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PM que atirou em adolescente no Cafezal vai a júri popular

28 nov 2018 às 22:03
A juíza da 1ª Vara Criminal de Londrina, Elisabeth Kather, decidiu levar a júri popular o policial militar Bruno Carnelos Zangirolami pela morte do estudante Gabriel Sartori, 17 anos, em junho do ano passado em frente ao Colégio Estadual Maria José Balzanelo Aguilera, no conjunto Cafezal, região sul de Londrina. A data do julgamento ainda não foi marcada. O adolescente morreu depois de ser baleado no tórax pelo PM. De acordo com a Delegacia de Homicídios, ele atirou no chão para tentar dispersar o menor e outros dois amigos que teriam tentado pular o muro da escola.
A perícia apontou que o projétil resvalou na calçada antes de atingir Sartori. Os colegas dele fugiram após o disparo. O policial alega ter socorrido a vítima, que morreu no local. Zangirolami foi preso em flagrante, mas hoje responde as acusações em liberdade. No dia seguinte, amigos e familiares do garoto fizeram um protesto silencioso com cartazes na frente do colégio, onde ele era um dos alunos.
Durante interrogatório, o PM deu sua versão do caso. Ele contou à juíza que se preparava para ir à igreja no dia em que tudo aconteceu. Antes de sair com a esposa, resolveu fazer uma ronda nas imediações da escola, com um cachorro. O animal teria puxado a coleira quando viu três jovens rente ao muro.
De acordo com o PM, um deles tentava pular pra dentro. "Eu tentei abordar, mas eles não obedeceram. Foi aí que saquei a pistola e disse: Polícia! Mão na cabeça!". Quando eles chegaram mais perto, atirei no chão pra tentar impedir que me agredissem ou tomassem a minha arma. Depois que saí novamente, vi o garoto no chão", afirmou.
A defesa do PM tentou desclassificar a acusação de homicídio doloso, quando há intenção de matar, para culposo, o que não acarretaria a atuação do Tribunal do Júri na ocorrência. Para a magistrada Kather, "os depoimentos de testemunhas e o farto conjunto de documentos oferecem sustentação para a decisão".
O advogado José Carlos Mancini Jr., que representa a família de Gabriel Sartori, sinalizou que "a confirmação do júri popular traz um alento para os parentes do menino. O caminho para a justiça está sendo traçado e constata que o policial assumiu o risco de matar a vítima quando atirou".
A mãe do garoto, Cristiane Sartori, informou que "a Justiça está fazendo o papel dela. Essa decisão traz um pouco de paz e sossego no meio de um turbilhão de emoções. Sei que as leis desse mundo não adiantam muito, mas a de Deus não. Ela até pode demorar um pouquinho, mas sempre vem na hora certa. O tempo passou e só agora a ficha realmente caiu. Por exemplo, o Natal está chegando e eu não tenho como comemorar essa época tão linda com o meu filho, que era o meu melhor amigo. Ele não vai voltar nunca mais", comentou.
O advogado Eduardo Mileo, que defende o agente, explicou que "a situação não se tratou de disparo acidental. A morte foi acidental. O tiro de advertência foi necessário. O que o policial não poderia prever era o ricocheteio. A defesa ainda irá analisar a necessidade de recurso". Bruno Carnelos Zangirolami está lotado na 4ª Companhia Independente, na zona norte, onde cumpre apenas serviços administrativos. (Rafael Machado/Grupo Folha)

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