Da base ao topo. Cidimar Ernegas, o Alemão, será o técnico do Londrina em 2019 após vivenciar todos os estágios dentro do clube. Chegou ao LEC aos 17 anos, se profissionalizou dois anos depois, serviu a seleção brasileira sub-21 e brilhou em diversos outros clubes brasileiros. Retornou ao Alviceleste em 2017 para trabalhar nas categorias menores e agora, aos 43 anos, terá pela frente o maior desafio da carreira. "Tenho muita confiança naquilo que eu faço e acredito muito em fazer um grande trabalho", apontou.
Com a decisão do LEC de ceder o técnico Roberto Fonseca para dirigir o Novorizontino no Campeonato Paulista, Alemão vai estar à frente do Tubarão no Paranaense e preparar o elenco para o retorno de Fonseca, visando a disputa da Série B do Brasileiro. Confira a entrevista do novo comandante alviceleste:
Você passou pelo time sub-17, sub-20 e agora assume o profissional. Se sente preparado para o desafio?
É o meu maior desafio, sem dúvida, mas estou bastante confiante. Porque tem uma equipe de trabalho ao meu lado, que vai me ajudar muito, além da confiança naquilo que eu faço, que é a simplicidade do jogo, com objetivo, com uma organização de time. Tenho a confiança de muitos jogadores do profissional, respeito e confiança dos meninos que vão subir. Acredito muito em fazer um bom trabalho, mesmo sabendo que será momentâneo, até a volta do Fonseca. Vai ser um grande aprendizado e vou procurar crescer. Estou começando na profissão, tenho a minha personalidade, o meu jeito de ser. Me espelho em alguns treinadores, em algumas situações de jogo, em times bem organizados dentro de campo. E esta minha ideia do que eu gosto eu consegui aplicar na categoria de base. Dentro da minha filosofia, daquilo que eu acho que é um futebol vencedor, com equilíbrio entre ataque e defesa. Eu consegui aplicar nestes dois anos, os resultados foram muito bons e a gente tem a esperança de que as coisas possam dar certo trabalhando desta forma.
Qual será a cara do seu time?
Eu gosto muito que o meu jogador jogue na frente, que busque e trabalhe na direção do gol. Com muita organização e principalmente uma distribuição tática organizada para que você crie situações de gol e ao mesmo tempo não corra risco de contra-ataque, ficar exposto. Uma equipe que goste de chegar ao gol e finalizar. É isso que o futebol pede e o torcedor vai ao campo para ver gols e vitórias. Outra característica é de ser uma equipe intensa. Jogador de futebol, hoje, se ele não tiver intensidade ele não consegue jogar. Jogador que trota dentro do campo não serve para jogar bola. Um jogador corre hoje dez, 11, 12 quilômetros em um jogo. Então, a intensidade dentro do jogo tem que ser muito alta e você consegue isso no dia a dia no trabalho.
O trabalho de qual treinador o inspira?
Eu gosto muito do Dorival Júnior, até porque eu joguei com ele. Ele se tornou um grande treinador de uma forma simples, humilde e com ótimos resultados. O Felipão é outro exemplo de um baita treinador. Eu me espelho muito no espírito de equipe do Felipão. Todas as equipes dele têm o fator da união, da harmonia, que é muito boa. Ele consegue agregar todo mundo. E mais recentemente dos treinadores do Internacional e do Atlético Paranaense. São bons treinadores, com falas pontuais, claras e sempre com muita objetividade.
O Londrina terá um time mais jovem no Paranaense. Será uma equipe apenas para se manter na elite ou o time poderá brigar entre os primeiros?
Não podemos ter um time para ser meia-boca. A cidade não admite isso e nem a camisa do Londrina. Temos que entrar para ganhar os jogos e vamos fazer isso com a mescla de jogadores. Quem estará mais à frente serão os jogadores que estão aí há bastante tempo esperando uma oportunidade. Nós vamos brigar, sim, para chegar entre os primeiros do campeonato. Até porque vai servir de preparação para a Série B. Nós não podemos não fazer nada e repetir aquilo que aconteceu este ano e ter que montar um novo time no Brasileiro. A intenção nossa é que estes jogadores sejam bem trabalhados, até porque a filosofia de trabalho minha e do Roberto Fonseca é muito parecida. Queremos que os jogadores se adaptem ao meu estilo de jogo, para que quando o Fonseca chegar para o Brasileiro estes jogadores já estejam adaptados ao sistema de jogo.
Haverá troca de informações entre você e o Roberto Fonseca durante os estaduais?
De repente uma troca de informação, um bate-papo a gente pode ter. Mas o meu trabalho vai ser o meu trabalho. Quem vai trabalhar à frente do time, quem vai decidir quem vai jogar ou não serei eu. E o Fonseca vai cuidar do time dele, pois também não será fácil no Paulista. Acredito que esta proximidade na maneira de trabalhar ajudou a diretoria a decidir por esta forma de trabalho no início do ano.