O MP-PR (Ministério Público do Paraná), por meio do Gaeco (Núcleo de Londrina do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), deflagrou, na manhã desta sexta-feira (12), a Operação Derby, que apura tentativas de aliciamento de jogadores do Londrina Esporte Clube para manipulação de resultados.
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O caso investigado remonta ao dia 26 de abril, horas antes do clássico entre Londrina e Maringá, válido pela 3ª rodada da Série C do Campeonato Brasileiro. Na ocasião, um atleta do time alviceleste recebeu, por mensagem, uma proposta suspeita de um suposto empresário. A primeira abordagem ocorreu de forma disfarçada, com a sugestão de um contrato de publicidade via Instagram. Pouco depois, outro contato foi feito pelo WhatsApp. O tom da conversa mudou rapidamente: em um áudio de visualização única, o interlocutor ofereceu R$ 15 mil para que o jogador cometesse uma falta e fosse punido com cartão amarelo antes dos 27 minutos do primeiro tempo.
O atleta, que não teve o nome revelado, recusou imediatamente, respondeu de forma ríspida e encerrou o diálogo. O aliciador, então, bloqueou o contato e procurou outros dois jogadores que também entrariam em campo naquela partida. Ambos sequer responderam. Os três atletas, diante da gravidade do episódio, comunicaram o executivo de futebol do Londrina, Lucas Magalhães, que levou o caso ao então CEO do clube, Paulo Assis.
A partir daí, o Londrina acionou a FPF (Federação Paranaense de Futebol), que orientou a formalização da denúncia junto à CBF (Confederação Brasileira de Futebol). A queixa deu início às investigações conduzidas pelo Gaeco em parceria com a Polícia Federal.
O momento da denúncia
Em entrevista, Magalhães relatou o impacto da situação. “O que mais pregamos é a evolução do futebol, a ética e a melhoria do esporte. Não tenho dúvida de que o Londrina vai sempre se sobressair nisso. Antes do jogo, na hora do aquecimento, os três jogadores vieram até mim e reportaram que haviam sido aliciados. Isso assusta na hora. De pronto, chamei o Paulo (Assis) e acionamos a FPF imediatamente. Eles nos encaminharam a um departamento da CBF para oferecer a denúncia junto ao jurídico”, afirmou.
O dirigente explicou que o clube buscou preservar o ambiente interno. “Pedimos aos atletas que não alardeassem o assunto. Conversei apenas com o Wallace, nosso capitão, e expliquei o que havia acontecido, que os três haviam sido abordados, para que ficasse atento em relação ao grupo. Nenhum deles recebeu cartão na partida, então fiquem tranquilos. Vamos nos reservar ao direito de não falar mais detalhes pelo bem da investigação”, disse, sem citar nomes dos investigados.
Naquele jogo, foram advertidos com cartão amarelo o zagueiro Caio, o lateral Maurício e os atacantes Iago Teles e Thauan, mas sem ligação com o episódio investigado.
Segundo Magalhães, a direção procurou tratar do episódio com o elenco dias depois. “Na segunda-feira, logo após o jogo, fizemos uma palestra e todos os atletas foram informados do ocorrido. Conversei com todos, junto com a comissão técnica, para explicar, relembrar os danos que isso pode causar e parabenizar os atletas que tiveram coragem de denunciar. No mesmo dia foi formalizada a denúncia junto ao departamento da CBF. Foi a primeira vez que vivenciei uma situação como essa. É óbvio que na hora há um susto, mas nessa posição não temos o direito de nos desesperar nem de agir com emoção exagerada.
Mantivemos a cabeça no lugar, pensamos em várias situações, se foram apenas esses três jogadores, se houve outros, enfim. A conversa com o Wallace (zagueiro e capitão do time) foi também nesse sentido, porque é um líder em quem confiamos. Mas todos são seres humanos, e você fica sem saber ao certo. O importante é que tomamos as decisões corretas”, avaliou.
Confiança no elenco
O relato foi reforçado pelo novo CEO do Londrina, Armando Chekerdemian, que não estava no clube à época, mas fez questão de destacar a postura do elenco. “Esse momento reforça a nossa confiança nos atletas. Vemos que temos líderes no elenco capazes de agir com responsabilidade, e ficamos contentes e orgulhosos de tê-los trabalhando conosco. Até por isso, pelo fato de terem levantado essa bandeira, nos deu conforto e confiança para colocá-los em campo. O cartão amarelo é algo que já acontecia antes mesmo das apostas esportivas existirem. O fato de termos sido notificados é positivo. O importante é reforçar que o compromisso do Londrina é com a integridade, com o desenvolvimento do futebol e com o profissionalismo”, concluiu.
Os dois suspeitos seriam empresários do setor esportivo. A conduta investigada se enquadra na Lei Geral do Esporte, que prevê pena de dois a seis anos de reclusão, além de multa, para crimes contra a incerteza do resultado esportivo.
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