Gatos não costumam ser fãs de alimentos doces. Mas, por curiosidade, é bem possível que seu bichano coma um pedaço do que sobrou de seu ovo de Páscoa ou de outro alimento que contenha o ingrediente.
O problema é que, dependendo da quantidade ingerida, o consumo pode causar diarreia, vômitos e até a morte do animal.
O chocolate contém uma substância chamada teobromina, que é tóxica tanto para gatos quanto para cães, diz Marcio Thomazo Mota, veterinário e presidente da Comissão Técnica de Clínicos de Pequenos Animais do CRMV-SP (Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo).
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"Gatos e cães não são capazes de quebrar ou metabolizar a teobromina como os humanos e, por isso, ela acaba afetando as vísceras, o coração, o sistema nervoso central e os rins dos animais", explica.
A teobromina está relacionada com o percentual de cacau na composição do chocolate. Isso significa que, quanto mais cacau o alimento tiver, maior será o teor de teobromina e maior será a toxicidade do produto para o animal.
"Apesar de chocolates ao leite e branco terem um nível menor de substâncias tóxicas para os pets, também fazem mal e não devem ser oferecidos", alerta Yves Miceli de Carvalho, veterinário e presidente da Comissão Técnica de Nutrição Animal do CRMV-SP.
Sintomas de intoxicação por chocolate
Mota reforça que, não importa o quanto pet implore por um pedaço de chocolate, não se deve dar esse tipo de alimento ao animal. Caso haja uma ingestão acidental, alguns sintomas devem ser observados.
De acordo com Carvalho, como a teobromina age intensamente no organismo, pode ocorrer aumento de contrações musculares, excitação nervosa, micção em excesso, elevação da temperatura corporal, respiração acelerada, taquicardia, vômitos e diarreias.
Mota diz que os tutores também devem ficar atentos a mudanças de comportamento do pet, como inquietação, hiperatividade e falta de coordenação.
Apesar dos casos letais serem raros, existe alta incidência de distúrbios gastrointestinais, especialmente em animais de pequeno porte e mais jovens, devido à proporção entre a quantidade de toxina ingerida em relação ao peso do gato.
"Além dos riscos associados à intoxicação, o chocolate pode acarretar outros males ao organismo do animal, como obesidade e diabetes", complementa Carvalho.
Dicas de prevenção
Evite deixar o alimento perto do seu gatinho. Mota recomenda orientar os familiares -especialmente crianças- que convivem com o animal a tomarem os mesmos cuidados. "É importante explicar que alguns alimentos podem fazer mal e, portanto, não devem ser oferecidos e nem deixados ao alcance. Assim, o pet não corre o risco de comer algo que não deveria."
Deixar as guloseimas embaladas e devidamente guardadas também é indicado pelos veterinários. "Os gatos podem ser atraídos pelo odor ou pela própria embalagem do chocolate e pegar o alimento às escondidas", observa Carvalho.
Primeiros socorros
A principal recomendação é que, em caso de ingestão acidental, o tutor contate imediatamente um veterinário para que o felino receba os primeiros socorros e passe por uma avaliação clínica.
"Fases posteriores ao envenenamento por teobromina incluem ataques epiléticos e morte, mas a gravidade do quadro clínico varia de acordo com a quantidade ingerida, idade, espécie e o estado de saúde do animal. Por isso, é essencial consultar o médico-veterinário o mais rápido possível", orienta Carvalho.