Aos poucos, o Brasil abre caminhos para a entrada de robôs nos centros cirúrgicos, especialmente para tratamentos na área da urologia. A tecnologia - que atende aos comandos do cirurgião "emprestando" movimentos mais precisos e uma visão ampliada e tridimensional - já é, por exemplo, a melhor opção para os pacientes com câncer de próstata. O tumor é o segundo mais incidente nos homens, atrás apenas do câncer de pele não melanoma. A estimativa do Inca (Instituto Nacional de Câncer) é de 68.220 novos casos somente em 2018.
De acordo com o urologista em Londrina, Ricardo Brandina, nenhuma outra técnica consegue alcançar a precisão da cirurgia robótica nos procedimentos de remoção da próstata, indicados para tumores com maior risco de progressão ou metástase. "O robô ‘filtra’ o tremor do cirurgião e nos dá uma imagem em alta definição, o que nos permite remover a próstata preservando a uretra do paciente. Isso resulta em um menor índice de incontinência urinária e maior chance de ereção normal", afirma.
Brandina retornou recentemente dos Estados Unidos, onde fez clinical fellowship em Cirurgia Robótica na Universidade do Sul da Califórnia, durante um ano. Naquele país, 90% das cirurgias dentro dessa especialidade são feitas com robôs. Nos próximos dias, o Hospital do Coração de Londrina receberá um simulador robótico "da Vinci" que servirá para o treinamento de médicos no centro cirúrgico. "Pois, ao contrário do que muitos pensam, o robô não atua sozinho. Os movimentos são operados pelo cirurgião através de um console", comenta.
No Brasil, a cirurgia com robôs começou há uma década e atualmente existem cerca de 40 unidades robóticas nos hospitais brasileiros. "Ao invés de cortes, são feitas pequenas incisões, o que reduz a dor, o sangramento e acelera a recuperação. Dessa forma, o paciente consegue retomar o quanto antes as atividade diárias", diz o especialista.
Nos procedimentos laparoscópicos, ele cita ainda, dentre os benefícios, a amplitude de movimentos da pinça que tradicionalmente são retos. "Com o robô a manobra é articulada, ou seja, nos permite trabalhar com mais facilidade", completa. Além da urologia, o uso desta tecnologia também é indicado em cirurgias do aparelho digestivo, torácica, ginecológica, cardíaca, de otorrino, entre outros.
PIONEIRISMO
Londrina sempre atraiu olhares de equipes médicas de todo o País e até de diversas partes do mundo, pelas técnicas e modelos de serviços aplicados aqui na urologia. Parte dessa história foi a realização do primeiro transplante de rim do Paraná e o segundo no interior do País, em 1973, no HU (Hospital Universitário) de Londrina. O procedimento reuniu uma equipe de 25 profissionais sob o comando do urologista Lauro Brandina, que faleceu em maio de 2015. "Esse feito impulsionou a cidade. Lembro que meu pai recebia cartas de universidades de fora do Brasil, pedindo fotos e informações", recorda Ricardo Brandina.
Na próxima semana, ele integrará o time de profissionais que irão palestrar sobre o cenário da cirurgia robótica durante o Simpósio de Urologia - novas tecnologias para o tratamento do câncer de próstata, em Londrina. No dia 6 de novembro, a partir das 19h, o médico André Berger, da Universidade de Southern Califórnia, falará sobre a realidade da cirurgia com robô nos Estados Unidos; e Gustavo Guimarães, da Beneficência Portuguesa de São Paulo, apresentará o mesmo panorama no Brasil.
Brandina palestrará sobre o pioneirismo de Londrina na área. "Nossa cidade sempre foi pioneira, desde a era do transplante e depois na época de laparoscopia pura. Será uma oportunidade das pessoas conhecerem todos esses trabalhos", comenta. O simpósio é promovido pelo Hospital do Coração de Londrina e aberto ao público, com entrada gratuita mediante inscrição através do e-mail comunicacoracao@gmail.com.
No dia 18 de novembro, o Hospital do Câncer de Londrina em parceria com o Londrina Esporte Clube promovem a Lec Run, com largada às 8h, no Estádio do Café. Mais informações no www.lecrun.com.br.