O comércio ambulante ganhou nos últimos dias um novo produto que vem rendendo uma grana extra a quem trabalha pelas ruas da cidade: camisetas de apoio ao candidato Jair Bolsonaro (PSL). Brancas, pretas e amarelas, com as frases "meu partido é o Brasil" e "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos", além de diferentes estampas com o rosto do presidenciável. Em tempos de disputa política acirrada e toda essa polarização, é bom deixar claro: a reportagem do NOSSODIA também procurou vendedores comercializando produtos relacionados ao candidato Fernando Haddad (PT), mas não encontrou. Vale dizer que Bolsonaro conseguiu 186 mil votos na cidade, o que representa 65% dos válidos. É a lei de mercado.
Vendedor ambulante há 25 anos, Marcos Antônio Ferreira Delfino pela primeira vez vê a venda de camisetas de políticos como um negócio. Na rotatória das avenidas Maringá e Castelo Branco, além de vender as já tradicionais redes, tapete, além claro do caldo de cana e água de coco, ele também aproveita o embalo da "onda Bolsonaro". "Nos três últimos dias, já vendi aproximadamente 100 camisetas", revelou o ambulante, que cobra cerca de R$ 35 cada. "No dinheiro, com desconto, dá até pra fazer por R$ 30. Também vendo na máquina de cartão. Muitas vezes a pessoa tá sem dinheiro na carteira, né?".
Para outro vendedor ambulante, na avenida Madre Leônia Milito, e que não quis se identificar, as vendas ainda estão fracas: foram apenas oito no último final de semana, quando carreatas e passeatas aconteceram pela cidade. "Estou vendendo por um valor simbólico: R$ 10 a R$ 15. A gente tenta vender para garantir o pão. Tenho três filhos pequenos, sem trabalho com carteira assinada há sete. Tinha algumas coisas que sobraram da Copa, como bandeiras e faixas, aí ‘tô’ aproveitando para ver se vende". Perguntado se não estaria vendendo camisetas do candidato do PT, Fernando Haddad, o vendedor foi pontual. "Se essa aqui (Bolsonaro) não está vendendo nada, imagina do PT?", questionou.
Na esquina da avenida Tiradentes com a rua Araçatuba, o negócio também está bombando. Desde o início do mês, Pedro Teixeira conta que já vendeu mais de 450 camisetas, com preços que variam de R$ 20 a R$ 35. "Esses dias um empresário me pediu 1 mil camisetas. Não tenho esse estoque todo e já estou sofrendo com a falta de tamanhos, perdendo algumas vendas", completou. A procura, segundo ele, vem de outras cidades e até no WhatsApp. "Tem gente que está em viagem, passa por aqui para comprar, já que em outras cidades não tinham. Outros fazem pedido pra mim por grupo de WhatsApp". Operador de empilhadeira aposentado, Teixeira revelou que há quase 30 anos revezou o trabalho formal com os bicos de ambulante, somado à nova moda. "‘Tâmo’ aí para ajudar o homem, né?", finalizou.