Uma delegação de 30 atletas de kickboxing segue de Londrina para Guarapuava na madrugada deste sábado (6) para participar da Copa Paraná de Kickboxing. Entre os competidores estão oito jovens que começaram a treinar por iniciativa de Anderson Mafra na comunidade Aparecidinha, zona norte da cidade, dentro do Projeto Servir Sempre.
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O torneio é importante porque vale vagas para a Copa do Brasil da modalidade, que está prevista para os dias 4 a 7 de setembro, em Maringá – o torneio deveria ocorrer em Londrina, mas a cidade vizinha acabará sediando devido a falta de incentivos locais, diz o atleta David Silveira, membro da CBKB (Confederação Brasileira de Kickboxing).
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Um dos maiores nomes do kickboxing no Brasil, Silveira comanda a academia Fábrica de Campeões, com a qual os atletas têm alguma ligação, direta ou indireta. De sua academia, diretamente, partirão a maioria dos atletas, incluindo doze vindos de um polo montado em Florestópolis, sob supervisão de Galeno Miguel. As modalidades que disputarão serão kick light, point fighting, low kicks e light contact.
A academia também dá apoio ao projeto Servir Sempre, treinando gratuitamente parte dos 47 jovens que aprendem a arte marcial no barracão do projeto Servir Sempre, da comunidade do Aparecidinha. Oito adolescentes, entre nove e 16 anos, participam do campeonato desta vez, disputando as categorias point fight, light contact e kick light.
Já pela Academia Pé Vermelho Fight Club, comandada por Carlos Roberto Júnior – pupilo de David Silveira -, partem cinco atletas para disputar as modalidades point fight e light contact. Como preparação, os lutadores passaram por uma rotina diária de treinos, com práticas específicas nos finais de semana, com combinações de taekwondo e boxe voltado para as categorias disputadas.
‘Lutando’ para competir
Se o preparo para a competição de artes marciais é de muito treino e suor, a participação em campeonatos não deixa de ser uma luta para atletas amadores ou profissionais que não contam com patrocínio, como o caso dos lutadores que partem para Guarapuava em busca de uma vaga na Copa do Brasil.
Para seguirem até a cidade do Centro-Sul paranaense, os atletas fretaram um ônibus por conta própria, além de bancarem estadia e inscrição do próprio bolso.
Carlos Roberto Júnior diz que os atletas da Pé Vermelho Fight Club fizeram vaquinha e conseguiram apoio de patrocinadores anônimos para auxiliar nos gastos, mas também terão de desembolsar recursos próprios. “Precisamos recorrer a doações, porque a FEL (Fundação de Esportes de Londrina) é sempre voltado para os mesmos atletas. Eu estou custeando parte de dois alunos para poderem competir”, diz.
A situação mais difícil, talvez, seja a dos adolescentes assistidos pelo Projeto Servir Sempre. Moradores de uma comunidade social e financeiramente vulnerável, os adolescentes contam com o apoio de Mafra e de Silveira para treinar, mas, para bancar viagem, inscrição e estadia, foi necessário ir além dos patrocinadores que já ajudam o projeto.
“Empresários ofertaram o valor da viagem para que pudéssemos viajar e as refeiçõe serão custeadas por doações feitas por outras pessoas. Já a inscrição foi paga com a venda de camisetas doadas pela Igreja Bola de Neve. Essas camisetas, todas novas, foram repassadas para os atletas que vão participar, que as venderam e pagaram a inscrição, fazendo com que eles busquem, através do próprio esforço, obterem o recurso. [Alguém] Dando a vara e eles pescando”, compara Mafra, agradecido aos benfeitores.
Para Silveira, a ausência do poder público é o maior desestímulo para o esporte, principalmente em áreas mais periféricas. Autoridade das artes marciais, ele veio de situação de rua e diz que o esporte pode tirar crianças e adolescentes do mau caminho ao se tornar um incentivo pelo reconhecimento do esforço, da disciplina e da dedicação que exige. “É um investimento baixo para o retorno social que oferece”, avalia.
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