Para estimular a vitivinicultura e tornar o Estado uma referência na produção e industrialização da uva americana, o governo paranaense lançou o projeto "Consolidação da Uva Rústica como Negócio da Agricultura Familiar no Paraná", que prevê a isenção do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) aos produtores de vinhos e derivados, cujas uvas são cultivadas no Paraná. O objetivo é fomentar o mercado vinícola, atraindo investimentos ao Estado, melhorar a renda das famílias que vivem da agricultura e estimular a economia de municípios rurais.
O projeto atraiu o interesse da maior indústria de vinhos de mesa do Brasil e mais importante empresa do segmento no Paraná, a Vinícola Campo Largo, que já iniciou o plantio em uma área de 10 hectares, o equivalente a 16 campos de futebol, na região metropolitana de Curitiba. A Vinícola está investindo R$ 400 mil na aquisição de mudas certificadas e na orientação de famílias que irão cultivar as uvas, com o acompanhamento de um agrônomo. Além disso, injetou cerca de R$ 4,5 milhões na fábrica em Campo Largo, direcionados à produção e engarrafamento. Por ser um mercado em expansão no Brasil, com a colheita deste ano no Paraná a empresa irá produzir o suco de uva, totalmente natural sem adição de água, açúcar e conservantes. "Neste primeiro momento está sendo cultivada a variedade bordo que será destinada à composição dos sucos, um produto saudável que possui os mesmos benefícios do vinho. Juntamente com a Universidade Federal do Paraná estão sendo testadas, em uma área de 0.5 hectare em Campo Largo, outras variedades como a uva moscato, matéria-prima para os espumantes", afirma Giorgeo Zanolorenzi, diretor-presidente da Vinícola. Um dos espumantes que poderá ser produzido no Paraná é o Baccio Espumante Moscatel 2007, que recebeu a medalha de ouro no Concurso Vinoforum 2007, realizado na República Tcheca, bem como outras premiações internacionais em países como França, Grécia, Canadá e Inglaterra.
Produção concentrada
Segundo dados da Emater, o projeto vai atingir cerca de 5 mil agricultores, gerar uma produtividade de mais de 20 milhões kg/ano de uva e injetar R$ 25 milhões anuais nas economias locais. Além de colaborar com a melhoria quantitativa em comunidades rurais, o programa proporciona o assentamento de famílias, estimulando a qualidade de vida. Segundo Zanlorenzi, a Vinícola Campo Largo encabeça a lista de empresas vinculadas ao programa porque visualiza condições perenes no plantio de uva americana no Paraná. "São 1,2 mil famílias que prestam serviços à Vinícola na serra gaúcha, com o plantio de uvas. Em todo o Rio Grande do Sul, o estado maior produtor de uva do Brasil, cerca de 100 mil famílias trabalham diretamente com a vitivinicultura. É um mercado crescente e com condições de obter altos faturamentos no Paraná", explica.
Os gaúchos concentram 90% da produção vinícola brasileira, em 2008, a quantidade de uvas adquiridas da região foi de mais de 630 milhões de kg, conforme os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin). O projeto paranaense pretende oferecer uma alternativa à altura da qualidade dos vinhos e derivados produzidos a partir das uvas da serra gaúcha.
Envolvida com os estudos e investimentos no projeto desde junho do ano passado, a Vinícola Campo Largo também pretende estimular o consumo local do suco de uva natural, produto que responde por 2% do faturamento da empresa e com projeção de atingir 8% nos próximos três anos. Em 2008, a Vinícola produziu 20 milhões de litros de vinhos e derivados e teve um crescimento de 8% nas vendas.
O projeto "Consolidação da Uva Rústica como Negócio da Agricultura Familiar no Paraná" tem o apoio da Secretaria da Agricultura Familiar (SAF), do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), das Prefeituras Municipais, Embrapa Uva e Vinho e Florestas, SEAB, Fundação Terra e é coordenado pela Emater.