Londrina comemora nesta segunda-feira 84 anos de fundação. Para celebrar, resgatamos as transformações ocorridas na cidade e contamos com a ajuda do professor de arquitetura da UEL (Universidade Estadual de Londrina) e doutor em planejamento urbano regional, Gilson Jacob Bergoc. Ele conta que, em um primeiro momento, foi implantado o centro histórico de Londrina. A vila Recreio, na região central, veio logo depois. "Foi feita uma planta com vias de 25 metros que foi mandada para a Inglaterra. O autor desse projeto era o engenheiro agrimensor Alexandre Rasgulaeff", lembrou. A Inglaterra devolveu o projeto pedindo a redução da largura das vias. Então, ele diminuiu tudo para 15 metros.
"Tendo na época a chamada avenida Paraná, onde hoje tem o Calçadão, e a avenida Higienópolis, ele fez um projeto que pegava praticamente da rua Quintino até atualmente a JK, e no sentindo leste - oeste mais ou menos da rua Jorge Casoni até também a JK, do outro lado, na região oeste. Assim formou-se o Quadrilátero Central", contou Bergoc.
Uma primeira expansão dessa malha urbana foi a vila Casoni. O Quadrilátero Central ainda não estava todo ocupado quando surgiram as primeiras casas de madeira na Vila, na sequência. "Em termos urbanísticos, todas as casas construídas em Londrina desde a década de 30 eram de madeira, inclusive as do Quadrilátero Central. Mais para frente foi feita uma primeira lei que proibiu dentro de uma área no então centro da cidade a construção de novas casas de madeira, só permitindo casas de alvenaria", frisou o professor.
Toda uma cidade construída em madeira com peroba retirada das matas. No final da década de 40, surgiu um primeiro estudo sobre o processo de ocupação da cidade feito pelo engenheiro civil Francisco Prestes Maia. "Ele propôs uma lei para regulamentar as formas de ocupação da cidade", explicou.
Essa norma foi promulgada em 1951. É nessa lei que foram criados os critérios do que hoje são chamadas de áreas de preservação de fundo de vale. "Nessa lei é determinado inicialmente se fazer uma via pública ao longo das marginais dos córregos, deixando uma área entre essa via e os córregos da cidade", pontuou. A norma foi um marco e estabeleceu um padrão urbanístico que é seguido até hoje na cidade.
Depois da 2ª Guerra Mundial, Londrina passou por um impulso de crescimento. "Cresce a população urbana, crescem as necessidades da cidade, e é feito um estudo para planejar esse crescimento", contou Bergoc.
Foi construído um plano urbanístico de definição das áreas residenciais e industriais. "A chamada cidade industrial de Londrina, os silos na região oeste. Também foi definido algumas prioridades em termos de via, que hoje a gente chamaria de vias estruturais", comentou. Vias como a Dez de Dezembro, e a JK, com o desenho mais próximo ao de hoje.
"Antigamente a JK eram duas ruas, a avenida Antonina e a rua Jacarezinho. Aquele trecho que passa na frente do cemitério era chamado de rua Jacarezinho. Ela terminava antes do córrego que hoje faz aquele fundo da Dez de Dezembro", esclareceu. O traçado foi planejado fazendo a ligação com a avenida que iria ligar ao aeroporto, implantado no final da década de 50.
Há 50 anos atrás, Londrina criava seu primeiro plano diretor. "Esse plano vai propor também a retirada da linha férrea do centro da cidade e a construção de uma grande avenida. Tinha-se uma concepção do zoneamento da cidade, uma concepção de sistema viário e também mantinha a proteção das áreas de fundo de vale e grandes eixos de expansão da cidade", elucidou. O primeiro plano diretor definiu de certa forma quais áreas deviam ter algum tipo de estruturação para poder expandir a cidade. Na década de 70, um segundo projeto urbanístico começou a trabalhar aspectos gerais da cidade.
Criaram-se então, os Cinco Conjuntos, e Londrina começou a se expandir para a zona norte. Com um crescimento econômico acima do usual, a mecanização no campo e a grande geada de 1975 levaram ao êxodo rural. A migração de trabalhadores do campo para a zona norte da cidade, fez a região crescer em população e em dimensão.
Já na década de 80, começou o movimento de verticalizar a cidade, começando pelo centro. A construção civil nadou de braçadas: chegou a empregar 10 mil funcionários, conforme lembrou Bergoc.
Na Gleba Palhano, a concentração de edifícios foi maior. Onde até a década de 90 eram chácaras, começa a surgir prédios cada vez mais altos com forte impulso a partir de 2000.
Uma Londrina que cresce verticalmente e horizontalmente. "Tivemos uma população muito grande que se instalou em Londrina em 10 anos. Não aparece muito porque a cidade já atingiu mais de 500 mil habitantes", destacou.