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Nossa crônica

Por Cláudia Bergamini
02 jan 2019 às 20:01
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Era noite.
A água estava tranquila.
Eu, revolto oceano, perdida naquela mansidão.
Fechei os olhos.
Deixei o som sereno levar meu pensamento para longe.
De mãos vazias, nada podia oferecer.
Ainda assim, pedi.
Desejos tantos que fossem levados para sempre.
Dores insistentes que ao por-do-sol saíssem do meu peito.
O tiritar do coração que fosse por novidades.
O sal do rosto que fosse de alegria.
Decidi caminhar na areia.
Antes, ainda que só, tua presença era tão certa para mim.
Em outro inverno, sentia teu calor e me via em teus olhos como poesia renovada a cada amanhecer.
Na primavera passada, fui tua flor, com perfume de jasmim.
No verão, esteve a acentuar o calor de meu corpo com tuas ousadias.
E hoje, pálida flor, à beira-mar, orquídea sem dono, rosa com espinhos, componho esta prece sem ladainha.
Somente um sussurro, débil, que se oculta ao som doce do vento, é meu cúmplice.
Levanto os olhos para o infinito.
A vida é tão grande; os dias são tantos; as horas, lentas; o sorriso, tão breve.
Agora, passos firmes.
Despeço-me do mar.
A areia instável será cambiada por outro solo.
Se do Sol me privo é porque musa não sou dele, tampouco poesia a rondar-lhe a pena.
Despeço-me em silêncio.
Coadjuvante ao sair de cena.
Caminho lenta, destino incerto, lugares outros, vontade nenhuma...
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