Ao lado do presidente Jair Bolsonaro, o secretário de Aquicultura e Pesca, Jorge Seif Júnior, reiterou que a população do Nordeste pode continuar consumindo pescados apesar das manchas de petróleo que atingem a costa da região há dois meses. Segundo o secretário, o peixe tem inteligência e foge ao perceber a presença de óleo no mar.
"O peixe é um bicho inteligente. Quando ele vê uma manta de óleo ali, capitão, ele foge, ele tem medo", afirmou Seif Júnior na live transmitida nas rede sociais de Bolsonaro nesta quinta-feira, 31. "Então, obviamente que você pode consumir seu peixinho sem problema nenhum. Lagosta, camarão, tudo perfeitamente sano."
O secretário afirmou ainda que até o momento o Ministério da Saúde não detectou nenhum peixe contaminado pelo óleo.
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"Os únicos casos de contaminação foram pessoas que estavam sujas desse óleo e usaram tíner ou óleo diesel para retirar do corpo", disse. "Podem consumir pescado, está 100% avaliado pelo Ministério da Agricultura, pelo Serviço de Inspeção Federal."
Após a fala de Seif Júnior, Bolsonaro fez a ressalva de que alguns animais foram encontrados no meio das manchas de óleo.
"Obviamente, de vez em quando fica uma tartaruga ali na mancha de óleo - para não falar que ninguém fica, né? Um peixe, um golfinho pode ficar, mas tudo bem", disse o presidente.
Até esta quinta, segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), 110 animais foram encontrados sujos de óleo no litoral nordestino, entre tartarugas-marinhas, aves e um peixe-boi. Do total, 81 estavam mortos.
Ainda de acordo com o Ibama, 286 localidades de 98 municípios dos nove Estados do Nordeste foram atingidas pelo óleo.
'Mimimi'
Depois da repercussão de sua fala, Seif Júnior foi às redes sociais e afirmou que gosta de "mimimi". "Adoro o mimimi... amo", publicou o secretário no Twitter.
Um dia após anunciar o veto, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), pasta à qual a Secretaria da Agricultura e Pesca (SAP) está subordinada, recuou e liberou a pesca de camarão e lagosta no Nordeste a partir desta sexta-feira, 1º. O governo federal não apresentou os estudos técnicos que motivaram a nova decisão.
Investigações
Na mesma transmissão, Bolsonaro ressaltou a complexidade das investigações para descobrir o responsável pelo vazamento do óleo e negou que o governo tenha demorado para agir.
"Eu só podia agir quando o óleo chegou na praia, meu Deus do céu, porque os satélites, os aviões não conseguiram detectar nada", disse o presidente. "O óleo, ela tem uma densidade um pouquinho maior do que a da água salgada. Em consequência disso, não ficava na flor da água, ficava, em média, um metro abaixo."
Bolsonaro citou um laudo da UFBA (Universidade Federal da Bahia) que identificou que o petróleo encontrado na costa do Nordeste é proveniente da Venezuela para culpar o país vizinho pelo vazamento.
"Já está mais do que comprovado (pela) Universidade Federal da Bahia que o óleo é da Venezuela. Talvez por isso que a esquerda começa a me atacar como se eu fosse o responsável por isso, como se tivesse agido tarde."
Segundo o presidente, a Venezuela contrabandeia petróleo para escapar dos embargos econômicos impostos contra ela.
Visita
Bolsonaro afirmou ainda que, apesar de ter uma "agenda muito grande", deve visitar as regiões atingidas pelo óleo e até "mergulhar em algum lugar" e "ouvir o povo". Ele elogiou o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que foi à região como presidente da República em exercício. "Davi Alcolumbre me representou muito bem num sobrevoo no Nordeste", disse.