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Judô do Brasil faz história no Pan com recorde de ouros e medalhas

31 out 2023 às 08:07

O judô do Brasil já conseguiu um desempenho histórico no Pan de Santiago 2023 um dia antes de as competições terminarem. Com mais um ouro de Samanta Soares (78kg), uma prata de Rafael Macedo (90kg) e três bronzes de Kayo Santos (100kg), Rafael Silva (+100kg) e Beatriz Souza (+78kg), a modalidade atingiu sete ouros, duas pratas e seis bronzes, 15 medalhas no total, que superam o recorde anterior tanto na quantidade total de pódios quanto no número de campeões. Na edição Guadalajara 2011, a melhor até então, o país havia conquistado seis ouros, três pratas e quatro bronzes, totalizando 13 medalhas.


E esse número ainda pode aumentar já que o Brasil disputa a competição por equipes mistas nesta terça-feira (31), e vai em busca de mais um pódio. Para Beatriz Souza, superada apenas pela lendária Idalys Ortiz, cubana bicampeã mundial e dona de quatro medalhas olímpicas, é uma nova competição e a chance de mais uma medalha.


“Fico feliz com o resultado. Não era o que eu queria, mas fico feliz pela entrega. Em cada luta que tive dei tudo de mim, entreguei tudo que eu tinha. E saio satisfeita com o que fiz. Tem mais um dia de luta. Então, é concentrar para essa nova competição, depois voltar para casa, arrumar o que precisa e focar nas outras competições”, disse.


A primeira final do dia colocou frente a frente Rafael Macedo (90kg) e Ivan Silva Morales, de Cuba, vice-campeão em Toronto 2015 e ouro em Lima 2019. O brasileiro tentou aplicar um golpe que não deu certo e acabou apoiando a cabeça no tatame. Na revisão do lance, a arbitragem considerou o movimento irregular e o eliminou.


“Eu senti minha cabeça encostando ali e realmente está rolando bastante desclassificação em lances assim. Acredito que os árbitros têm o vídeo replay e com certeza analisaram o vídeo mais de uma vez. Confio na decisão deles, mas quero olhar depois o lance para ter a minha opinião”, falou Macedo. “Me preparei bem, queria ter levado o ouro, mas fico feliz por ter saído com uma medalha. No Pan de 2019 eu fiquei em quinto. Então, isso foi um título que eu queria e ainda tem a chance de ganhar uma de ouro na equipe”, completou.


Na segunda decisão do dia, Samanta Soares (78kg) enfrentou a promessa Sairy Colon, de Porto Rico, de apenas 20 anos, vice-campeã pan-americana júnior este ano. E não deu chance para a adversária, aplicando um waza-ari e controlando o combate até o final.


“E na final, eu nunca tinha lutado num ginásio com as pessoas chamando o meu nome, gritaria. E, ao mesmo tempo em que você quer focar na luta, você fica ouvindo as pessoas e pensa – meu deus! É surreal, mas consegui focar e minha técnica falava para ter calma que iria dar certo e foi muito legal. Estou muito feliz”, analisou ela, que teve que se superar para chegar aos jogos.


“É meu primeiro Pan-americano. Estou muito feliz por estar aqui, fiquei muito feliz quando conquistei a vaga porque não foi fácil chegar aqui, vindo de lesão, voltando a competir há pouco tempo. Chorei quando saiu a convocação e quando chegamos aqui de fato, na segunda, vi que virou realidade uma coisa que não esperava.”


Na sequência, foi a vez de Kayo Santos (100kg), classificado para Santiago por ter sido campeão em Cali 2021, enfrentar o cubano Leister Cardona e conseguir uma vitória relâmpago. Com apenas 23s, projetou o adversário no que valeu o ippon e encerrou o combate, garantindo o lugar no pódio.


“Foi uma mistura de emoções. Uma competição que comecei bem, mas na semifinal acabei errando por um detalhe contra o chileno. Minha cabeça ficou uma bagunça por eu saber que tinha chance de estar na final. Mas daí me concentrei, esqueci aquela luta e vim com tudo para conquistar o bronze”, contou o atleta, citando um lance em que teve a chance de projetar Thomas Briceño na semifinal, mas fez um movimento errado e permitiu ao chileno o imobilizar e vencer o combate. 


Na mesma categoria, Leonardo Gonçalves também lutou pelo bronze, mas acabou derrotado por Francisco Balanta, da Colômbia.


A penúltima medalha individual veio com Beatriz Souza (+78kg). Depois de ser superada nas quartas-de-final por Idalys Ortiz num combate que foi considerada uma final antecipada, ela se recuperou e venceu Yuliana Bolivar (Peru) e Amarantha Urdaneta (Venezuela) por ippon para garantir o lugar no pódio.


O último pódio brasileiro foi do gigante Rafael Silva “Baby”, dono de duas medalhas olímpicas. Ele foi derrotado nas quartas-de-final pelo cubano Andy Granda, em um confronto que era projetado para ser pela medalha de ouro, e ainda voltou para vencer Sergio Del Sol, do México, e Marc Deschênes, do Canadá, por ippon para garantir lugar no pódio. É a segunda medalha de Baby em Jogos Pan-americanos, que havia sido prata em Guadalajara 2011.


“É uma competição que eu queria muito viver, mas é uma pena que não consegui trazer a medalha de ouro. Judô é isso, esporte é isso. O cubano acabou me surpreendendo nas quartas-de-final, foi melhor, mais inteligente, paciência. Estou feliz em estar competindo em alto nível com 36 anos, conseguindo disputar com essa galera, estar nessa caminhada pensando nas Olimpíadas também, nessa classificação e chegar bem lá em Paris. Me sinto privilegiado em estar nessa jornada olímpica”, analisou.


No final de semana, a modalidade já havia garantido 10 medalhas. Ouro com Aléxia Nascimento (48kg), Michel Augusto (60kg), Larissa Pimenta (52kg), Rafaela Silva (57kg), Gabriel Falcão (73kg) e Guilherme Schimidt (81kg). 


A prata foi de Daniel Cargnin (73kg) e os bronzes de Amanda Lima (48kg), William Lima (66kg) e Ketleyn Quadros (73kg).


O judô encerra a participação em Santiago 2023 com a disputa por equipes mistas nesta terça.


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