Duas esculturas recém-instaladas em Londrina foram vandalizadas por pichadores no Calçadão. Elaboradas pelo artista plástico Carlos Kubo, elas foram inspiradas na lenda dos tsurus (grou japonês), aves que simbolizam a paz, longevidade, felicidade plena e a gratidão no Japão. As obras foram elaboradas em chapas de aço e foram pintadas de vermelho e branco, porque representam as cores das bandeiras de Londrina e do Japão.
Instaladas na primeira quinzena de setembro deste ano, logo foram riscadas com canetas de pincel atômico. "Acho triste esse vandalismo. Acabei de vir do Japão, onde realizei uma exposição, e lá a gente vê a diferença de comportamento das pessoas. As esculturas foram um presente para a cidade e quando as picham é como se eu presenteasse uma pessoa querida e ela as rasurasse", declarou Kubo.
Segundo ele, é a segunda vez que as mesmas esculturas são pichadas. "Elas já foram limpas uma vez pelo Guilherme, da floricultura que fica ali perto, mas os vândalos tornaram a repetir", declarou. Ele explicou que no momento em que propôs a doação ao município das obras de arte, já sabia da possibilidade das esculturas serem alvo de vandalismo. "Não foi surpresa para mim, mas achava que ela iria ficar mais tempo intacta. Infelizmente não durou um mês assim", declarou.
Ele afirmou que não sabe qual a melhor forma de agir para prevenir esse tipo de ação de vândalos. "Se a gente recompõe a escultura, os pichadores tornam a repetir o mesmo ato", analisou. "Brigar não adianta. Por enquanto vamos retomar e arrumar até a consciência chegar a essas pessoas. Vamos ter que deixar a escultura sempre bonita", afirmou.
Retribuição
Kubo enalteceu que as obras são uma homenagem aos 110 anos da imigração japonesa no Brasil e foram doadas em retribuição pelo modo caloroso como foi acolhido no município e, para criar um símbolo e uma identidade da cidade com os sentimentos da gratidão, do acolhimento e da propagação do bem. "Estas são as esculturas de tsurus um e dois e fiz questão que fossem instaladas em Londrina, cidade em que resido. As esculturas três e quatro serão instaladas no Mercado Shangri-lá. A quinta eu levei ao Japão e a sexta foi instalada no hotel Blue Tree de Londrina", enumerou. Segundo ele, a ideia é espalhar essas mesmas esculturas pelo mundo afora, nas cidades coirmãs de Londrina, entro da série "1000 Tsurus". "Quando nasce uma criança no Japão é tradição confeccionar mil origamis de tsurus, pois o pássaro está associado à longevidade", destacou o artista.
O vendedor Heitor Augusto Balarini, 33, passeava no Calçadão com a família e achou a situação triste. "É uma escultura que foi feita para embelezar a cidade e já está assim com poucos meses desde a sua instalação. Imagine daqui a um ou dois anos como vai ficar", disse preocupado. "É interessante ter mais esculturas na cidade e mostrara algo da cultura dos moradores. Acho que esses vândalos possuem tempo ocioso. Eles não podem ficar pichando as coisas públicas. Falta conscientização dessas pessoas", afirmou.
O analista de segurança Ricardo Yoneta, 38, também passeava com a família no Calçadão e criticou a poluição visual. "Uma escultura tão boa e essa pichação não tem nada a acrescentar. Falta de consciência de cada um. Eles não estão depredando só para eles, mas para todos os frequentadores do Calçadão. A imagem da cidade fica mais feia. Isso só causa gasto para a prefeitura ficar repintando e reformando", declarou.
A reportagem tentou entrar em contato com os secretários de Cultura, Caio Júlio Cesaro, e de Defesa Social, Evaristo Kuceki, para comentar os atos de vandalismo e qual a solução viável para coibir isso, mas ninguém retornou as ligações.