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De olho na Páscoa: saiba como trabalhar com chocolate

31 dez 1969 às 21:33

O Carnaval ainda está a todo vapor, mas os supermercados já estão lotados com todos os tipos e formas de chocolates: são barras, ovos, coelhos, bombons, trufas... delícias que fazem qualquer um perder a linha e se entregar ao 'prazer' de degustar essa irresistível tentação.

Em meio a tanta oferta, há quem prefira os chocolates artesanais. Outros fazem dessa época uma oportunidade para ganhar dinheiro extra com a venda dos produtos à base de chocolate. Se este é o seu caso, a primeira dica é lembrar que o sucesso de qualquer trabalho depende de um certo conhecimento prévio. Com o chocolate não é diferente. Mesmo que sua produção seja doméstica, vale a pena seguir algumas regras. Veja quais são elas e garanta o sucesso de público e, se for o caso, de vendas!


Evite o desperdício


Trabalhe sobre papel manteiga. Recolha as rebarbas e aparas que, junto com peças imperfeitas, devem ser reaproveitadas em crocantes ou recheios de bombons.


Luvas, touca e avental


É mais higiênico trabalhar com luvas descartáveis, que também evitam indesejáveis "impressões digitais" causadas pelo calor das mãos. Com os cabelos presos dentro da touca ou rede e o uso do avental, você evita qualquer tipo de contaminação e a conseqüente deterioração do produto.


Calor do ambiente


O ideal é trabalhar em ambientes refrigerados por ar condicionado. Na impossibilidade de fazer esse investimento, não cozinhe enquanto está lidando com o chocolate. Além de aquecer o ambiente, vai enchê-lo de vapor. A melhor solução é trabalhar à noite, quando a temperatura é mais baixa.


Dê exclusividade ao chocolate


Não faça outras coisas enquanto trabalha com o chocolate. Ele exige vigilância constante para não passar o tempo ideal de derretimento, secagem e endurecimento.


Temperagem


É o nome técnico do processo de derretimento e resfriamento do chocolate nobre (inclusive o diet), antes dele ser empregado. O derretimento adequado é feito a 42°C. Em seguida é feito um resfriamento gradual, até ele ficar frio (29°C a28°C), para garantir a estabilidade do produto e a facilidade de manuseio. Use um termômetro culinário para fazer essa conferência.


A temperagem deve ser feita sempre que os produtos forem feitos com chocolate nobre e diet.


Chocolate nobre


É aquele que contém alto percentual de manteiga de cacau em sua composição. É o único chocolate verdadeiro. Para garantir a facilidade de manuseio, brilho e uma textura que o faça derreter na boca, o chocolate deve passar pela temperagem antes do emprego.


Hidrogenados (cobertura)


Os hidrogenados levam o título de cobertura. São aqueles onde a manteiga de cacau foi substituída por óleo extraído da soja e, portanto, não é considerado um chocolate nobre. Custa mais barato, é mais fácil de trabalhar, pois dispensa o resfriamento. Encontrado nas mesmas versões do chocolate nobre (ao leite, meio amargo, branco e colorido), é ideal para a decoração em geral. Geralmente é empregado em produções de grande escala, diminuindo os custos. Porém, a qualidade final fica comprometida quando comparada a chocolates nobres, pois ele é inferior em sabor e em textura. Ele é encontrado em barra ou pastilhas.


Fracionados (cobertura)


Como os hidrogenados, também são coberturas. A diferença entre eles é que os fracionados são feitos com gordura extraída de um coco denominado palmisde que, segundo o fabricante da Siber, acentua mais o sabor do chocolate e melhora a sua textura. De brilho acentuado, dispensa o choque térmico (temperagem).


Chocolate Dietético


Também chamado diet, ele é formulado para atender a certos tipos de patologia como, por exemplo, o diabetes. O termo light é para alimentos que apresentam redução de, pelo menos, 25% do valor calórico total. Entre o chocolate normal e o diet, a diferença de calorias é muito pequena, apenas 16 kcal. Por isso, o chocolate diet não é adequado para regimes de emagrecimento mas sim para atender a quem não pode consumir açúcar refinado, como é o caso dos diabéticos.


Secagem do Chocolate


Deve ser feita gradualmente, sempre em geladeira. Nunca use o freezer pois o shoque térmico que ele provoca faz a fôrma suar e essa umidade vai comprometer o produto.


