As cenas de destruição por toda a cidade causadas por temporal deixaram os londrinenses em pânico na tarde desta quarta (17); secretariado fala em ‘pior desastre do ano’, com as regiões norte e oeste as mais afetadas
Árvores caídas, semáforos desligados, casas destelhadas e sem luz, telefonia e internet sem funcionamento. Foi esse o cenário provocado pelo temporal que atingiu Londrina na tarde desta quarta-feira (17). O Iapar (Instituto Agronômico do Paraná) registrou ventos de até 70 km/h e a Copel (Companhia Paranaense de Energia) afirmou que mais de 70 mil domicílios ficaram sem energia elétrica. As equipes seguiam em campo até o fechamento desta reportagem para restabelecer o fornecimento aos 14 mil imóveis que ainda permaneciam sem energia. A empresa contabilizou dez postes quebrados pela queda das árvores sobre a rede elétrica na cidade. Já a Sercomtel registrou 20 mil usuários sem internet.
A tempestade causou a queda de uma árvore do Bosque Central, na avenida Rio de Janeiro, em direção à Biblioteca Municipal e à agência dos Correios. Nenhuma pessoa ficou ferida, mas dois carros foram atingidos com a queda e a fiação foi arrancada. Os prédios da região não foram atingidos, mas ficaram sem energia, como foi o caso do edifício da FOLHA.
Segundo o Simepar (Sistema Meteorológico do Paraná), o maior volume de água aconteceu entre as 14h30 e 15h, quando alcançou a marca de 6 milímetros, o que não é considerado muito. A gravidade dos problemas, no entanto deveu-se aos fortes ventos que chegaram a 70 km/h. "Episódios como o que aconteceu hoje são típicos da primavera, e como se formam muito rápido, são difíceis de prever e não devem ser descartados nos próximos dias", relatou a meteorologista Ângela Beatriz Costa, do Simepar. O sistema meteorológico normalmente se forma sobre o Paraguai e o norte de Argentina e atingiu Cascavel pela manhã desta quarta (17). Na região, a chuva registrada chegou a atingir 55 milímetros.
"Nasci de novo", afirmou proprietário de veículo destruído em posto de combustíveis na zona norte. A cena chamou a atenção de quem passava pelo local: uma camionete S10 preta estava completamente destruída em um posto de combustíveis na avenida Winston Churchill. O vendaval foi capaz de deslocar a estrutura do posto de modo que uma das bases ficou sobre o veículo. O motorista, que não quis se identificar, disse que chegou a ficar 30 segundos inconsciente por conta da pancada na cabeça.
No Autódromo Internacional Ayrton Senna a reportagem da Folha foi informada por um segurança (e diversas fotos circulavam pelo WhatsApp) de que toldos dos camarotes haviam sido arrancados pelo vento. A impressão para quem trafegou pela avenida Henrique Mansano era de que um furacão havia passado por ali por conta das inúmeras árvores e galhos pelo chão.
Próximo dali, no Jardim Santa Mônica, a queda de árvores provocou a falta de energia em diversas residências. Preocupado com a família o estudante de arquitetura Mateus de Oliveira Machado estava avaliando os estragos. Ao lado do avô a ideia era ficar em casa para ajudar já que o tio é deficiente visual. "Fez um barulhão danado, pensei que estava acabando o mundo", diz.
Os ventos colaboraram, também, para aumentar a espera pelo atendimento na UPA do Jardim Sabará. Completamente no escuro cerca de 30 pessoas aguardavam do lado de dentro e segundo uma funcionária a orientação era para os casos com maior urgência se dirigissem à UPA do Jardim do Sol, que felizmente não teve problemas estruturais. Enquanto isso, por volta das 17 horas, na avenida Artur Thomas, os funcionários da Copel estavam fazendo a manutenção da rede.
Também no final da tarde funcionários da Copel realizavam a manutenção na rua Goiás, entre as avenidas JK e Maringá. Muitos estabelecimentos comerciais estavam no escuro, bem como na avenida Higienópolis.
Não foram só as escolas que foram prejudicadas. Na UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná) e na UEL (Universidade Estadual de Londrina) também faltou energia. UBS (Unidade Básica de Saúde) do Jardim Bandeirantes teve funcionamento comprometido e Prontos Socorros foram fechados.
O governo do Paraná afirmou por meio de nota que recebeu os relatos das fortes chuvas que atingiram Londrina, Cambé, Sarandi e outros municípios da região Norte e "determinou à Defesa Civil e ao Corpo de Bombeiros o pronto atendimento com apoio técnico e de materiais às prefeituras e à população atingida.
Segundo a Copel, o temporal atingiu a região de Cascavel, Maringá e Londrina, totalizando aproximadamente 100 mil unidades consumidoras desligadas alternadamente.
‘Pior desastre do ano’
Parte do secretariado municipal se reuniu no fim da tarde de quarta-feira (17) para apontar alguns números dos estragos pela causados pela chuva. Estiveram presentes no auditório os secretários Evaristo Kuceki (Defesa Social), Felippe Machado (Saúde), Juarez Tridapalli (Governo), Marcos Urbaneja (chefe de gabinete), Maria Tereza Paschoal de Moraes (Educação), além do presidente da CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização), Marcelo Cortez.
Classificando como "o pior desastre do ano", Kuceki buscou não apontar nenhum balanço oficial dos estragos, já que o telefone da Defesa Civil (153) continuava congestionado, tal qual era a grande quantidade de ocorrências sendo registradas pela população. Segundo eles, as regiões norte e oeste foram as mais afetadas. Os danos foram apenas na parte material.