Depois de uma temporada na qual o campeão foi definido na última volta da prova final, a F1 retorna neste fim de semana cercada de expectativas. Espera-se que o novo capítulo da rivalidade que dividiu os fãs da categoria em torcidas para o heptacampeão Lewis Hamilton e o atual vencedor Max Verstappen possa ser tão eletrizante quanto foi a disputa que deu ao holandês seu primeiro título.
Os dois se alternaram na liderança do campeonato e no domínio nas pistas, impulsionados pela contínua evolução dos carros da Red Bull e da Mercedes. E construíram um clima de antagonismos, com os chefes das equipes atuando como coadjuvantes, trocando uma série de farpas nos bastidores.
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A animosidade entre eles teve seu auge justamente na última corrida, em Abu Dhabi, onde Hamilton julga ter sido injustiçado por uma série de decisões da direção de prova que ajudaram Verstappen a vencer não só a etapa como o campeonato.
Até o início da pré-temporada, era incerta a presença do britânico no GP do Bahrein deste domingo (20), na abertura do Mundial de 2022 –etapa terá início às 12h (de Brasília). A Band transmite.
A sede por uma revanche contra o holandês, porém, falou mais forte do que a possibilidade de deixar a F1. "Se vocês acham que o que viram no final do ano passado foi o meu melhor, esperem para ver neste ano", declarou o heptacampeão.
Verstappen colocou Hamilton em uma posição que ele não experimentava desde 2017, quando ele iniciou pela última uma temporada na condição de desafiante.
No ano anterior, o então tricampeão havia perdido uma disputa interna com seu companheiro de equipe, o alemão Nico Rosberg, que ficou com o troféu do Mundial.
Também foi uma briga acirrada. Na classificação final, a diferença entre eles foi de apenas cinco pontos. Assim como no ano passado, o inglês também teve naquela ocasião uma arrancada nas últimas corridas, ao vencer as quatro últimas provas, com o alemão em segundo em todas elas.
Pesou a favor do ex-companheiro de Hamilton, contudo, a regularidade ao longo da temporada. Até por isso a frustração do inglês não foi como agora. O próprio Rosberg, aliás, declarou que achou "horrível" a forma como o britânico perdeu a disputa de 2021.
Ele espera que o ex-companheiro consiga reagir como fez em 2017. Naquele ano, Lewis Hamilton venceu nove das 20 etapas, nas quais somou ao todo 13 pódios. Assim, superou o também alemão Sebastian Vettel, da Ferrari, e ficou com o título.
Depois disso, com quatro conquistas em sequência, chegou a sete troféus e alcançou o topo do ranking de campeões mundiais, ao lado de Michael Schumacher.
Após despertar o espírito de revanche em Hamilton, Rosberg causou enorme surpresa na F1 ao anunciar sua aposentadoria da categoria cinco dias depois de ganhar o campeonato. Para ele, ter chegado ao título já era seu ápice. Não é o caso de Verstappen.
O piloto da Red Bull quer se consolidar como um dos grandes nomes da história da categoria e conquistar uma hegemonia igual à do britânico.
Recentemente, ele teve seu contrato com a escuderia renovado até 2028 e, de acordo com a Sky Sports, receberá um salário de 40 milhões de libras (R$ 262 milhões) por temporada, valor que faz dele o piloto mais bem pago do grid ao lado justamente de Hamilton.
"Eu amo esta equipe, e o ano passado foi simplesmente incrível. Nosso objetivo desde que nos unimos em 2016 era vencer o título e nós fizemos isso. Agora, é manter o número 1 no carro a longo prazo", afirmou o holandês, citando a numeração que adotou após se tornar campeão.
Red Bull se destaca
Antes de iniciar o primeiro campeonato após uma série de mudanças no regulamento geral da F1, pilotos e equipes tiveram duas sessões de testes, com três dias em Barcelona, de 23 a 25 de fevereiro, e mais três no Bahrein, de 10 a 12 de março.
Se na primeira jornada o que chamou a atenção foi o desenho totalmente repaginado dos carros, nas sessões realizadas no país asiático o desempenho dos carros ganhou destaque, sobretudo a performance da Red Bull e a dificuldade da Mercedes com curiosa solução aerodinâmica pensada pela equipe alemã.
Mais do que registrar os melhores tempos do dia, que nem sempre refletem a confiabilidade dos carros, os carros de Verstappen e Sergio Pérez se mostraram consistentes e com um desempenho superior ao dos demais concorrentes, com exceção da Ferrari, que andou bem próxima da Red Bull.
Lewis Hamilton e seu novo companheiro de equipe, George Russell, por outro lado, não demonstraram o mesmo otimismo que o holandês. Pelo contrário, para o heptacampeão, a Mercedes nem deve brigar por vitórias no começo do campeonato.
O discurso é semelhante ao que a equipe sempre usa antes de cada temporada e costuma cair por terra na primeira corrida. Desta vez, porém, a escuderia parece não ter encontrado ainda o acerto ideal para o carro, principalmente para a aposta ousada que fez para o desenho aerodinâmico do modelo.
Há quem acredite que a Mercedes está escondendo o jogo para apresentar, depois, uma grande evolução no veículo. Somente após a primeira sessão de treinos livres nesta sexta-feira (18) é que os fãs da F1 vão ter uma noção de quem realmente vai brigar por vitórias neste início de temporada.