Consumidores que costumam comer fora de casa podem preparar o bolso: o cardápio de grande parte dos restaurantes e lanchonetes de Londrina deve trazer cifras maiores a partir do mês que vem. O Sindicato dos Hotéis, Bares, Restaurantes e Similares de Londrina (SindHotel) pede compreensão aos clientes, alegando que até agora o setor tem feito ''milagres'' para segurar os preços.
Diversos ítens essenciais na cozinha desses estabelecimentos tiveram altas expressivas nos últimos meses, como arroz, feijão, trigo, leite, óleo de soja, tomate e carne bovina. Junte-se a isso o aumento do preço do óleo diesel e o reajuste anual dos funcionários do setor, repassado na folha de pagamento de maio. ''A gente trabalha com o cinto apertado, fazendo uma economia de guerra para não agredir a clientela, mas agora não vejo outra alternativa senão aumentar os preços'', admite o presidente do SindHotel, Alzir Bocchi.
Ele avisa que um reajuste de 6% a 10% deve ser praticado no mês que vem, atingindo desde lanchonetes até grandes restaurantes, churrascarias e pizzarias. ''O óleo de soja, que era comprado até por R$ 2,00 a lata, está saindo R$ 3,20. O tomate subiu violentamente. São produtos que se usa em larga escala em qualquer estabelecimento'', observa. Além disso, Bocchi ressalta que os 6,5 mil funcionários diretos do setor (dados do SindHotel) terão os salários reajustados em 5% já no próximo pagamento.
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O gerente do Restaurante La Vichenza, Jorge Buselatto, afirma que a casa tem sacrificado a margem de lucro para evitar aumentos, mas acredita que será necessário reajustar os valores dos pratos em até 10% a partir de junho. ''Faz mais de um ano que não mexemos nos preços. Quando a matéria-prima sobe por sazonalidade, como é o caso da cebola atualmente, nós seguramos o aumento. Mas estamos percebendo que está difícil haver retrocesso no preço de alguns produtos'', assinala.
Entre os atuais vilões da ''cesta básica'' dos restaurantes, Buselatto destaca a farinha, o arroz e a mussarela. O queijo, segundo ele, era adquirido por R$ 7,80/kg há um mês e agora não sai por menos de R$ 9,20/kg. ''Geralmente a alta da mussarela acontece no inverno, mas o frio mal começou e o preço já estourou. Dizem que ainda pode chegar a R$ 10,80/kg'', avalia. Mesmo assim, o administrador diz que o restaurante tem feito o possível para não mudar os valores no menu. ''O cidadão vai fazer as compras para casa e já encontra tudo mais caro. Se subirmos demais, ele desiste de comer fora.''
Com o aumento da carne bovina, a palavra de ordem nas churrascarias também é ''sacrifício'' para evitar aumentos. O gerente da churrascaria Vento Sul diz que a casa está tentando conter gastos e buscando valores mais baixos entre os fornecedores, mas pondera que toda a cadeia está sendo atingida pela inflação. ''Os frigoríficos estão tentando brigar com a gente por preços mais baixos, mas todos os cortes de carne estão subindo'', sublinha. De acordo com ele, para manter a mínima margem de lucro seria necessário elevar o preço do rodízio em até R$ 2,00. ''Acredito que, no máximo em dois meses, teremos que aumentar os valores'', antecipa.
Segundo a Associação das Churrascarias do Estado de São Paulo (Achuesp), os preços dos rodízios de carnes, que subiram 4%, em média, no mês de abril, deverão aumentar de 6% a 10% em junho. A entidade aponta que, nos últimos dez meses, o preço da arroba do boi subiu 32% e o das carnes argentinas, 50%. O valor do carvão também sofreu um acréscimo de 20%.
O gerente da churrascaria Rancho Grill, João Batista Barros, diz que não sabe até quando conseguirá bancar o alto custo dos insumos. ''Só estou segurando porque era uma estratégia que nós tínhamos (oferecer preços baixos) e queremos manter. Mas está complicado'', desabafa. De acordo com ele, fora das grandes metrópoles é mais difícil repassar aumentos para os clientes de restaurantes. ''Você não tem aquele fluxo de 500 pessoas por dia. Tem de segurar a clientela a todo custo'', sublinha.
Acostumado a comer em restaurantes pelo menos três vezes por semana, o vendedor autônomo Nilton Roberto Moraes, 38 anos, diz que já notou aumento de 10% em alguns locais. Se os preços subirem mais, ele afirma que terá de repensar os hábitos. ''Vou ter que comer em casa, para não pesar demais no orçamento'', diz. Já o enfermeiro Djalma Fernandes, 43 anos, admite que será impossível fugir do impacto de possíveis reajustes. ''Uma das únicas coisas que aumentam, e mesmo assim a gente não pode evitar pagar, é a comida. Mas fica pesado porque o reajuste do salário nunca acompanha'', lamenta.