Quando os Estados Unidos entraram em guerra com a Espanha em 1898 para promover a independência de Cuba o presidente William McKinley tinha uma certeza: precisava conquistar o quanto antes a simpatia do general Calixto Garcia, líder dos insurgentes caribenhos. Todavia, comunicar-se com ele naquele momento parecia ser uma tarefa dificílima porque a única informação confiável sobre o seu paradeiro era o fato de estar com as tropas rebeldes em alguma montanha cubana.
Por isto, quando questionado pelo presidente sobre o que fazer, o coronel Arthur Wagner, chefe da agência de inteligência americana, não pensou duas vezes: "Se existe alguém que pode entregar um recado para Garcia, essa pessoa é o jovem tenente Andrew Summers Rowan. Vamos chamá-lo!".
Com Rowan diante de si, Wagner lhe disse: "Você deve levar uma mensagem ao general Garcia, que pode ser encontrado em algum lugar na parte oriental de Cuba. Deve planejar e agir sozinho. A tarefa é sua – e somente sua. Entregue a mensagem a Garcia".
Imediatamente e sem fazer qualquer pergunta, Rowan pegou a carta, a colocou num lugar protegido e partiu para cumprir sua missão. Vinte dias após iniciar a viagem, o tenente retornou para a capital norte-americana informando que havia deixado a correspondência nas mãos do destinatário e aberto o canal de comunicação entre os insurgentes e o governo de seu país.
Esta história foi relatada pela primeira vez um ano depois do ocorrido num artigo do jornalista Helbert Habbard, que cunhou a expressão "mensagem a Garcia" até hoje utilizada por quem precisa se referir às tarefas difíceis confiadas a uma pessoa.
As empresas também estão em busca de pessoas que conservem a atitude de Rowan, ou seja, o compromisso total com o objetivo a ser atingido. Profissionais que assumam a responsabilidade pela execução de tarefas importantes independentemente do grau de dificuldade que venham a enfrentar, afinal em todos os negócios existem garcias a serem encontrados. Indivíduos que se orientem pela máxima: missão dada é missão cumprida.
Como as regras do mercado mudam a toda hora, é cada vez mais difícil termos de tomar decisões rápidas diante de situações que não apresentam respostas óbvias. Em contrapartida, a indecisão geralmente cobra um preço tão alto quanto não decidir. É por isto que o comportamento do jovem tenente que sai sem fazer sequer uma pergunta pode ser compreendido como intempestivo e muito arriscado, mas, ao mesmo tempo, aquilo que boa parte das empresas espera de seu pessoal hoje em dia.
Infelizmente, trabalhadores como Rowan não são encontrados às pencas. Muitos dos profissionais que estão chegando às companhias cresceram num contexto de segurança e superproteção que não os preparou para "darem seus pulos" quando a situação exige. Se por um lado estão capacitados tecnicamente para lidar com uma série de desafios operacionais, no tocante às questões práticas da vida, deixam a desejar.
Além disto, é comum encontrarmos pessoas que encaram a felicidade como um direito sagrado e quando as coisas não saem da forma que desejam ou são contrariadas por terceiros, frustram-se rapidamente. É o caso de quem joga todo o peso de seus insucessos nas costas do chefe que não faz o que elas gostariam ou do cliente que é reconhecido como chato por cobrar desempenho superior.
Só que no mesmo artigo Habbard já lembrava mais de um século atrás: "A civilização busca ansiosa e insistentemente homens como Rowan. Precisa-se dele em cada cidade, em cada vila, em cada lugarejo, em cada escritório, em cada oficina, em cada loja, fábrica ou venda. O grito do mundo inteiro praticamente se resume nisso: precisa-se e precisa-se com urgência de homens capazes de levar uma mensagem a Garcia".
Você pode observar: o apurado senso de responsabilidade é a única característica compartilhada por homens e mulheres que colhem êxitos sucessivos em diferentes campos da vida e, ao mesmo tempo, revela com impressionante nitidez porque a sua falta destina pessoas com grande potencial à mediocridade.
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