''No vasto território do Noroeste de Portugal, um manto verde e exuberante desce das serras, cobre os vales interiores, prolonga-se pelas planícies e estende-se até ao mar. (...) no horizonte mais vasto da paisagem, o verde impõe-se como a marca da identidade de toda a região''. A citação é do escritor Manuel Carvalho e, assim, fica fácil descobrir o motivo dos vinhos provindos daquela região se chamarem ''vinhos verdes''. Ainda pouco conhecida no Brasil, a bebida da região é mais leve, fresca, jovem, com baixo teor alcoólico e pouco calórica. Essas características se baseiam pelo sol, clima, uvas e formas de cultivo.
O comércio da região Noroeste daquele país está diretamente ligado à venda do vinho verde. São 34 mil hectares de plantação, com 30 mil viticultores, 92 milhões de litros produzidos anualmente e distribuído em 70 países. O clima é propício para uma boa colheita da uva. A temperatura anual é amena com períodos de chuva elevados (em média 1.200mm ao ano).
Se em outros países, sobretudo da Europa e América do Norte, os vinhos verdes são consumidos com tanta frequência quanto os de outras regiões, no Brasil eles ainda estão longe da mesa dos consumidores. O principal motivo disso é a falta de conhecimento do produto.
E para reverter essa situação, na semana passada, a Comissão de Viticultura da Região dos vinhos verdes realizou em Curitiba uma degustação das bebidas produzidas no Noroeste de Portugal. A Campanha de divulgação da bebida é co-financiada pela União Européia e já passou por Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro. Na Capital, o encontro foi realizado no Hotel Radisson e reuniu estudantes, importadores e vendedores de vinhos.
Denise Sponholz, que trabalha em uma importadora de vinhos, em Curitiba, confirma o desconhecimento desse tipo de vinho entre os brasileiros. Dos 600 rótulos disponíveis para venda, apenas cinco são do Noroeste de Portugal. ''Das poucas opções, a maioria são os vinhos brancos. O tinto quase ninguém conhece'', explica.
Além da falta de conhecimento do produto português, o baixo consumo pode também estar associado ao alto valor cobrado pelas garrafas. Se na Europa um bom vinho verde pode ser encontrado por três ou seis euros (cerca de R$ 15), no Brasil a mesma bebida é vendida por R$ 70 ou até R$ 100. Alguns dos motivos são os impostos caros cobrados no País, as taxas administrativas das importadoras e a alta margem de lucro cobrado nas lojas e restaurantes.
Vinho branco
Entre as poucas opções de vinhos verdes que habitam a mesa dos brasileiros, os brancos estão em primeiro lugar. Mas o consumo deste tipo de bebida ainda é baixo. ''No Brasil, o consumidor tem preconceito com o vinho branco. Nos países desenvolvidos o consumo é igual ao tinto. Aqui, sendo um País tropical, deveria dar mais atenção ao branco'', opina o expert Eduardo Russo, popularmente conhecido como Didú.
A verdade é que, sendo branco ou tinto, o brasileiro consome pouco vinho. Em 2008 foram vendidas 100 milhões de garrafas no País, o equivalente a uma garrafa por semana para um seleto grupo de 200 mil pessoas. Ao todo, estes consumidores gastaram R$ 1,2 bilhão no ano passado.
Em 2008, foram produzidas quase 72 mil garrafas de vinho verde. Destes, 61% foram vinhos brancos, 25% tintos e 2% rosados. Elas foram enviadas para 70 destinos diferentes. No topo da lista estão Estados Unidos, França, Alemanha, Angola e Canadá. O Brasil recebe 5% da produção. Para efeito de comparação, o País recebe 10% de toda a fabricação do vinho do Porto.
Para conhecer mais sobre os vinhos fabricados no Noroeste de Portugal, basta entrar nos sites www.vinhoverde.pt e http://rota.vinhoverde.pt.
Dicas para o consumo e armazenamento
As características da bebida fazem do vinho verde uma boa sugestão para os meses mais quentes. Por conta disso, a temperatura indicada para o consumo vai de 8 a 12ºC para os vinhos brancos, 10 a 12ºC nos rosados e 12 a 15ºC nos tintos. Se a garrafa estiver a 20ºC, serão necessárias de 2 a 3 horas na geladeira para que o vinho fique à temperatura adequada. Uma alternativa é colocar a garrafa dentro de um balde de água com gelo. O tempo cairá para apenas 20 minutos.
Manter o vinho na temperatura adequada também é importante. Assim, o balde com água e gelo se faz necessário. Mas é preciso ficar atendo para que a bebida não fique demasiadamente gelada.
As garrafas devem ser armazenadas em um local escuro, com temperatura constante, de preferência entre 12 e 14ºC. As eventuais oscilações de temperatura não devem ser superiores a 5ºC. O local deverá ter umidade inferior a 75%. As garrafas, escuras e alongadas (uma característica dos vinhos verdes) devem ficar deitadas. Todas elas possuem selo de identificação, informando que são provindas da região Noroeste de Portugal. É indicado que a bebida seja consumida ainda jovem.