Chocolate que sua


É aquele que ficou mais tempo que o necessário dentro da geladeira. Depois de seco, ele ficará manchado.


Limpeza das fôrmas


Limpe as fôrmas com um pano seco e macio entre uma modelagem e outra. Lave-as com água morna e sabão neutro somente ao final do trabalho para evitar que o chocolate entre em contato com umidade.


Tempo de execução


É aquele que se leva para produzir o produto. Nas matérias não levamos em conta o tempo de temperagem do chocolate.


Calculando o peso final


Ovos de Páscoa: Escolha a fôrma correspondente ao peso desejado. Por Exemplo: em uma fôrma de ½ kg, aplique duas ou três camadas de chocolate em cada metade. Essas camadas devem somar 400g, aproximadamente . Complete os 100 g restantes com os bombons do recheio.


Embalagem


Antes de embalar os produtos, aguarde, no mínimo, oito horas. Mantenha-os sobre papel manteiga em lugar fresco, livres de luz, calor, umidade e odores.


Materiais


Chocolates - Em barras de 1 kg, você vai encontrar o chocolate nobre, e as coberturas (hidrogenado e fracionado) nas versões branco, ao leite e meio amargo. O hidrogenado também apresenta na forma de gotas. Já o chocolate dietético é vendido em barras de 500 gramas.


Banho-maria - A panela, própria para banho-maria, deve ser usada exclusivamente para derreter chocolate. Não tendo a panela específica e precisar improvisar, não permita que o recipiente interno entre em contato com a água.


Placas e faca serrilhada - De material plástico ou de madeira, as placas servem como suporte para o chocolate que será cortado com faca serrilhada para ser derretido em banho-maria. Estes materiais são desnecessários para as outras técnicas de derretimento.


Derretedeira elétrica - A menor delas tem capacidade para 2 litros e,a maior, para 15 litros de chocolate. Acima disso elas são feitas sob encomenda. Algumas delas, como a de 7 litros, possuem divisões internas que permitem derreter simultaneamente dois tipos de chocolate. As cubas seguem o padrão culinário, de modo que elas possam ser substituídas de acordo com a necessidade. Como a temperatura ideal é mantida automaticamente, esta é a forma mais segura de derretimento. Ao parar a produção, o chocolate que sobrar não precisa ser retirado. Basta ligar a derretedeira quando for retomar o trabalho.


Fôrmas - As mais comuns são as de PVC. Próprias para modelar ovos de Páscoa, bombons, pirulitos e muitos outros produtos, têm modelos e tamanhos variados.


Tigelas - De vidro ou refratárias, elas serão utilizadas em vários tamanhos durante todo o trabalho.


Faca lisa: para cortar aparas, raspar a superfície das fôrmas e eliminar o excesso de chocolate.


Pão Duro: sempre que for mexer ou misturar o chocolate.


Espátula de metal ou plástico: empregada na técnica de resfriamento do chocolate sobre pedra.


Saco de confeitar: para a decoração com glacês ou para aplicar recheios em bombons.


Pincel: para criar efeitos como a mescla.


Termômetro: para conferir a temperatura ideal de derretimento e de resfriamento.


Balança: garante quantidades certas para cada trabalho, evitando desperdícios.


Grãos, cereais e frutas secas


Nozes, avelãs, amêndoas, pistache, castanha do Pará, castanha de caju (triturados, inteiros ou em lascas), granola e sucrilhos serão empregados tanto na decoração como misturados ao chocolate para produzir os Crocantes.


Frutas frescas e desidratadas


Frescas: podem ser empregadas como recheio ou apenas banhadas no chocolate. Mas fique atenta para o prazo de validade. Geralmente, elas devem ser consumidas no mesmo dia.


Desidratadas: aquelas que são desidratadas sem adição de açúcar podem ser parcialmente banhadas em chocolate dietético para atender a quem não pode consumir açúcar refinado, como é o caso dos diabéticos.


Recuperação do Chocolate


O chocolate fica espesso e com grumos quando é derretido em temperatura acima da ideal. A recuperação até é possível mas seu sabor e textura sofrerão uma certa alteração. Por isso, é melhor associá-lo a recheios. Evite empregá-lo puro. Para recuperar esse tipo de chocolate, com ele ainda quente, adicione, aos poucos, óleo de milho, vá misturando até obter uma textura parecida com a do chocolate normal.

*Material enviado pelo Chef Yoel Ber, de Israel, para o Gastronomia Brasil


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