Celso Ishiy, um dos poucos especialistas da bebida no Brasil, trouxe as técnicas para a harmonização do tradicional saquê com a culinária internacional. A intenção é popularizar a bebida no País.
Bastou um mês para que o somelier de saquês, Celso Ishiy voltasse de Tóquio, no Japão, para decifrar a difícil arte de harmonizar os diversos tipos de saquês com a culinária internacional.
Com apenas 27 anos, Celso Ishiy, da importadora Tradbras, pertence a uma família de samurais e é profundo conhecedor do maravilhoso mundo dos saquês, considerado dos deuses pela comunidade nipônica. Dentre suas inúmeras viagens pelo Japão, Celso vem ao longo dos anos aprimorando seus conhecimentos na arte da bebida.
No mês passado, o jovem participaU de um curso disputadíssimo na Associação dos Fabricantes de Saquê do Japão. Trouxe na bagagem está a arte de harmonizar os pratos da culinária internacional com os diversos tipos de saquê. "O saquê é como o vinho, quando achamos que já se aprendeu tudo sobre a bebida, sempre há algo para aprender", diz o especialista.
Celso tem a difícil e persistente tarefa de tornar a bebida mais popular entre os brasileiros. "Hoje ouvimos pessoas pedirem tequila, uísque, vodka nos restaurantes e baladas, mas ainda acreditam que saborear um saquê puro é apenas no restaurante japonês", explica Celso.
"Com esse curso, posso transmitir aos brasileiros a cultura do povo japonês em consumir saquê e ensinar outras maneiras de apreciar a bebida, não somente com as frutas, como já é comum entre a maioria", explica Ishiy.
De volta ao Brasil, Celso trouxe dicas para harmonizar nossa famosa feijoada com o saquê da categoria Extra Dry, um saquê considerado Premium, o mais seco da linha e do tipo junmai - sem acréscimo de álcool destilado etílico - de sabor refrescante. "Como o sabor da feijoada é forte, há a necessidade de harmonizar com um saquê de sabor marcante, como o Extra Dry que tem uma finalização penetrante", explica Celso.
A culinária italiana, também muito apreciada pelos brasileiros, ganha toques nipônicos com a harmonização do saquê. Ao contrário que se pode imaginar, o saquê é bem-vindo para a degustação de massas. O Junmai Ginjo, um saquê super "Premium", fermentado em temperaturas menores que os demais, tem um sabor e aroma mais complexos. Um saquê encorpado e maduro, com sabor levemente doce e com finalização macia. Nuances alegres e refrescantes, com frescura e vivacidade. "O Junmai Ginjo tem sabor adocicado, o que diminui a acidez dos molhos. Apresenta aromas suaves com um pouco de flores e frutas", finaliza o jovem especialista.