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Nossa crônica

Por Cláudia Bergamini
30 set 2018 às 19:20

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Com a chegada da primavera, tenho visto borboletas com uma intensidade empolgante. E mais empolgante ainda é quando me deparo com duas ou três pousadas em um galho ou flor e consigo ver os detalhes da asa, a vivacidade das cores e a singularidade dos contornos. Não há uma cor que se repita. O amarelo da asa de uma é singular, assim como é cada cor que compõe o corpinho deste delicado animal. E detenho meus olhos neste ser pequenino e penso em toda a transformação pela qual ele passou até se tornar tão agradável aos olhos. Sinto que nós somos também borboletas. Há singularidade em cada ser humano, a qual não deve ser usada para medir a superioridade de um em detrimento do outro, penso que deve apenas servir para que pensemos na forma como as fases da vida vão nos moldando e permitindo que sejamos, cada um a seu modo, um ser raro. Dia desses pousou em mim uma borboleta. Tocou-me com delicadeza tal que não pude mais deixar de desejar aquele toque. Uma borboleta que já vivenciara as fases necessárias à transformação e, portanto, mais fortalecida para a vida. Onde pousa uma borboleta há vida e, mais ainda, há cor, porque as borboletas são cores que voam. A que voou perto de mim estou segurando-a, porque a tomei rara entre a espécie, única em seus contornos e de uma vivacidade sedutora. Se uma borboleta pousar próxima a você, primeiro permita-se senti-la e, depois, cuide dela como quem cuida do roseira em flor e pense que há razões para receber a visita de uma borboleta e devem haver muito mais razões para que eles fiquem voando em seu redor.
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