O ex-jogador Zico reprovou o excesso de jogadores de times estrangeiros na atual seleção brasileira. O ídolo do Flamengo esteve em Londrina nesta segunda-feira (24) para a inauguração de seu projeto educacional, a Escola Zico 10, em parceria com o colégio Marista, e tratou de diversos assuntos relacionados ao futebol. Questionado sobre o atual momento da seleção brasileira, o Galinho de Quintino foi enfático.
"Acho que, infelizmente, pelo fato de ter um número muito grande de jogadores que estão fora do Brasil, se distanciou. Antigamente, tinha o cara do Flamengo, do Vasco, o torcedor falava: ‘Ah, o meu jogou melhor hoje...’. Hoje não tem isso. Hoje, o Flamengo vive um bom momento e tem mais jogadores. Tem um do Atlético-MG (Arana), o goleiro que era do Athletico Paranaense (Bento). Se você tem um time com jogadores que atuam no Brasil, é outra coisa. Não posso admitir que, só porque o jogador está na Premier League, na Bundesliga, que ele seja melhor do que o cara que está no Brasil. Isso até desmotiva quem joga aqui”, opinou Zico.
Durante o evento no Teatro Marista, Zico reencontrou os também ex-jogadores Carlos Alberto Garcia e Marinho. O ex-meia de Flamengo, Udinese e Kashima Antlers comentou sua relação com ambos, com quem manteve amizade por motivos distintos, mas que teve o primeiro encontro em um dia marcante para a cidade de Londrina: a inauguração do estádio do Café, no dia 22 de agosto de 1976.
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Com Garcia, a relação começou quando o ídolo do Londrina Esporte Clube foi para o Vasco, em 1978, e a rivalidade os aproximou. Com Marinho, foi o contrário: o zagueiro foi para o Flamengo, se tornou titular, ídolo, e multicampeão ao lado de Zico.
“Nós conseguimos fazer um time bom (para a inauguração do estádio do Café). Pensou que ia ter moleza? Não teve, não. Mas foi muito bacana”, lembrou Zico.
“Depois, ele (Garcia) foi para o Rio de Janeiro, foi para o rival, mas a gente sempre teve uma boa relação. O Vasco, naquele momento, era um time realmente muito forte, e os jogos contra o Flamengo eram muito equilibrados. Acabava o jogo, era conversa, resenha e pronto. Ninguém deixava de suar mais ou menos porque era amigo do outro. Isso falta no futebol. Na despedida dele (em 1990, no estádio do Café), tinha muita gente do Flamengo: eu, Zé Mário, Paulinho, vários. Para ver como todos gostavam dele”, destacou o ídolo rubro-negro.
“O Marinho era amigo do dia a dia. Foi justamente no dia da inauguração do estádio do Café que o Coutinho (ex-técnico do Flamengo) gostou dele pelo trabalho que ele deu para a gente, fez um bom jogo, e ele foi contratado. Virou nosso titular. Um cara espetacular, um guerreiro em campo e, agora, na vida, pelos problemas que passou. Fizemos uma amizade muito grande, o time todo. Ele é muito querido por todos nós”, elogiou o Galinho ao citar o ex-defensor, que o abraçou no fim do evento. Marinho tem passado por problemas de saúde e sofre com sequelas após ter sofrido com dois AVCs (acidente vascular cerebral).
O projeto
Zico esteve no teatro Marista ao lado de seu filho, Thiago Coimbra, presidente do projeto Escola Zico 10. Serão oferecidas aulas de iniciação esportiva de futebol para crianças e adolescentes do colégio. Segundo a instituição, a cada duas matrículas, será ofertada uma bolsa integral. O método de avaliação e entrega das bolsas será revelado posteriormente.
O projeto de Zico conta com cerca de 50 filiais pelo Brasil, além de duas unidades no Japão. O ex-jogador não descartou que jovens possam ir para clubes caso tenham destaque, mas reforçou que não é esse o objetivo do projeto educacional.
“O nosso objetivo é formar o ser-humano. A maioria está ali para a ocupação de um tempo, praticar um esporte, que é bom para a saúde das crianças, mas são diversas situações. Quando você está bem preparado, em qualquer área da sua vida que vá frequentar, vai estar com uma boa cabeça. Temos diversos alunos que se formaram, foram para a faculdade, e disseram que passaram por nós. É isso que queremos escutar, que ajudamos o desenvolvimento do ser humano em qualquer área”, concluiu.

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