Depois da aprovação na última sexta-feira (14) do indicativo de greve no transporte coletivo da cidade, motoristas e cobradores participarão de assembleias nesta segunda-feira (17) para decidir se cruzam os braços. A assessoria jurídica do Sinttrol (Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Londrina) afirmou que, a princípio, os ônibus irão circular normalmente nesta segunda, já que a última assembleia está marcada paras as 19h. Os horários das outras assembleias são 9 e 15h.
"Dependendo do que for decidido por parte dos 1,9 mil funcionários das duas empresas que atualmente administram o serviço podem interromper os serviços a qualquer instante, tanto da TCGL (Transportes Coletivo Grande Londrina) como da Londrisul", afirmou o advogado do Sinttrol, André Silva. A categoria pede um reajuste de 6%, sendo 4% da inflação e 2% de aumento real. A reportagem também tentou entrar em contato com João Batista, presidente do Sinttrol, mas seu telefone permaneceu na caixa postal.
A assessoria de imprensa da Metrolon (Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo de Londrina ) divulgou que as empresas estão aguardando a decisão dos trabalhadores para agir. Segundo a assessoria, as empresas possuem as mesmas informações que a população londrinense em relação ao que irá acontecer, ou seja, o quadro ainda é obscuro. A assessoria ressalta ainda que, mesmo com a greve, a legislação exige que um percentual dos ônibus deve permanecer em circulação.
Cerca de 160 mil pessoas usam o transporte público diariamente na cidade, divididos em 400 ônibus que circulam no município. Caso entre em greve, pelo menos 280 desses veículos devem permanecer em circulação, com ênfase nos horários de pico.
A possibilidade de greve foi anunciada logo depois do anúncio da direção da TCGL de que não irá participar da concorrência pública da prefeitura para a escolha da empresa responsável pelo transporte coletivo para os próximos 15 anos. Com a decisão, o grupo ainda afirmou que irá encerrar suas atividades a partir do dia 19 de janeiro de 2019 - quando se encerra a atual licitação - e dispensar 1.660 funcionários. Atualmente a Grande Londrina possui uma frota de 337 ônibus.
A empresa é responsável por 85% da cobertura da cidade e atua nas operações de transporte urbano em Londrina há 60 anos. A empresa quer o reajuste da tarifa de R$ 3,95 para R$ 4,60 já para o próximo mês de janeiro. No último reajuste a empresa já clamava por um valor maior, alegando que a atual tarifa provoca um desequilíbrio financeiro e que o prejuízo este ano superou R$ 11 milhões.
O valor de R$ 3,95 foi decretado em dissonância ao cálculo que havia sido feito pela própria CMTU, que apontava que o valor deveria ser de R$ 4,15. Durante o anúncio de que a empresa não participará da licitação, o diretor da Grande Londrina, Gildalmo Mendonça, afirmou que a prefeitura cancelou a parcela que pagava relativa ao transporte dos estudantes, o que representaria um valor adicional de R$ 0,40 na tarifa. Mendonça criticou ainda o fato de a licitação não prever remuneração dos serviços no primeiro ano, o que, somado ao pagamento da outorga de aproximadamente R$ 7,5 milhões, representaria um cenário sem a previsão de lucros.
A reportagem tentou entrar em contato com a CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização), mas a assessoria e o presidente Marcelo Cortez não foram localizados.