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Minha história

14 nov 2018 às 20:51

São os detalhes que fazem a diferença. Para quem observa e para quem é observado. No corre-corre de quem sai do trabalho, do médico ou do supermercado para casa com o açúcar que faltou para bater o bolo, não passam despercebidas na calçada da Souza Naves, duas aves, uma galo e uma galinha. Ciscam e roubam a cena urbana. Sob os cuidados de Vanderlei Souza Marques, 44 anos, João, o galo e Erê, a galinha, são como bichos de estimação para o paranaense. Ele conta que é de Bom Sucesso, no Vale do Ivaí. "Moro no fundão do Pindorama, venho pra cá todo dia, as pessoas são bacanas, gostam deles e de mim. Trago comigo porque eu tinha uma criação e levaram tudo. Paguei R$7,50 em cada e quero que cruzem". Uma professora passa, cumprimenta Vanderlei, alegra-se com as aves e tira uma nota de R$ 5 da carteira. "Pra ajudar na ração dos bichinhos", diz e sorri. João fala que gosta do Pindorama. "Acordo com os pássaros cantando. Lá eu tenho paz. Na rua eu não tinha." Com os bichos no colo, revela que são dóceis e obedientes. "Tá sentado. Agora sim, hein", comenta o segurança de um loja próxima. E Vanderlei responde: "Jogaram no lixo e eu peguei. Tava precisando lá em casa", conta, sobre o banco em que descansa. No saco plástico bem puído, alguns pertences. O escovão de espuma, ele conta que estava abandonado e que terá serventia na limpeza de seu cantinho. Disposto a contar sobre si e seus bichinhos, recorda o quanto já emprestou sua força a trabalhos – e que muitas vezes não teve reconhecimento. "E nem pagamento. Não existe segurança nenhuma, nem para quem está empregado". Depois de almoçar um lanche, coloca os bichos debaixo da asa, leia-se o saco e pertences e segue agradecendo pela conversa. "Vai com Deus", diz. (Walkiria Vieira/NOSSODIA)


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