Uma pesquisa global encomendada pela ONG britânica Oxfam revela que as massas são o alimento número 1 numa lista dos mais apreciados em todo o mundo.
O levantamento, feito pela consultoria GlobeScan, ouviu mais de 16 mil pessoas em 17 países, entre eles o Brasil. Em cada um deles, as pessoas falaram que tipo de comida preferem.
A pesquisa aponta que, além de serem populares em países europeus, as massas em geral também são muito procuradas em países como Filipinas, Guatemala e África do Sul, de cultura tão díspares.
Depois das massas, a maioria dos ouvidos colocou "carne" como a sua segunda maior preferência. A seguir vem arroz, pizza, frango, peixes e frutos do mar, vegetais, pratos chineses em geral, pratos italianos e pratos mexicanos.
No Brasil, a lasanha ficou em primeiro na preferência dos entrevistados, deixando em segundo pratos feitos com arroz, como os risotos.
Pizza e sushi
A pesquisa mostra que a culinária ocidental já é popular na maior parte do mundo, mas pratos da culinária local ainda são muito apreciados.
Em mais da metade (nove) dos países pesquisados, as pizzas e massas aparecem como um dos três pratos favoritos dos entrevistados. Uma exceção foram os países africanos, em que pratos tradicionais foram frequentemente citados.
Pratos típicos de países orientais também foram lembrados em países ocidentais. Os mexicanos, por exemplo, colocaram em segundo lugar os pratos da culinária chinesa. Já o sushi japonês foi citado entre os dez pratos favoritos de Rússia, Brasil, México, Estados Unidos e África do Sul.
Apenas os australianos colocaram um doce, o chocolate, no topo de sua lista de alimentos favoritos.
Versatilidade
As vendas de massas no mundo aumentaram de US$ 13 bilhões (cerca de R$ 20,5 bilhões) em 2003 para US$ 16 bilhões em 2010 e, segundo o instituto de análise mercadológica Datamonitor, deverão chegar a US$ 19 bilhões até 2015.
Sem nenhuma surpresa, a Itália é o maior consumidor mundial. O país que consagrou a criação consome 26 kg de massas por pessoa por ano, de acordo com a Organização Internacional das Massas. O segundo colocado, a Venezuela, consome menos da metade (12 kg)
De acordo com Jim Winship, da Associação de Pizza, Pasta e Comida Italiana, na Grã-Bretanha, as massas se tornaram populares porque são baratas e versáteis.
"Você pode criar muitos pratos diferentes com elas. Tem gosto bom e satisfaz. (As massas) também têm uma vida longa na prateleira, é possível mantê-las na despensa até se precisar de uma refeição."
O especialista John Dickie, professor de Estudos Italianos na Universidade de Londres e autor do livro Delizia! Uma história dos italianos e sua comida, diz que estas características fizeram com que as massas também tenham sejam populares na indústria.
"É fácil de transportar e dura bastante. Isso é um dos fatores que contribuíram para o sucesso. Elas têm genes comerciais."
Segundo os pesquisadores, as massas sempre tiveram um aspecto global, já que suas origens não são puramente italianas. Gregos e romanos já tinham alimentos similares, mas que eram assados, e não cozidos.
A China antiga fazia pratos com massas, mas é um mito que o explorador veneziano Marco Polo tenha voltado à Itália com a receita em 1295. A teoria mais aceita hoje é a de que as invasões árabes do século oito tenham levado para a Sicília, no sul da Itália, um produto seco similar ao talharim.
Este primeiro tipo de pasta era feito com farinha de trigo da espécie Triticum durum - o chamado trigo duro - variedade na qual a região se especializou. Atualmente só é permitido fazer massas secas com este tipo de trigo na Itália.
Receita nacional
De acordo com o professor Dickie, apesar de serem consideradas uma refeição barata hoje, as massas já foram privilégio dos ricos. "Elas já foram associadas ao prestígio, as pessoas compravam votos com massa", diz.
A imigração italiana para países da América do Norte, Central e do Sul no século 20 fez com que o prato ficasse conhecido em todo o mundo como uma receita nacional italiana.
O cozinheiro e proprietário de restaurantes italianos Antonio Carluccio, que mora em Londres, diz que, fora da Itália, o tipo de massa mais comum é o espaguete. Mas, na Itália, há 600 tipos e formas diferentes de massas, e cada região a prepara de maneira distinta. "É gostoso com um bom molho, mas deve ser só levemente coberto com ele, senão você perde o gosto da massa", explica.