O Brasil obteve mais um dia dourado no judô em Santiago-Chile. Depois de faturar quatro ouros no primeiro dia da modalidade nos Jogos Pan-americanos no sábado (28) - Aléxia Nascimento (48kg), Michel Augusto (60kg), Larissa Pimenta (52kg) e Rafaela Silva (57kg) - no domingo (29), foi a vez de Gabriel Falcão Lira (73kg) e Guilherme Schimidt (81kg) se sagrarem campeões no Centro de Esportes de Contato, no Parque Estádio Nacional.
As medalhas foram ainda mais significativas porque Daniel Cargnin (73kg) fez uma dobradinha de ouro e prata com Lira e Schimidt e enfrentou o ginásio inteiro, incluindo o presidente Gabriel Boric, torcendo a favor do adversário dele, o chileno Jorge Pérez.
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"A torcida contra só me motivou mais a trazer essa medalha para o Brasil. É um adversário que já tinha vencido em outra ocasião. Estava há pouco tempo fazendo um treinamento de campo no Minas Tênis Clube e sempre treinei muito bem com ele. Então, sempre ficava na dúvida se estava guardando alguma coisa, se estava me estudando. Mas não economizo em treino, treinava forte com ele e acho que o Jorge sentiu meu ritmo de luta”, apontou o “leãozinho" Schimidt, que dedicou o ouro para a mãe Deusélia, apontando para uma tatuagem em seu peito.
“A tatuagem eu fiz ano passado no aniversário dela: uma leoa e um leãozinho. Ela é minha amiga, psicóloga, sempre me ajudando a chegar na minha melhor versão. Fazia muito tempo que ela não assistia uma competição minha presencialmente. Queria muito conquistar esse ouro e poder dedicar essa vitória para ela, que se mudou para Belo Horizonte comigo para viver esse sonho olímpico. É muito gratificante ter ela aqui e fico feliz de ter cumprido o objetivo”, falou.
O outro ouro marcou ainda a conquista da 100ª medalha do Brasil em Santiago 2023, com Gabriel Falcão (73kg). Ele, que se classificou para o Pan por ser campeão do Pan Júnior Cali 2021 não precisou lutar a decisão, já que o adversário, o medalhista olímpico Daniel Cargnin, sentiu uma lesão na semifinal e foi poupado.
"Senti um pouco o tornozelo na semifinal. Enquanto tava quente, pensei 'não vou perder essa semifinal de jeito nenhum'. Depois fui sentindo mais um pouco. Mas estou muito feliz com essa dobradinha. O judô tem uma responsabilidade importante no quadro de medalhas do Brasil e acho que estamos cumprindo bem o nosso papel. E amanhã vamos fechar com chave de ouro o individual", comentou Cargnin.
A última medalha do dia veio com Ketleyn Quadros. Dona da primeira medalha olímpica feminina em esportes individuais, o bronze em Pequim 2008, a brasiliense nunca havia disputado os Jogos Pan-americanos. E, logo na primeira, deu a volta por cima na derrota na semifinal para Isabelle Harris, do Canadá, para vencer a colombiana Cindy Mera com um waza-ari e garantir o lugar no pódio.
“Para mim é super especial. Apesar de ter uma bagagem bem grande na modalidade, foram meus primeiros Jogos Pan-americanos e ter essa oportunidade de estar competindo e sair com a medalha, mesmo sabendo da adversidade, a concorrência que a competição tem, me deixa muito feliz. Foi desgastante chegar aqui e, sair com a medalha, é uma resposta positiva do trabalho. Entendo que é como se fosse uma palhinha para os Jogos Olímpicos de 2024, por toda essa dinâmica, todo esse cenário”, analisou.
Além dela, Alexia Castilhos (70kg) e Luana Carvalho (70kg) ainda disputaram a medalha de bronze, mas foram superadas, respectivamente, por Celinda Corozo (Equador) e Elvismar Rodriguez (Venezuela) e acabaram na quinta colocação. Ambas terão a oportunidade de voltar à competição ainda em Santiago 2023 na disputa por equipes. A novidade em Jogos Pan-americanos será na terça-feira (31).
“É um novo formato, primeira vez que vai ter a competição por equipes. É muito importante para casos como esses, em que acabamos deslizando na competição individual. Eu ainda posso sair com uma medalha. Então, pretendo voltar mais forte, levantar a cabeça e dar o meu melhor para que o Brasil saia daqui com essa medalha”, disse Carvalho.
Com o desempenho dos dois primeiros dias, o judô brasileiro se aproxima do melhor desempenho na história dos Jogos Pan-americanos. Na edição Guadalajara 2011, o país conquistou seis ouros, três pratas e quatro bronzes, totalizando 13 medalhas.
O judô encerra a competição individual em Santiago 2023 nesta segunda (30), com as disputas das categorias meio-pesado e pesado tanto no feminino quanto no masculino e a categoria médio masculina. O Brasil estará representado por Eliza Ramos (78kg), Samanta Soares (78kg), Beatriz Souza (+78kg), Rafael Macedo (90kg), Kayo Santos (100kg), Leonardo Gonçalves (100kg) e Rafael Silva (+100kg).