Está funcionando desde o início de setembro um projeto piloto de contraturno para crianças do P4 na zona leste da cidade. Elas ficaram sem o ensino em tempo integral após uma mudança no regime de horário por parte da secretaria de Educação. Na época, a decisão foi tomada para, segundo a pasta, gerar mais vagas para meninos e meninas de zero a três anos. A iniciativa do contraturno foi colocada em prática após um ordem da Justiça, que aceitou ação civil pública ajuizada pelo MP-PR (Ministério Público do Paraná).
Em julho, a 10ª Promotoria de Justiça de Londrina entrou com ação cobrando o retorno do ensino em tempo integral para as crianças de quatro anos. Como medida para o corte nas vagas que eram ofertadas, aproximadamente 2,6 mil, o judiciário determinou um plano por parte do município, pelo menos para os menores considerados em situação de vulnerabilidade social. Nomeado de "Cuidado e Cidadania", o projeto intersetorial tem meta de atender 120 crianças em 2019.
A capela Santa Ana, no jardim Santa Fé, está recebendo 30 alunos de quatro anos de idade da rede municipal no período da tarde, num total de cinco horas de acolhimento. Cerca de cinco servidores, entre Educação e Assistência Social, estão atuando no local. "Nós cuidados dos alunos e a Assistência Social fornece o lanche. Tem recreação, os professores contam histórias. O conteúdo as crianças tem na escola, a tarde é um complemento", explicou Maria Tereza Paschoal de Moraes, secretária municipal de Educação.
As crianças que estão participando deste projeto-piloto foram indicadas pelas instituições de ensino da região. "São meninos e meninas com vulnerabilidade social grande. Foi olhada a situação e feita a indicação. Existem casos de criança que era cuidada pelo irmão mais velho, e que no caso também é uma criança", citou.
OUTROS BAIRROS/b]
O documento que definiu a atuação do contraturno compreende sete secretarias, entre elas Saúde, Cultura e FEL (Fundação de Esportes de Londrina). No ano que vem, todas as regiões deverão contar com o "Cuidado e Cidadania". Entre os bairros, além do Santa Fé, estão o conjunto União da Vitória (sul); conjunto Luiz de Sá (norte); e jardim Olímpico (oeste), com cada sala recebendo 30 alunos. A proposta é realizar a iniciativa em espaço alternativo adequado.
A operacionalização do projeto está prevista em quatro etapas. A primeira está vinculada à seleção das crianças; a segunda na escolha dos executores, como estagiários de educação física e arte; a terceira na organização dos espaços físicos; e a quarta contempla a execução da proposta em si. Os pais ou responsáveis deverão encaminhar os filhos para o contraturno e posteriormente buscá-los.
De acordo com Moraes, o projeto-piloto na zona leste irá até dezembro, quando será feita uma avaliação para aprimorar o que será desenvolvido no ano que vem. "Vamos avaliar para fazer a ampliação, vendo o impacto, se funcionou bem, se não teve abandono, como foi para os pais, a questão da merenda", elencou a secretária de Educação.
PAIS
Os pais ouvidos pela reportagem disseram que gostaram do projeto adotado pelo município no Santa Fé, porém consideraram que foi implantado de forma tardia, o que atrapalhou. "Minha filha está desde o começo do ano sem o ensino em tempo integral, já que o projeto chegou só em outubro, ou seja, no final do ano. Como trabalho, tive que deixar minha filha com minha mãe, mas ela é de idade, então tinha dificuldades. Preciso trabalhar, foi um desafio os últimos meses", relatou a atendente Claudinéia Ferreira, mãe de Emanuele, 5.
Para a recicladora Sandra Caetano Ribeiro, a iniciativa está sendo boa para o neto Hairos, 4. "Está sendo ótimo. Antes ele só estudava uma parte do dia e a outra ficava em casa, o que era um obstáculo para eu fazer meu serviço. Ele gosta, dão brincadeiras e atividades."