Há cerca de duas semanas o condomínio residencial Bella Vittà, no Jardim Montecatini (zona leste), tem quatro novos e peculiares moradores: galinhas-d’angola, que serão usadas como predadoras naturais para insetos que vivem por lá como formigas, aranhas, baratas e escorpiões, entre outros animais como ratos e cobras. A estratégia começou a ser utilizada este ano em diversos estados brasileiros - como Minas Gerais, São Paulo e Bahia – e agora ganha espaço na cidade.
A síndica do residencial, Alda de Abreu, conta que funcionários do condomínio começaram a encontrar uma grande quantidade de animais peçonhentos vindos de uma mata aos fundos do empreendimento, e que poderiam causar dor de cabeça para os moradores. "Muitas aranhas andando próximas à piscina. Imagina o perigo para as crianças?", questionou.
Mesmo com a compra de venenos (quase R$ 1 mil por mês), a reclamação dos moradores não acabava. A possível solução veio da terra do pão de queijo. "O nosso diretor social foi visitar uma parente em Minas Gerais e viu que no condomínios de lá têm essas galinhas, que acabam comendo os insetos. Então resolvemos trazer a ideia para cá". "O veneno deve ser usado agora mais contra as formigas, e as galinhas para combater os animais maiores", assegurou Alda.
Cada galinha custou R$ 70. Por enquanto, os carismáticos bichinhos estão alocados num local específico, ainda presos, e devem ser soltos depois de um mês logo que se adaptarem ao novo ambiente e assim começarem "o serviço" no residencial. A alimentação é simples: água e milho. A intenção é que a "caça" aconteça enquanto o dia estiver claro e que o toque de recolher aconteça quando o sol se pôr.
A sindica Alda de Abreu relata que a ideia veio de MG: "Elas se reproduzem muito rápido. Quanto mais tivermos, melhor"
A síndica também não descarta aumentar a galinhada. "Eles se reproduzem muito rápido. Quanto mais tivermos, melhor. Somente nestes dias, foram oito ovos. Mas um lagarto invadiu e acabou comendo. Também é uma preocupação nossa de proteger os filhotes", relatou.
Claudecir Honório Bertola é criador de animais há 10 anos. Ele mora em São Sebastião da Amoreira e vende suas galinhas-d’angola para lojas e moradores de Londrina e região. Na sua propriedade, ele vende as galinhas menores por R$ 30 e as adultas por R$ 50. Ele conta que só no ano passado vendeu quase 300. "Até os três primeiros meses o cuidado delas é diferenciado. Depois que crescer, fica mais fácil de manter."
O funcionário de uma loja de produtos veterinários no centro da cidade disse que as galinhas-d’angola vivem, em média, sete anos e a população tem procurado pelos bichos com o mesmo propósito. "São aves rústicas e de fácil criação. Muita gente vem aqui comprar para recriar e também como um predador", resumiu.
Além disso, ele explica que a relação das galinhas com animais domésticos, como cães e gatos, é boa. "Elas interagem bastante tanto com outros animais quanto com os seres humanos, além de servirem como um ‘alarme’ quando alguma pessoa estranha chega no local", finalizou. A loja informou que a procura é grande e que são vendidas, em média, vinte galinhas por mês.