Mais aberto do que a votação de domingo. Assim estão alguns bueiros na região central da cidade, onde as tampas sabe se lá em que lugar estão. O perigo é nítido e constante. Por isso, o povo que mora ou trabalha perto de cada boca de lobo arruma um jeito para não deixar que o buraco fique escancarado e aconteça o pior. O comerciante Leonardo Kawagoe disse ao NOSSODIA que a tampa do bueiro que fica em frente ao seu estabelecimento sumiu há três meses. "O problema é a sujeira que fica acumulando". Para sinalizar o buraco aberto, Kawagoe colocou gravetos. "Na escuridão que fica isso aqui, foi uma forma que eu achei para alertar quem passa por aqui, e até mesmo quem estaciona".
Na Vila Recreio, duas tampas foram roubadas de uma vez só: na rua Presidente Xavier Silva e também na Doutor Vicente Machado. Morador da última rua, o carpinteiro Noé de Almeida Santos revelou que achou uma delas por acaso. "Foi há algumas semanas. Eu passava perto do buracão quando achei uma das tampas jogadas. Quem roubou deve ter tentado vender em algum ferro velho e não conseguiu. A outra não achei". O morador confessou até fazer uma gambiarra para não perder novamente a sua tampa. "É perigoso (o bueiro aberto), minha neta quase se machucou brincando. Não sei porque estão roubando isso aí. Do jeito que está eu vou ter que amarrar com arame para não roubarem mais".
Seguindo o rolê pela região, a reportagem também encontrou a situação na Vila Casoni, mais precisamente em frente a um barracão de torno e solda. O dono de lá, Lucas Galdino, amarrou um pedaço de pau com o famoso "enforca gato" no bueiro com receio de haver acidentes. "Se colocarem a tampa de ferro, fica fácil de levar. Tinha que ser aquelas antigas, de barra de ferro revestidas de concreto". Além de roubarem o objeto, Galdino contou que também foi vítima de roubo de fios de cobre. O furto foi registrado há pouco mais de 40 dias. (Edson Neves/NOSSODIA)
Na Rua
Goiás, a situação não
é diferente
O que dizem a Secretaria de Obras e a polícia
O secretário municipal de Obras, João Verçosa, informou que a situação tira o foco de trabalho para outros serviços essenciais. "Deixamos de fazer uma limpeza de galeria, por exemplo, para ter que fazer a substituição dessas tampas. Muitas vezes não temos o estoque do material. Aí precisamos improvisar, demolindo a área e reconstruindo em concreto, ficando mais caro. Tudo isso acaba virando um transtorno".
Verçosa completou dizendo que foi orientado aos funcionários de registrarem o boletim de ocorrência. "Estamos tentando fazer a nossa parte e apelando para que a população possa comunicar a polícia sobre os furtos e que a gente possa seguir o nosso trabalho, fazer o que tem que ser feito e não ficar perdendo tempo em reparar prejuízos causados por quem não tem nada melhor do que fazer". O delegado-chefe da 10ª SDP, Osmir Ferreira Neves, informou que o indivíduo que pratica o crime pode responder por furto simples, com pena de um a quatro anos de reclusão, e que quem compra responde eventualmente por receptação, com a mesma pena. "É algo inusitado no sentido de que não se há notícias de que seja frequente". Neves também aguarda os boletins de ocorrência desta natureza para análise.