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Protestos

A um mês de abertura, Olimpíada vai da festa à tensão

Agência Estado
31 dez 1969 às 21:33
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A um mês da abertura da Olimpíada, o que prometia ser uma festa de confraternização se transformou em um assunto de segurança nacional, com restrições extremas na concessão de vistos para entrada na China e aumento do controle sobre os estrangeiros que vivem em Pequim, o que obrigou muitos deles a deixar a cidade antes do evento.

O governo divulgou um "manual de comportamento" para os visitantes, no qual lembra que eles devem respeitar a lei chinesa, não prejudicar a segurança nacional nem provocar danos à ordem social. Os turistas também não poderão festejar madrugada adentro, já que o governo ordenou que bares, restaurantes e casas noturnas fechem às duas da manhã durante a Olimpíada, horário em que muitos lugares começam a esquentar.

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As redes de TV que pagaram milhões de dólares pelos direitos de transmissão dos Jogos enfrentam dificuldades inéditas para trabalhar, em razão das exigências da censura chinesa. As autoridades querem saber com antecedência os lugares de onde as transmissões em vivo serão realizadas a cada dia dos Jogos. As emissoras, contudo, afirmam que não têm condições de realizar um planejamento tão detalhado, já que o imprevisto é indissociável da atividade jornalística.

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Mesmo com a promessa do governo chinês de que daria liberdade aos jornalistas estrangeiros antes e durante a Olimpíada, há inúmeros relatos de policiais e autoridades locais que tentam impedir o trabalho dos repórteres. Na semana passada, a equipe da rede de TV alemã ZDF foi seguida durante uma semana por policiais, que chegaram a pular em frente à câmera durante uma entrada ao vivo do jornalista na Grande Muralha, apesar de ela ter sido aprovada com antecedência pelo governo.

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A China enfrenta ainda dúvidas sobre sua capacidade de oferecer um ambiente saudável para os atletas. Os estádios estão prontos, os jardins da cidade estão floridos, as equipes de torcida estão ensaiadas, mas a poluição continua a encobrir o céu de Pequim. Domingo foi o primeiro dia de sol depois de um longo período em que a cidade esteve encoberta por uma névoa permanente, que voltou a imperar nesta segunda-feira.


Fora da capital, os problemas ambientais criaram uma emergência em Qingdao, sede das provas de vela, onde uma invasão de algas ameaça a realização das competições. As autoridades locais mobilizaram 30 mil pessoas, que estão retirando com as mãos toneladas de algas, e prometem que o problema estará resolvido até o dia 15 de julho.

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O espírito de confrontação com o mundo exterior gerado pelos protestos no trajeto mundial da Tocha Olímpica continua presente. Na semana passada, pouco mais de um mês antes da abertura dos Jogos, a edição online do jornal oficial "China Daily" tinha como manchete "Sarkozy não é bem-vindo na Olimpíada, diz pesquisa", uma referência ao presidente francês, Nicolas Sarkozy.


Depois dos protestos que ocorreram no Tibete em março, Sarkozy ameaçou boicotar os Jogos, caso Pequim não encontrasse uma solução pacífica para a questão. Na sexta-feira, o jornal "Le Monde" afirmou que o presidente francês estará na cerimônia de abertura e comunicará a decisão na quarta-feira a seu colega chinês, Hu Jintao, na reunião que o G-8 realiza no Japão.

Dentro da China, a Olimpíada vai cumprir seu papel de mostrar à população que o Partido Comunista foi capaz de superar os últimos dois séculos de humilhação e pobreza e recolocar seu país entre as potências globais.


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