mais elegíveis ao tipo de alimentação citada.
Além do perfil da espécie, também deve ser levada em consideração a rotina do tutor, pois existem aqueles que conseguem estar em casa para fracionar quantas refeições forem necessárias, e aqueles que passam o dia fora, o que torna necessário deixar o alimento disponível para o dia todo ou lançar mão de comedouros automáticos.
E a palavra-chave aqui é o fracionamento. Independentemente de o alimento estar à disposição do cão e do gato durante todo o dia, ele deve ter sua quantidade controlada de acordo com a prescrição do médico-veterinário ou recomendação da embalagem do fabricante.
Vale se atentar a essa recomendação, pois geralmente ela se refere a uma quantidade de gramas que deve ser distribuída ao longo do dia e não por refeição.
O alimento disponível sem controle da quantidade poderá predispor o gato ou o cão à obesidade e suas doenças secundárias, como problemas ortopédicos ou diabetes.
Além disso, é importante ressaltar os possíveis riscos de contaminação, como insetos, caso o alimento fique exposto por muito tempo. Vale saber que alimentos úmidos não são elegíveis a ficarem no ambiente por mais de 30 minutos, aproximadamente.
O estabelecimento de uma rotina é muito importante não só para o comportamento dos pets, como também para a supervisão do tutor de possíveis alterações em sua saúde, como a diminuição do apetite que ocorre em fase inicial de algumas doenças.
Alimentos para pets são todos iguais, só muda a marca
Mito.
A qualidade dos alimentos manufaturados pode variar de acordo com a qualidade dos ingredientes utilizados, assim como com a inclusão de ingredientes funcionais específicos em sua fórmula, fazendo com que o alimento seja mais ou menos digestível. Ou seja, um alimento com alta digestibilidade apresenta maior absorção de nutrientes do que aquele com baixa digestibilidade.
O tutor também deve optar por linhas de alimentos específicos para as características de raça, idade, estilo de vida, porte e necessidades fisiológicas do pet.
Ao longo dos anos, consumir o alimento mais apropriado para a necessidade do pet garante a ele mais qualidade de vida, bem-estar e longevidade. Portanto, oferecer a nutrição correta e precisa também trará resultados positivos ao pet.
É indicado sempre buscar a recomendação de um Médico-Veterinário de confiança para saber qual é a melhor opção de alimento para o pet.
Além disso, o próprio tutor pode entrar em contato com as marcas fabricantes e fazer perguntas que ele julgue necessário, como as relacionadas às medidas de segurança de produção, saber quem formula seus alimentos e onde eles são produzidos.
O formato e o tamanho do croquete do alimento são feitos de forma aleatória
Mito.
Dentro da Royal Canin®, os croquetes combinam nutrientes precisos e balanceados com a anatomia do pet. O formato e tamanho da mandíbula e forma de preensão (como ele pega o alimento da vasilha) poderão ser considerados para o seu desenvolvimento, de forma que facilite a preensão e estimule a mastigação, conferindo tamanho, formato, textura e densidade específicos.
Outros benefícios que um croquete adaptado proporciona podem ser vistos em relação à aceitação do alimento, saúde oral, controle de velocidade de ingestão e facilidade de digestão.
Podemos citar raças braquicefálicas, como o Pug, que tem mais dificuldade de preensão devido ao lábio superior ser mais espesso. Ou os gatos Persas, que pegam o croquete pela parte de baixo da língua.
Um Yorkshire possui uma cavidade oral muito pequena e cálculos periodontais frequentes, sendo importante a inserção do dente nos croquetes. E alimentos voltados para emagrecimento e animais glutões, tendem a ser menos densos, de forma a conferir maior volume de refeição.
Portanto, os formatos dos croquetes não são formulados aleatoriamente! Pelo menos não na ROYAL CANIN®. A marca se dedica a estudar a habilidade de cada animal para desenvolver o formato do croquete que melhor se adapte ao estilo e característica de cada um.
O cachorro e o gato têm o paladar aguçado e, portanto, é necessário variar o sabor da comida
Mito.
Se compararmos a anatomia dos cães, dos gatos e dos humanos, veremos que o conceito de sabor que nós, seres humanos, temos é bem diferente em relação aos animais. Dentre os 5 sentidos do pet, o paladar é o menos aguçado e o menos eficiente.
E a explicação está na quantidade de papilas gustativas, que são responsáveis por permitir a distinção do doce, salgado, amargo e o azedo no alimento. Enquanto os cães contam com cerca de 1.700 papilas gustativas, os gatos possuem 500 e os humanos têm 9 mil!
Mas então, você pode estar se perguntando como o pet é atraído pelo alimento. Primeiramente, pelo aroma. E aí está um sentido muito mais aguçado nos pets do que nos seres humanos: são de 80 a 220 milhões de células olfativas nos cães, 60 a 70 milhões nos gatos e 2 a 10 milhões no ser humano.
Outro fator é a sensação que o alimento traz à boca desses pets, como formato, tamanho e textura do croquete, temperatura e o sabor em si, pela sua composição macro nutricional.
Para oferecer alimentação natural ao pet, basta selecionar ingredientes que considero saudáveis
Mito.
Alimentação natural ainda é um tema que carece de definições no Brasil. Entende-se por natural aquele alimento composto 100% por ingredientes que somente sofreram processos físicos, ou seja, um suplemento vitamínico já não seria considerado natural, pois pode ter processos químicos envolvidos. Hoje, é frequente que o tutor entenda como alimentação natural aquela que é preparada em casa, de forma artesanal e fora de ambientes industriais.
Apesar do uso de ingredientes considerados saudáveis, alguns riscos devem ser alertados para a prática. Em primeiro lugar, uma alimentação do tipo caseira deve ser sempre prescrita por um médico-Veterinário e formulada por um especialista em nutrição ou zootecnia.
Ainda assim, pesquisadores da Universidade de Davis – Califórnia, analisaram livros didáticos, livros de receitas e blogs para Médicos-Veterinários e tutores, e constataram quem em 95% das receitas havia deficiência de pelo menos um nutriente, e em 83% delas, dois ou mais nutrientes, como Zinco, Vitamina E, Vitamina D e Cálcio.
Estudos realizados no Brasil pela Unesp (Universidade Estadual Paulista), também avaliaram os riscos quando o tutor troca quaisquer ingredientes por conta, acarretando um desbalanço nutricional.
Por isso, se optar por esse caminho, considere falar um médico-veterinário especialista em nutrição para pets.