A conquista inédita da seleção brasileira de ginástica rítmica no Mundial deste ano, no Rio de Janeiro, com duas medalhas de prata, no conjunto geral e na série mista, ecoou também em Londrina, um berço histórico da modalidade no Brasil. O feito foi recebido com orgulho e sensação de pertencimento, segundo disse à FOLHA a coordenadora do projeto Associação Desportiva e Recreativa (ADR) Unopar, Luciane Bernardi. A cidade já abrigou a seleção nacional e, mesmo após a saída da equipe, que está desde 2011 em Aracaju, capital de Sergipe, continua cedendo atletas.
À frente do projeto na cidade, Luciane Bernardi destaca que a ligação entre Londrina e a seleção nunca foi rompida, chegando agora à medalha, que tem um toque da cidade com a atleta Nicole Pircio. “Mesmo fora daqui desde 2004, sempre enviamos ginastas para a equipe nacional. Tivemos a Débora Falda (atual técnica do projeto em Londrina) e hoje temos a Nicole Pircio e a Julia Kurunczi, que infelizmente foi cortada por lesão pouco antes do Mundial”, conta.
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A tradição londrinense na modalidade é longa e consolidada, e uma das provas disso é a própria trajetória de Luciane Bernardi no esporte. Ela foi aluna de Bárbara Laffranchi, ex-treinadora da equipe, e está no projeto desde o ano 2000, hoje ocupando o cargo de coordenadora. Além da atuação em Londrina, ela também coordena o projeto de ginástica rítmica da Caixa Econômica Federal, junto à Confederação Brasileira de Ginástica (CBG), que alcança 12 estados, com foco no trabalho de formação de jovens atletas.

Formação de atletas
No projeto da ADR Unopar, há um trabalho de iniciação desde os primeiros anos até a decisão de encaminhar as atletas para o alto rendimento. “Começamos com meninas de três anos, na categoria baby. A mais velha hoje é a Julia (Kurunczi), com quase 20 anos. São mais de dez anos de trabalho para formar uma ginasta de alto rendimento. Temos duas que estão saindo do infantil para o juvenil, e sabemos do potencial. Agora mais seis pequenas, que foram para o Campeonato Paranaense, em Pinhais, que se mantiverem o ritmo certamente chegarão ao alto nível.”
Com o Mundial no Brasil, a seleção brasileira foi pauta no dia a dia dos treinos da equipe. Luciane destacou o envolvimento das atletas de todas as categorias com a competição e a sensação com as medalhas conquistadas. “Elas acompanharam tudo, do início ao fim. Chegam comentando: ‘Professora, você viu aquilo? O que tal ginasta fez?’ Elas se sentem parte desse processo. E são mesmo, porque entregamos ginastas para a seleção e nunca deixamos de fazer isso.”
Estruturação para alto rendimento
Em âmbito nacional, segundo ela, o salto de qualidade do país nos últimos anos está diretamente ligado à estruturação visando o alto rendimento. Os pedidos de melhorias foram feitos pela técnica da seleção brasileira, Camila Ferezin, também formada na ADR Unopar. “Em Londrina, era só a Camila (Ferezin, atual técnica da seleção), e ela sempre foi muito ligada à ciência. Agora, em Sergipe, ela tem um staff completo, com psicóloga, fisioterapeuta e vários outros profissionais. Um projeto desse porte só se sustenta com muitas mãos. Foi uma melhora decisiva na estrutura.”
O resultado coroa um processo de amadurecimento do Brasil na modalidade. No Mundial de 2021, no Japão, o conjunto geral ficou em nono, enquanto nas cinco bolas ficou com a sétima colocação. Já na edição de 2023, disputada na Espanha, o geral do Brasil terminou em sexto lugar. Nos cinco arcos, ficou em quarto, a uma posição do pódio.
Foto: Mauro Pimentel/AFPA equipe nacional se aproximou das conquistas nos Mundiais e chegou em alta para as Olimpíadas de Paris, em 2024. Na ocasião, a seleção iniciou a classificatória entre as primeiras colocadas, mas a lesão na panturrilha da ginasta Victória Borges durante o aquecimento impediu a execução da rotação final, deixando o Brasil em nono lugar, fora da disputa por medalhas.
“Desde 2019 estávamos perseguindo essa medalha. Nas Olimpíadas (de 2024) tivemos a lesão de uma atleta, e mesmo assim ficamos em nono. A chance de medalha estava madura, e agora ela veio”, comemorou Luciane.

Busca por apoio
Atualmente, o projeto da ADR Unopar reúne 250 crianças na iniciação e cerca de 20 atletas na equipe adulta, que disputam competições nacionais. Mas, para manter o trabalho, Luciane ressalta a necessidade de parceiros. “Temos projetos aprovados, mas precisamos de empresas interessadas em apoiar. A base é grande e a estrutura exige manutenção constante. Sem esse apoio, o caminho até o alto rendimento fica mais difícil.”
Como exemplo, a ADR Unopar teve aprovado o projeto “Equipe de Ginástica Rítmica – ADR Unopar” na Lei de Incentivo ao Esporte em 2024, em R$1,09 milhão, mas até agora não conseguiu a captação do valor. A proposta permite que a equipe busque patrocínios e apoios de empresas e pessoas físicas com dedução nos impostos.
Apesar dos desafios, o sentimento é de continuidade e esperança. “Desde 2016 temos ginastas nas Olimpíadas: Gabrielle Moraes, em 2016, Nicole Pircio, em 2020, e agora, em Paris 2024, ela e a Julia. A história de Londrina com a seleção é permanente. Nunca deixaremos de contribuir.”
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