A maior parte das pessoas sabe a quantidade de horas diárias que permanece em seu local de trabalho, no entanto você já parou pra contabilizar o quanto do restante do dia fica pensando nele mesmo distante da empresa?
É que muita gente não termina o expediente quando o expediente termina. Pessoas que têm dificuldades para aproveitarem o tempo disponível ao convívio familiar e ao merecido descanso porque vão para suas casas com a mente focada nos relatórios inacabados e nos e-mails que precisarão responder na manhã seguinte.
As exigências do mercado de trabalho atual têm consumido o tempo psíquico de muitos profissionais, especialmente daqueles que precisam cumprir prazos exíguos e alcançar metas desafiadoras em seu dia a dia. Ou seja, há uma boa parcela de pessoas que não consegue se desligar do trabalho de jeito nenhum, ainda que estejam operacionalmente longe dele.
Trabalhadores que vivem numa espécie de "prisão psicológica" que influencia as demais esferas da sua existência e os impede de desfrutarem momentos com a família e amigos ou mesmo de fazerem aquilo que apreciam por causa das preocupações relacionadas com os deveres profissionais. E que erroneamente racionalizam: "Como aproveitar o domingo quando sei que o bicho vai pegar na segunda-feira e ainda não estou pronto?".
Se esta é a sua história de vida, é bem provável que apresente dois comportamentos: o hábito de procrastinar as coisas e um míope senso de responsabilidade. Aquela velha história de valorizar o trabalho duro, mas também de adiar alguns afazeres para a próxima segunda-feira e então passar o final de semana inteiro preocupado com a tarefa que poderia ter feito antes se tivesse administrado melhor o tempo.
Desligar-se do trabalho fora do expediente é fundamental para conservar uma vida saudável e equilibrada, porém este intento talvez seja incompatível com o seu projeto de carreira. Caso tenha a pretensão de chegar à presidência de uma grande companhia durante os próximos anos, por exemplo, terá de renunciar a uma série de coisas ou não atingirá seus objetivos. Por isto, avalie bem se está disposto a pagar o preço.
Vários daqueles que chegaram lá têm dúvidas se valeu a pena, mesmo que financeiramente estejam bem. Foi o que apontou uma recente pesquisa da consultora Betania Tanure com mais de mil executivos das maiores companhias do país na qual 75% deles afirmaram estar insatisfeitos com o seu trabalho. Dois dos motivos: 85% dos presidentes e diretores trabalham todos os finais de semana e suas férias não superam, em média, dez dias.
De forma geral, cada vez mais a divisão entre vida pessoal e profissional vai perdendo sua força e os próprios trabalhadores têm uma grande parcela de responsabilidade. Quando você aceita que a empresa aonde atua lhe pague a conta do aparelho celular pessoal e conceda acesso remoto à internet em sua casa, também está permitindo que ela o contate a qualquer hora, mesmo nas mais indesejadas.
Mas, discussões à parte, qual a estratégia para se desligar do trabalho quando estamos distante dele? Parece-me que a mais eficaz é encontrarmos formas de realização pessoal nas demais dimensões da vida. Se você prestar atenção nas pessoas que se dedicam a uma causa ou investem tempo num hobby verá que elas geralmente não têm este tipo de problema e que, em vários casos, ainda conservam carreiras bem-sucedidas.
Por isto, não se sinta mal quando perceber que ficou o final de semana inteiro sem pensar em trabalho nem tampouco se martirize só porque aproveitou o último feriado prolongado fazendo outras coisas de que gosta. Com um pouco de organização pessoal e ciência daquilo que realmente importa na vida esta pode ser a sua rotina daqui pra frente.
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