Amigos, bebidas, som alto ou conversa delicada. De repente, bate aquela fome. A pedida é batata frita. Certo? Errado. Há muito tempo que o tubérculo mergulhado em azeite quente deixou de ser a única opção para matar aquela fome repentina que aparece depois de muita conversa. O ideal é que o ambiente possa oferecer boas opções de gastronomia no mesmo local em que oferece diversão. O Era Só o que Faltava, bar e casa de shows em Curitiba, é um dos vários espaços da cidade que já seguem essa premissa.
O chef da casa, Flávio Fernandes de Oliveira, o Fardado, conta que procurou atender a todos os gostos na hora de montar o cardápio, sem deixar de levar em conta opções saudáveis. ''O ideal é você 'sentir' o que o cliente quer. Por isso, sempre que possível, não fico apenas na cozinha, mas dou uma passeada pelo salão para saber o gosto e o tamanho da fome de cada um'', diz. E quando o assunto é gosto variado, ele entende do assunto. O chef começou a se interessar pela culinária quando ainda era adolescente e integrava a Guarda Mirim. Foi sob autoridade militar que ele aprendeu noções básicas da área como cortar legumes e preparar receitas bastante práticas.
Da Guarda Mirim, Fardado seguiu direto para o Quartel (o apelido ''Fardado'', aliás, vem dessa experiência), mas logo ganhou baixa. Foi aí que uma série de coincidências levaram o curitibano definitivamente para o mundo dos sabores. No final da década de 90, ele estava trabalhando em um estúdio de tatuagem e era responsável, entre outras coisas, pela higiene do local. A limpeza do espaço chamou a atenção do cozinheiro do extinto Original, outro lugar focado na balada, e que logo chamou Fardado para trabalhar no local. Foi lá que ele conheceu o chef Francisco Minoli, que foi um dos responsáveis por treinar o rapaz.
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Minoli não trabalhava no Original, mas comeu lá um prato preparado por Fardado em um dia que o cozinheiro principal havia faltado. Ele convidou o jovem para uma missão não impossível, mas para lá de importante: ajudar a preparar o jantar do mestre BB. King, no dia em que o músico tocou na cidade. Fardado não só aceitou a proposta, como aceitou o convite do experiente chef para criar o cardápio de um novo restaurante. Foram sete meses de treinamento intensivo, que resultou em mergulhos auto-didatas em livros de gastronomia da Biblioteca Pública do Paraná.
A partir daí, Fardado iniciou um périplo de experiências gastronômicas em restaurantes diversificados, mas com uma questão em comum: mesclar além da comida, diversão. Uma desses mergulhos, aliás, o levaram a uma temporada de um ano na África do Sul, viagem a trabalho que rendeu várias pesquisas na área. De volta ao Brasil e novamente focado na gastronomia de balada, Fardado assumiu outras cozinhas antes de entrar no Era só, mas foi ali que ele desenvolveu um prato que ele considera ideal para quem matar a fome sem deixar a saúde de lado e ainda ganhar energia para continuar a diversão: a omelete.
Com recheios variados, como o de carne, frango ou vegetais, ele considera o prato uma boa pedida para amigos ou casais que querem dividir a porção. ''Principalmente para casais, pois a omelete vem acompanhada de uma boa salada que elas adoram'', brinca. Ah, sim, e se a vontade for inevitável, uma dica do chef: o prato pode ser acompanhado de fritas. A salada, neste caso, é a redenção.