Novak Djokovic divulgou uma declaração nesta quarta-feira (12) na qual se posicionou pela primeira vez a respeito de dois temas sobre os quais tem sido questionado em meio à sua tentativa de permanecer na Austrália.
Num comunicado em suas redes sociais, o tenista número 1 do mundo tentou explicar por que não se isolou imediatamente após testar positivo para Covid-19, em dezembro, e disse que seu agente cometeu um erro ao preencher a declaração de viagem para entrada na Austrália.
O sérvio pretende participar do Australian Open, que começa na próxima segunda-feira (17), mas ainda se vê ameaçado de deportação por não estar vacinado contra a Covid-19, exigência para entrar no país.
A Força de Fronteira Australiana investiga as discrepâncias entre o formulário de viajante apresentado por Djokovic e seu paradeiro nos dias anteriores à chegada.
No documento, o tenista assinalou "não" quando questionado sobre ter viajado nos 14 dias prévios. Mas publicações nas redes sociais mostram que ele estava em Belgrado no dia de Natal e depois treinando em Marbella, na Espanha, nos dias 31 de dezembro e 2 de janeiro.
"Sobre a questão da minha declaração de viagem, ela foi enviada pela minha equipe de suporte em meu nome -como eu disse aos funcionários da imigração na minha chegada- e meu agente sinceramente pede desculpas pelo erro administrativo ao marcar a caixa incorreta sobre minha viagem anterior antes de vir para Austrália", afirmou Djokovic.
O sérvio também abordou as críticas por participar de eventos mesmo após ter recebido um resultado positivo para coronavírus num exame de PCR, em 16 de dezembro. Essa informação só veio a público nos últimos dias porque embasou a justificativa utilizada por ele para obter uma dispensa da vacinação contra a Covid-19 e entrar no país.
De acordo com o relato do atleta, ele primeiro fez um teste rápido de antígeno no dia 16, após saber que várias pessoas que estavam em um jogo de basquete no qual marcara presença, dois dias antes, se contagiaram.
Ainda segundo a sua versão, após o resultado negativo, ele decidiu realizar o PCR. Mas, antes de saber do resultado deste exame e após mais um antígeno negativo, participou, no dia seguinte, de um evento de tênis em Belgrado para entregar prêmios para crianças.
"Eu estava assintomático e me sentia bem, e não recebi a notificação de um resultado positivo do teste de PCR até depois desse evento", disse.
Djokovic admitiu, porém, que no dia 18, já ciente do PCR positivo, cumpriu "um compromisso de longa data" ao dar uma entrevista e participar de uma sessão de fotos para o jornal francês L'Equipe.
"Senti-me obrigado a dar a entrevista ao L'Equipe, pois não queria decepcionar o jornalista, mas assegurei-me de me distanciar socialmente e usar uma máscara, exceto quando minha fotografia estava sendo tirada", tentou justificar. "Refletindo, esse foi um erro de julgamento e aceito que deveria ter remarcado esse compromisso", completou.
De acordo com o atleta, sua equipe forneceu informações adicionais ao governo australiano para esclarecer esses assuntos. Ele afirmou ainda que não fará mais comentários "por respeito ao governo australiano e suas autoridades e ao processo atual". Na segunda (10), sua família encerrou uma entrevista coletiva em Belgrado após questionamentos sobre os eventos sociais de que o tenista participou após o teste positivo.
Djokovic recebeu uma isenção de vacina para entrar no país concedida pela organização do torneio e pelo governo estadual de Victoria, com base no exame positivo para o coronavírus realizado em 16 de dezembro, na Sérvia.
Essa autorização, porém, é contestada pelo governo federal, que não considera a infecção recente como um critério válido para dispensar a vacinação. Por isso, na última quinta-feira (6), determinou o cancelamento do seu visto e sua detenção em um hotel.
Na segunda-feira (10), o juiz federal Anthony Kelly decidiu pela liberação do tenista após considerar que ele teve tratamento injusto dos agentes de imigração na sua chegada ao país. O atleta não teria recebido tempo suficiente para entrar em contato com advogados e organizadores do torneio.
Apesar de ter treinado nos últimos dias para o Australian Open em Melbourne Park, o sérvio ainda pode ter seu visto cancelado novamente se o ministro da Imigração, Alex Hawke, exercer seu poder discricionário.
"Os advogados de Djokovic forneceram recentemente longas apresentações e documentação de apoio, consideradas relevantes para o possível cancelamento do visto", disse um porta-voz do ministro. "Naturalmente, isso afetará o prazo para uma decisão."
Outro ponto que pode influenciar a situação do tenista foi levantado pela revista alemã Der Spiegel, que apontou inconsistências na data do PCR realizado na Sérvia a partir das informações disponíveis na URL associada ao código QR do exame. De acordo com a publicação, esses dados sugerem que o exame teria sido feito no dia 26, não 16.
O sorteio das chaves do Australian Open está marcado para esta quinta-feira (13). Djokovic, que já venceu o torneio nove vezes, tem a chance de desempatar o recorde masculino de 20 títulos de Grand Slam que atualmente divide com Roger Federer e Rafael Nadal. O espanhol estará presente em Melbourne, enquanto o suíço ainda se recupera de cirurgia.