Quem passa pelo Calçadão, próximo à Catedral, e vê uma senhora com chapéu e óculos escuros, olhando para o céu, não imagina a história de vida de Maria Elina dos Santos Fernandes, de 68 anos. Nascida em um sítio no interior de São Paulo, veio criança para a cidade de Primeiro de Maio (PR), onde foi registrada. A sua infância foi humilde e muito sofrida, pois não teve oportunidade de estudar. Por isso, até hoje não sabe ler nem escrever, o que reflete e muito o contraste do seu sonho, que era de ser escritora. Por obrigação do pai, Maria começou a trabalhar aos 5 anos de idade e mais tarde veio para Londrina também para buscar emprego. Maria foi casada e teve seis filhos. Mesmo já separada, ajudou a cuidar do ex-marido, Adão Fernandes, quando ele sofria as consequências da diabetes até o momento de partir. "Hoje minha filha me vê e fala que sou uma mulher muito guerreira", diz. Em meio às dificuldades que a vida colocou em seus caminhos, Maria Elina confessa que os nove netos e seis bisnetos lhe dão razões para viver. "Eles são meu combustível. Trabalhava dia e noite, mas criei meus filhos com muita honra". Morando sozinha em uma pequena casa no jardim Belleville, na zona norte, Maria tem uma das filhas como vizinha, que a ajuda em coisas básicas, como a escolha de remédios. O sentimento de querer bem às pessoas não fica apenas no seu convívio familiar. "Quando uma pessoa que mora perto de mim passava necessidade, eu fiz o máximo para ajudá-la. Mesmo não tendo muitas condições físicas. Eu falo que dinheiro eu não tenho, mas tenho um bom coração. Eu sofro com o sofrimento dos outros e quero ver as pessoas sempre bem", revela. Para este ano que se inicia, já com lágrimas nos olhos, Maria Elina comenta que se apoia na fé. "Peço oração para a minha família, meus amigos e para todo o mundo, é Dele que eu tiro forças para lutar", concluiu. (Edson Neves/NOSSODIA)
