Com um saco cheio de latinhas de alumínio, Meluzan Rodrigues dos Santos anda a passos não tão rápidos assim pelo Calçadão de Londrina. Com uma bolsa, onde guarda os documentos e uma garrafa d’água, a sua vida, desde a juventude, é vasculhar as latas de lixo da cidade para recolher o material. Aos 61 anos, a mulher natural de Caravelas (BA) chegou até Londrina para trabalhar, depois de ter passado dos 6 aos 19 anos em um orfanato na cidade de Rancharia (SP). Meluzan estudou até a quinta série, foi casada por 10 anos, hoje é divorciada e vive sozinha em uma casa no Jardim do Sol. Durante a semana, a catadora circula pelo Calçadão e região central e, aos finais de semana, parte para a Feira do Cincão. "Eu amasso, tiro o lacre e vou estocando até juntar uma quantidade boa, e já tem quem compre", disse ela, afirmando receber uma média, por mês, entre R$ 400 a R$ 500, que vai praticamente para o pagamento do aluguel. "Junto com a aposentadoria, que é um salário mínimo, eu uso para pagar as contas básicas e fazer compras no mercado", completou. Trabalhando quase 9 horas por dia, Meluzan conta que o serviço não é para qualquer um. "A gente convive com os outros falando do nosso cheiro, mais a parte da segurança, porque tem muita encrenca", citou. No entanto, a catadora segue firme em sua caminhada. "A gente vai andando por tudo, recolhendo e seguindo com a nossa vida".