O herpes-zóster, ou cobreiro, é uma doença muito conhecida pela população brasileira, fazendo parte inclusive da cultura popular. Não é difícil encontrar histórias de pessoas que já procuraram benzedores para curar ou parar o "avanço" do cobreiro.
Na realidade, o herpes-zóster é uma doença causada pelo vírus varicela-zóster, o mesmo da catapora. Depois que provocou esta doença, o vírus permanece encubado no corpo a vida toda. Com uma queda da imunidade, por exemplo, ele pode ser reativado e causar o herpes-zóster.
Diferentemente da catapora, que apresenta bolhas em todo o corpo, as lesões da herpes-zoster atingem sempre um nervo específico. As pequenas bolhas dolorosas que se formam na pele acompanham o trajeto das raízes nervosas, e, por isso, nunca "avançam".
Uma doença que pode retornar
Professora do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Marta Heloísa Lopes explica que todos os herpesvírus são latentes, ou seja, podem ficar no organismo sem manifestação por bastante tempo e se reativar. "Ele pode reativar principalmente em casos de imunodepressão. Nesse caso, as pessoas mais suscetíveis são, por exemplo, os transplantados, as pessoas que vivem com HIV e Aids, pessoas com câncer, idosos e pessoas que usam medicamentos que causam a queda da imunidade", esclarece.
Qualquer pessoa está suscetível à infecção. "A herpes-zóster pode aparecer em qualquer idade da vida. No caso da catapora, ela tem a característica de uma manifestação mais precoce. Por isso, é comum associar essa doença somente às crianças. Por outro lado, uma vez que o organismo tenha o vírus varicela-zóster, mesmo com a catapora curada, o herpes-zóster pode aparecer em qualquer fase da vida", disse.
Os sinais mais importantes da herpes-zóster são pequenas bolhas na pele que aparecem em uma região do corpo, que acompanham o trajeto de raízes nervosas, causando uma dor aguda na região. Sobre os sintomas iniciais da reativação da doença, Dra. Marta alerta que a dor é um sinal que aparece antes mesmo das lesões na pele. "A pessoa pode suspeitar da reativação da doença quando começa a sentir muita dor em um nervo, mesmo sem ainda apresentar nenhuma lesão na pele", esclarece.
Não existe cura para herpes-zóster, o tratamento é realizado com medicamentos antivirais e analgésicos. Quanto antes o paciente buscar o hospital, menor serão as complicações em cada fase de manifestação da doença. Normalmente, cada reativação da doença costuma durar de 2 a 3 semanas.
Como prevenção, existe vacina contra a varicela, disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), conforme o Calendário de Vacinação. Além disso, já existe uma vacina disponível, que não faz parte do calendário do SUS, para previnir o herpes-zóster. Porém, aqueles com imunidade baixa, os mais afetados pela doença, não podem tomá-la.