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Pouca idade e muito talento na cozinha

31 dez 1969 às 21:33

Que a cozinha também é lugar de criança, isso ninguém mais discute – desde que supervisionada por um adulto. Em volta da mesa e da pia e relativamente longe de um fogão, a molecada aprende a ser mais organizada, participativa, compreende noções de matemática e química e treina leitura. Tudo de uma maneira bem divertida.

Mas algumas vezes, o que era só uma diversão vira um hobby. Pedro Guedes Brito Miele, de 11 anos, entrou na cozinha atraído pelo cheiro e sabor delicioso dos bolos e massas que a avó paterna, Diles Spagnollo Miele, prepara. Passou a freqüentar com mais interesse a cozinha da casa da família e hoje é responsável pela sobremesa de final de semana.


A especialidade do menino é dois tipos de bolo, de Maçã e de Mexerica. ‘Nas sextas-feiras à tarde, que eu estou mais folgado, faço as sobremesas’, conta Pedro, que é devidamente assessorado pela funcionária da casa, Claudete Bento.


Aos ensinamentos da avó – ‘ela é ótima cozinheira’, elogia o garoto – somaram-se quatro livros de culinária que Pedro explora com muita dedicação. São eles: ‘O Livro de Receitas do Menino Maluquinho’ (Editora Melhoramentos), ‘Juju na Cozinha do Carlota’ (Editora Caramelo), ‘Dona Benta para Crianças – com a Turma do Sítio do Pica Pau Amarelo’ (Editora Globo), ‘Come Come – Pais e Filhos na Cozinha’ (Jorge Zahar Editor).


'‘Come Come – Pais e Filhos na Cozinha’ foi o primeiro livro da coleção de Pedro, aluno da 5ªsérie do Colégio Anjo da Guarda, de Curitiba. ‘Cada receita tem uma história’, conta o ‘chef’, revelando o seu lado curioso e estudioso. Cozinhar para ele é um prazer que faz questão de dividir com a família e os amigos. ‘Os bolos que eu faço não têm leite. Porque eu tenho um amigo que é alérgico a leite’, explica.


Para Pedro, cozinhar não é apenas diversão e preparar doces gostosos. Ele se preocupa em fazer receitas saudáveis. Provavelmente um hábito que herdou da mãe, a produtora Shirley Ethel Guedes Brito, que foi vegetariana e educou os filhos com uma alimentação regada a verdura, frutas e poucos doces e refrigerantes. Pedro tem três irmãos mais velhos, de 23, 25 e 27 anos.


Os irmãos, aliás, são fãs dos bolos que o menino faz. Assim como a mãe e o pai, o jornalista Umberto Luis Miele. Porém, com a ajuda da avó Diles, o garoto já está procurando aprender pratos mais complicados, como capeletti e nhoque. Ele até se arriscou no mundo das trufas, mas confessa que a experiência não foi tão bem sucedida. ‘É complicado. Tem que ficar mais de 24 horas na geladeira. Além disso, faz muita bagunça’, lamenta o garoto que não foge da responsabilidade e ajuda a limpar depois a cozinha.


Além da avó, outras pessoas contribuíram para incentivar as habilidades culinárias do menino. A mãe de Pedro diz que gosta de cozinhar e sempre procurou incrementar os pratos vegetarianos que preparava em casa para deixá-los, no mínimo, atraentes. A família ainda tem duas grandes amigas que trabalham como chefes de cozinha, uma em Curitiba e outra no Rio de Janeiro – pessoas que não perdem oportunidade de ensinar truques e novas receitas para o menino.

Durante a entrevista, quando surge a pergunta óbvia se ele quer ser chefe de cozinha quando crescer, a resposta não é a esperada. ‘Talvez eu seja um chefe de cozinha. Mas eu gostaria de fazer uma outra coisa, como arquitetura ou design’, avalia.


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