Depois que a cozinha abriu-se para sala e foi alçada a espaço de convivência da casa, muita coisa mudou lá dentro. As panelas passaram a ser dotadas de tecnologia e, assim como os demais utensílios, viraram objetos de desejo. São úteis e ao mesmo tempo decoram. Até quem é do tempo do fogão a lenha e da panela de ferro se rende às cores vibrantes, aos materiais tecnológicos e ao design arrojado.
''Hoje tem muita opção. Diferente de quando eu casei, há 60 anos, que não existia nem fogão a gás. Fui cozinhar num fogão desses depois de muitos anos. Aliás, o primeiro que chegou em Londrina o meu marido comprou para mim'', conta a dona de casa Iza Kley, cozinheira de mão cheia, com quatro livros de receitas editados, que acompanhou a reportagem da FOLHA numa visita a uma loja do gênero em Londrina.
Experiente na cozinha, Iza conserva alguns utensílios do passado, mas está sempre se atualizando. Apesar de adepta às novidades, é cautelosa. ''Tem muita panela que é bonita, mas nem todas são boas'', destaca. Ela não recomenda, por exemplo, as panelas de vidro. ''Tenho, mas não uso. São bem bonitas para ir à mesa só que gruda tudo no fundo, você precisa cuidar muito'', diz.
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Em relação às panelas de ferro e de alumínio, Iza só tem elogios. ''Tenho uma de alumínio que ganhei de casamento e até hoje eu uso para fazer doce. Ainda está ótima'', lembra. Ela também destaca as opções revestidas de teflon, que hoje imperam no mercado, mas diz que é preciso escolher bem. ''Tem que ser teflon daquele bom, senão sai tudo com o tempo. Não vou atrás de marca, mas verifico a qualidade''.
Na visita à loja, Iza se encanta por um pirex revestido de teflon, próprio para ir ao forno. ''Ainda não conhecia, parece ser muito prático. Antigamente, havia muita coisa de vidro na cozinha, mas nada podia ir ao forno'', observa. No mesmo setor, também chama atenção um recipiente de vidro que vem com tampa e uma mochila térmica. É ideal para transportar sobremesas e assados com segurança, diz a vendedora.
Isa vê uma espagueteira moderna e acha parecida com a que tem em casa. ''Tenho já faz um tempo, é essencial numa cozinha. Uso para escorrer macarrão e também para fazer legumes no vapor'', conta. Além da tradicional, a loja oferece uma espagueteira de uma peça só. Para escorrer, é só virar a panela, que traz tampa e formato diferenciados e travas nas alças.
Na seção dos utensílios, a dona de casa não se surpreende com a grande quantidade de peças em silicone. Todas bem coloridas. ''Tenho várias em casa. Depois que ouvi dizer que a colher de pau acumula bactérias, troquei tudo por silicone. São higiênicas e práticas'', recomenda.
Se depender das novidades do mercado, ninguém mais corre o risco de se queimar na cozinha. Além de muitas panelas já serem dotadas de cabos que não conduzem o calor, há várias opções de luvas e protetores de cabos e alças de panelas. Tudo em silicone.
Também nesse material, uma novidade chama a atenção: um lavador de arroz bem moderno e flexível, que abre e fecha, não tomando espaço na cozinha. Bem prático. Como pede a cozinha moderna.
Peças retrô, como as panelas esmaltadas, fazem Iza voltar no tempo. ''Usava muito isso antigamente. Só que as panelas eram mais na cor branca mesmo e não tinham muitos detalhes'', observa.
Panelas com tecnologia e objetos emborrachados
‘Tudo que se usa hoje na cozinha vira também objeto de decoração. Aí entram muitas cores e design diferen-ciado’, diz Paulo Lara Neto, consultor de marketing especializado no mercado de mesa posta, que presta atendimento para a rede Camicado. Ele informa que os produtos para cozinha hoje priorizam modernidade e design.
Segundo o consultor, as panelas são cada vez mais valorizadas e dotadas de tecnologia. ‘A maioria traz fundo triplo, que propicia melhor distribuição do calor. Isso garante peso às panelas, que antigamente eram bem mais leves’, afirma. Ele diz que algumas também trazem camada tripla nas laterais.
Como segurança, os cabos são feitos de materiais que não conduzem o calor. Muitos fabricantes, conforme Lara Neto, investem nas panelas esmaltadas, usadas há 30, 40 anos atrás. Porém, com cores modernas.
Segundo o consultor, entre os objetos destacam-se os materiais plásticos e emborrachados. O silicone é a bola da vez. ‘Vai bem em qualquer panela porque não oferece nenhum tipo de dano’, repara. Dessa forma, saem de cena as colheres de pau, levando em conta que tais objetos podem reter bactérias com o tempo de uso.
Edson Coutinho, coordenador de tendências da rede Tok&Stok, destaca que as coleções atuais atendem tanto a quem cozinha no cotidiano quanto aos que se iniciam na aventura da cozinha por prazer. ‘A cozinha se transforma em ambiente para receber. Os acessórios se sofisticam para atender não só o chef de plantão, mas os convidados que chegam para ajudar no preparo’, diz.
Segundo Coutinho, o inox aparece não somente pelos seus aspectos utilitários, mas também como ícone de modernidade. Os plásticos também retornam em versões mais elaboradas, que levam em conta a estética, a durabilidade e a performance.
Nas panelas, segundo o coordenador, as tendências são o preto, as cores metalizadas e as cores fortes. ‘Há cinco anos, a coqueluche era a espagueteira, sucesso de praticidade e vendas até hoje. Depois vieram a cozivapor e as woks para os gourmets de plantão. Hoje busca-se modelos menores e com cores para a elaboração de pratos diversos em uma única refeição’, analisa Coutinho.
O que não cai de moda na cozinha? A panela de pressão, que pouco mudou ao longo das gerações e continua a oferecer rapidez e praticidade no preparo.