O COB (Comitê Olímpico do Brasil) negocia com o governo federal como deverá funcionar a vacinação contra Covid-19 para atletas, demais membros da delegação e jornalistas credenciados para os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de Tóquio. O início da Olimpíada do Japão está marcado para 23 de julho.
A entrada da delegação brasileira na lista de grupos prioritários foi revelada pelo jornal Folha de S.Paulo na sexta-feira (23).
Em reunião nesta terça-feira (27) entre membros do COB e dos ministérios da Saúde e da Defesa ficou acordado que cerca de 1.400 possíveis participantes do megaevento deverão fazer parte do PNO (Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação Contra a Covid-19).
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As doses virão do laboratório Sinovac e serão fornecidas ao governo federal pelo COI (Comitê Olímpico Internacional), que receberá doações do Comitê Olímpico da China. O país asiático se prepara para sediar os Jogos de Inverno, em fevereiro de 2022, e havia anunciado em março que se dispunha a auxiliar na imunização dos participantes tanto de Tóquio quanto de Pequim.
Como contrapartida ao SUS, para cada integrante do grupo que vai aos Jogos, dois outros brasileiros na fila também serão imunizados, totalizando 5.600 doses extras doadas para 2.800 pessoas.
O acordo ainda deverá ser oficializado em nota técnica pelo governo federal. Procurados, nem o COB nem os ministérios se pronunciaram sobre a reunião desta terça até a publicação deste texto.
Uma legislação já em vigor permite que as empresas privadas adquiram vacinas, mas precisam doar integralmente ao SUS enquanto os grupos prioritários não forem imunizados. Após esse período, poderão adquirir e usar 50% do montante, doando o restante.
"O COB é uma pessoa jurídica e de direito privado e, para ser incluído no plano de imunização como grupo prioritário, deverá ser feito através de uma nota técnica. Uma solução questionável do ponto de vista sanitário e epidemiológico, porque deixa uma sensação de que quem tem mais lobby pode conseguir vacina", diz o médico e advogado sanitarista Daniel Dourado.
Na sexta, Ricardo Leyser Gonçalves, ministro do Esporte no governo Dilma Rousseff (PT) e atual membro do conselho de administração do COB, afirmou que a vacina aos atletas é questão de justiça. "Vão representar o país e estão expostos ao coronavírus, inclusive agora viajando para seletivas. É um público mais sujeito a se contaminar em relação à média da população."
Ainda não há informação exata sobre as datas de início da vacinação. A expectativa é que a aplicação comece no máximo na segunda quinzena de maio.
O COB contabiliza pouco mais de 200 vagas confirmadas nos Jogos Olímpicos até agora (com a expectativa de chegar a um número entre 270 e 300). Em alguns casos, especialmente nos esportes coletivos, não é possível saber quem ocupará essas vagas com antecedência, e por isso o número de possíveis imunizados se baseia em uma lista mais abrangente definidas pelas confederações.
O comitê também se compromete com a imunização dos atletas brasileiros que residem no exterior. Alguns já tomaram vacinas fora do país, por exemplo a atacante Marta, que joga nos EUA.
No mês passado, as Forças Armadas tinham incluído os atletas militares entre as prioridades.
Os organizadores de Tóquio-2020 já disseram que não será obrigatório estar vacinado para participar dos Jogos, mas incentivam e ajudarão para que o maior número de pessoas esteja, diminuindo assim os riscos de surtos durante a sua realização. São esperados cerca de 11 mil atletas no megaevento.