A doação de um terreno onde está construída o CEI (Centro de Educação Infantil) Dr. Jorge Dib Abussafe, no Jardim Califórnia, zona leste, tem dado pano pra manga. O terreno de 10 mil m² foi doado pela Lions Club ao CAPC (Centro de Apoio ao Paciente com Câncer) no ano de 2011. Só que neste espaço está construída a creche, fundada em 1991. A intenção do CAPC é de construir um edifício para oferecer serviços de psiquiatria, ortopedia, nutrição, fisioterapia e outras especialidades para pacientes em tratamento de sequelas de câncer. E para isso a creche, que ocupa a pontinha deste terreno, teria que sair de lá.
Vera Pimenta, diretora da instituição de ensino, teme que as 100 crianças atendidas fiquem sem ter onde estudar. "Tinha outro pessoal que passou o terreno para o Lions e teria sido acordado que teria que ser construído aqui uma escola e uma creche e não foi feito isso. O Lions, mesmo assim, passou para o CAPC", declarou a diretora. "No projeto deles, nós não estamos contemplados e teríamos que desocupar aqui, como se estivéssemos de forma ilegal", completa.
Segundo ela, há pouca documentação e não sabe precisar corretamente quem é o dono do terreno. "Quando comecei a pegar a documentação. Até eu fiquei confusa. Não sei de quem é aqui direito. Nunca foi mexido aqui e agora está nessa situação. Ninguém quer confusão, a gente só quer um espaço".
O impasse mobilizou a Associação de Moradores do Bairro Nova Conquista. O presidente, Marcos Luiz dos Santos, informou que uma manifestação contra a desocupação da creche está marcada para a manhã desta quinta-feira (27) próximo ao CEI. "Não podemos ficar sem creche aqui neste bairro. Meus quatro filhos estudaram lá e fico pensando para onde vão essas crianças se fechar".
O presidente do CAPC, Celso Fernandes Junior, tem uma versão diferente do caso. De acordo com ele, à época foi o Município o doador do terreno diretamente ao Lions Club com a prerrogativa de que fosse construído uma creche ou escola, o que se tornou o próprio CEI Dr. Jorge Adib Abussafe. "Não temos o interesse nenhum de desapropriação, muito pelo contrário. Não é atribuição nossa construir outra creche, mas podemos ajudar na mudança quando arrumarem um novo local. O compromisso que foi feito conosco na doação foi de auxiliar na transposição da creche", garantiu. Ele informou que um projeto de mudança de zoneamento (de residencial para comercial) é um dos pontos que impede o início das obras no local. "Isso não implica em uma mudança imediata da creche quando a construção começar. Podemos deixar o pedaço onde está a creche para o final, por exemplo", explicou. (Edson Neves/NOSSODIA)
Secretária de Educação diz que estuda alternativas
Perguntada sobre a situação, a secretária municipal de Educação, Maria Tereza Paschoal de Moraes, explicou que o Município tem um espaço como alvo, mas que ainda não há nada definido no momento. "Estamos trabalhando para encontrar outro lugar. De qualquer forma demoraria no mínimo um ano para construir. Depende de recurso e agora não tem nada no orçamento destinado a isso. Temos que encontrar outra forma. Se a desapropriação acontecesse hoje, não teríamos para onde levar aquelas crianças", revelou.
No entanto, ela estima que pelos trâmites burocráticos, isso não deve acontecer até 2019. "Em razão de toda a documentação, mudança de zoneamento e projetos, não acredito que (a desapropriação) aconteça agora". A secretária também declarou outras duas opções para o caso. "Sugerimos um espaço para a creche alugar, onde funcionava uma escola particular, mas eles alegaram não terem recursos. E temos uma área do lado do terreno doado em que a Prefeitura estuda oferecer ao CAPC, para não ter que tirar a creche de lá. Ainda existe essa negociação", concluiu. (E.N.)