Azeites espanhóis, portugueses, italianos, entre outros. A valorização do dólar ou mesmo a abertura do mercado brasileiro aos produtos importados aumentaram as opções do consumidor para o bom e saudável azeite de oliva. A diversidade de marcas e preços, entretanto, às vezes acaba por confundir o consumidor leigo que muitas vezes coloca valor do produto como único critério de compra. Com isso, perde no quesito qualidade.
Este critério, inclusive, tem sido alvo de reclamações dos leitores da Folha de Londrina em sua seção de Cartas - especialmente o extravirgem. Um deles é o advogado José Carlos Farina, de Rolândia, que adquiriu o hábito de consumir o azeite quando era criança e o mercado oferecia poucas alternativas de marcas. Hoje ele reconhece que a variedade é bem maior, o que nem sempre se traduz em benefício.
Farina conta que as duas últimas experiências na compra de azeite extravirgem deixaram muito a desejar. ''A embalagem era quadradinha, bonitinha, mas cadê o gosto do azeite? Não tinha gosto nem de óleo de soja'', reclama.
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O advogado diz que os produtos foram comprados por sua esposa, que observou o rótulo para comprar o tipo extravirgem. Ele cita que o grau de acidez de um produto era 0,5% e outro de 0,7%, destacando que não houve engano na hora da compra.
Ele afirma também que já experimentou a versão composta, aquela que tem entre 10 e 15% de oliva e o restante é óleo de soja e, apesar da pequena proporção, era possível sentir o sabor da oliva. ''O azeite composto que comprei há mais de um ano era bem melhor que os dois extravirgem; o preço era bom, mas fiquei com a sensação de comprar gato por lebre'', afirma.
A maior parte dos azeites extravirgem que abastecem o mercado brasileiro é importada da Grécia, Portugal e Espanha, e a população não conhece a maioria das marcas expostas nas gôndolas. Para o advogado a grande variedade, aliada à falta de informação, confunde o consumidor. ''Às vezes é ruim porque você vai experimentar uma marca ou outra por causa das ofertas, e acontece o que aconteceu comigo, ou seja, cai do cavalo''.
Farina diz não saber identificar a origem do problema, ''se é má fé ou falta de controle de qualidade'', mas sugere que os órgãos competentes fiscalizem com maior rigor a importação desse tipo de produto. Enquanto isto não acontece, ele e a esposa decidiram suspender as novas experiências com azeites extravirgem. ''Voltamos a consumir uma marca tradicional, a que meus pais consumiam e que continua muito boa''.
Teor de acidez determina padrão
A nutricionista Clísia Mara Carreira considera importante a grande variedade de azeite disponível no mercado o que, segundo ela, aumenta a concorrência e torna o produto mais acessível ao consumidor. Ela explica que os azeites são classificados em três tipos e que a diferença entre um e outro está no grau de acidez. ‘Quanto menor a acidez, melhor o produto que você está levando para casa, com melhor sabor e mais propriedades nutricionais’, afirma.
A classificação do azeite é a mesma no mundo inteiro e é regulamentada pelo Conselho Internacional de Azeite de Oliva. A acidez pode ser afetada tanto pela qualidade das azeitonas quanto pelas técnicas de colheita. ‘Se o fruto for colhido ainda verde, vai gerar um produto de coloração esverdeada, com uma acidez menor. E se a azeitona passou um pouco da colheita e estiver meio madura, vai gerar um produto mais amarelado e com um sabor mais acentuado também’, explica.
Segundo ela, as azeitonas são prensadas em um processo a frio para extração do azeite, o que acontece sem interferência de calor e de produtos químicos. O primeiro tipo é o extravirgem, que tem acidez de até 0,8%. ‘Este processo é bem interessante porque você consegue preservar todos os nutrientes do óleo. Quanto mais rápido obtém-se o azeite, mais saudável ele será’, afirma. O azeite virgem, considerado secundário, também é puro, só que demora um pouco mais para ser produzido e tem acidez entre 0,8 e 2%. O terceiro tipo é o azeite comum, que se oxidou durante o processo de prensagem.
Clísia não recomenda a compra do azeite composto, cuja composição possui entre 10 e 15% de azeite de oliva e o restante de óleo de soja. ‘Essa mistura não traz nenhum benefício a mais para a saúde, mas o custo é bem maior. Por isso, compensa usar o óleo de soja para cozinhar e deixar o extravirgem para o preparo de molhos e saladas’.
Outra dúvida frequente dos consumidores é se o azeite de oliva pode ou não ser usado em frituras. A nutricionista responde que sim, mas não recomenda porque o azeite, quando aquecido, perde as substâncias antioxidantes que protegem o coração.
Nutricionista sugere rodízio de produtos
O mercado oferece também uma grande variedade de óleos próprios para se cozinhar e, entre eles, há um que se destaca na opinião da nutricionista Clísia Mara Carreira. ‘O óleo de canola é o mais indicado porque tem ômega 3 e ômega 6, que são substâncias que protegem o nosso coração, a nossa saúde’.
Ela reconhece, entretanto, que o óleo de canola é bem mais caro que o óleo de soja, um produto que tem as suas vantagens. ‘O óleo de soja tem em sua constituição a gordura monusaturada, que é benéfica para a saúde, desde que em pequenas quantidades. É o óleo preferido por causa do custo’.
Para haver um equilíbrio em termos de saúde e não pesar muito no bolso, a nutricionista sugere que a dona de casa faça um revezamento entre os óleos: soja, canola, girassol e o de milho. ‘Com o rodízio vamos conseguir um pouco mais de qualidade na nossa alimentação, sem pesar tanto no bolso’, diz Clísia.