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Nossa crônica

14 nov 2018 às 21:06
Animado com a possibilidade de usar o novo aplicativo de carona, o casal fez uma viagem no último feriado e levou dois caronas, legalizados pelo tal aplicativo. O primeiro contato já havia sido feito via telefone e tudo acertado para a saída no dia seguinte, às 8 horas da manhã. Na hora e local marcados, o casal para o carro e se apresenta a um dos passageiros, o outro já estava no carro. Bom dia para cá, prazer em conhecer para lá e passados os cumprimentos iniciais, hora de se concentrar e pegar a estrada. Claro que ninguém viaja 600 quilômetros de boca fechada. O marido, motorista da vez, começou a conversar com os passageiros, nem se importou com o nariz que estava trancado, fruto de um resfriado fora de época. Papo bom, agradável, boas ideias, o marido gostou e tocou a conversa. De repente, percebeu que a mulher estava de cara fechada, uma cara brava, aliás. E ele, sem entender, olhou para ela e fez uma expressão de quem quer saber o que está acontecendo. Estavam no início do percurso, tinham rodado pouco mais de 50 quilômetros e a mulher olhou para o marido e disse: ‘Pare, preciso ir ao banheiro.’ Ele parou no posto mais próximo e mal havia descido do carro, ela puxou-o pelo braço e foi logo dando uma bronca. ‘Para de conversar com aquele passageiro pelo amor de Deus!’ Ele, sem nada entender, perguntou o porquê do pedido. Ela então, explicou: ‘Não percebe o mau hálito que ele está. Cada vez que fala o cheiro vem em minha direção, e você não sente. Como não sente?’ O marido não queria rir, conteve-se e lembrou a mulher de que o nariz dele estava congestionado. Então, ela deu a ordem, coisa que sabia fazer muito bem: ‘Na abre a boca, então’. O marido que nada tinha de bobo, achou melhor obedecer, riu, mas no fundo agradeceu por estar gripado e agradeceu mais ainda por não ser cheiro de cecê. Afinal, mau hálito não é sentido de boca fechada, mas cecê é sentido de longe e por todo o tempo. Os outros 550 quilômetros transcorreram sem cheiros e sem fala. Quase um velório se formou no interior do veículo. Vez em quando alguém soltava um pois é, e a mulher já sabendo de quem era a voz, virava o rosto. Tudo bem, pagou o pedágio, tá bom, concluiu o casal.

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