Não sei por que razão, mas sempre até mim chegam conversas falando sobre a contemporaneidade e todas as tecnologias que estão ao nosso dispor para facilitar a vida. É verdade! Coisa boa essa tal tecnologia da qual uso e abuso. A rapidez para se comunicar, a facilidade para buscar informações, a dinamicidade gira em torno de tudo o que nos rodeia. Ouvi ontem uma pessoa que comigo conversava elencando todos os benefícios do século XXI, e concordei com ela até começar a dizer que, enfim, a barbárie ficou para trás e a civilização reina. Aí torci o nariz e perguntei: será mesmo? No passado não havia os recursos de que dispomos hoje; profissionais da medicina, da educação, da engenharia, do direito etc. sofriam com o que tinham em mãos para pôr em prática o conhecimento. Porém, as relações humanas eram melhores. A palavra dada valia como um contrato assinado e, em que pese o fato de homens e mulheres serem menos estudados e tendiam a serem mais grosseiros para lidar uns com os outros, o respeito pairava sobre as relações. Os adultos eram tratados por senhores, as crianças não tinham voz, isso tem lá seus prejuízos, mas muitas contavam com pais que cobravam posturas e eram exemplos a serem seguidos. Ainda existem pessoas assim, só que minguam dia a dia. A barbárie está nas ruas deterioradas, nos muros pichados, na crianças abandonadas como lixo, nas drogas que ceifam vidas, no espancamento gratuito. A tecnologia está ao nosso dispor e ajuda sobremaneira em todas as áreas da vida, mas ela não é sinônimo de civilização, porque as atitudes do homem contemporâneo têm demonstrado o quão bárbaro ele é quando o assunto envolve conviver com o outro.