Começa na segunda-feira (5) o julgamento de Daniel Alves, acusado de agressão sexual por uma mulher em Barcelona. A previsão inicial é que a audiência acabe na quarta-feira (7).
Leia mais:
Guardiola se anima com o Brasil, e CBF prepara 'grande jogada', diz site
Zubeldía não conta com dupla gringa e São Paulo aguarda para definir futuro
Com mudança no calendário, Campeonato Paranaense deve ser antecipado
Finais da Taça FEL de futebol amador serão realizadas neste domingo em Londrina
No primeiro dia de julgamento, estão previstos os depoimentos da mulher que acusa o jogador brasileiro, além de uma amiga e uma prima da denunciante, que a acompanhavam na noite de 30 de dezembro de 2022, quando foi feita a denúncia.
Além das três mulheres, serão ouvidos dois garçons da boate Sutton e o porteiro da discoteca, que acionou o protocolo de defesa a vítimas de agressão sexual naquela noite.
O primeiro dia também terá um momento de considerações iniciais em que o Ministério Público espanhol, a acusação e a defesa do brasileiro terão a palavra.
Programação cheia
Na terça-feira (6), a corte, composta por três juízes, tem previstos depoimentos de outras 22 testemunhas. O principal nome é a modelo Joana Sanz, esposa de Daniel Alves na época do ocorrido. Além dela, a lista tem quatro amigos do jogador, incluindo o chef Bruno Brasil, que estava com ele na Sutton na noite de 30 de dezembro de 2022.
A mãe da mulher que acusa o jogador, o diretor da boate e dois seguranças também serão ouvidos. Além deles, a lista tem um amigo da prima da denunciante (com quem ela entrou em contato naquela noite, explicando o ocorrido) e 12 policiais que participaram do caso, tanto na saída da discoteca quanto na delegacia.
O UOL apurou que a Audiência de Barcelona estará reservada exclusivamente para o caso na tarde de terça-feira. Pela quantidade de testemunhas, os juízes e advogados preveem que o julgamento se estenda até a noite, algo pouco comum na Espanha.
A quarta-feira (7), último dia previsto para o julgamento, será dedicada à exposição de diferentes laudos periciais. Serão ouvidos médicos forenses, legistas, integrantes da polícia científica e biológica, além de especialistas em impressões digitais. Psiquiatras e psicólogos que tiveram contato com a denunciante também foram convocados.
Relembre o caso
Daniel Alves é acusado de agressão sexual por uma mulher na boate Sutton, em Barcelona. Ela tinha 23 anos à época, e afirma ter sido violentada pelo jogador em 30 de dezembro de 2022.
O jogador foi preso preventivamente em 20 de janeiro de 2023, e assim se manteve apesar de quatro pedidos de liberdade provisória para que aguardasse o julgamento em liberdade. A Justiça sustentou durante o período que a prisão se justificava pelo potencial risco de fuga do jogador. O caso de Robinho foi usado como exemplo.
Desde o início do caso, Daniel Alves deu quatro versões distintas do que havia acontecido naquela noite. Primeiro, ele disse que não conhecia a mulher que o acusa; depois, afirmou que esteve com ela no banheiro, mas que nada aconteceu; a terceira versão foi de que entre os dois teve apenas sexo oral. Em abril de 2023, Alves deu uma nova versão, admitindo que houve, sim, penetração, mas com consentimento.
O UOL apurou que, durante o julgamento, a defesa de Daniel Alves trabalhará com uma quinta versão: a de que o jogador estaria bêbado na noite do suposto crime e não se lembraria muito bem do que aconteceu.
Durante o caso, a defesa de Daniel Alves teve três composições. Ele começou a ser investigado sob tutela da advogada Miraida Puente, que cuidava de questões burocráticas da vida do jogador. A inexperiência de Miraida com casos criminais como esse fez com que Daniel se complicasse — ele foi ao primeiro depoimento, em janeiro, sem saber a gravidade das denúncias e acabou saindo de lá para a prisão.
Ainda em janeiro de 2023, Alves contratou Cristóbal Martell, advogado conhecido por grandes casos na Espanha e pela habilidade de costurar acordos. Martell assumiu a defesa ao lado de Miraida Puente. Com pouco êxito nos pedidos pela liberdade provisória, Martell deixou o caso em outubro. Ele foi substituído pela criminalista Inés Guardiola. É ela quem representará Daniel Alves em juízo.
A defesa do jogador tentou mais de uma vez fazer um pacto com a acusação, mas não houve acordo. Em entrevista ao UOL, a advogada da denunciante, Ester Garcia Lopez, afirmou que sua cliente "queria prisão, não dinheiro".
A reportagem teve acesso aos vídeos do circuito interno de TV daquela noite na Sutton. As imagens mostram o antes e o depois dos quase 15 minutos em que ambos ficam no banheiro da discoteca.
Em mais de 8 horas de imagens, chama a atenção a mulher deixando o banheiro depois de Daniel Alves e deixando o camarote rapidamente, sem se despedir ou ter qualquer contato visual com o jogador.
Na saída da discoteca, a mulher chora nos ombros da prima. Enquanto a cena acontece, Daniel Alves e seu amigo Bruno passam ao lado, mas novamente não há qualquer contato. Diante da cena de desespero da mulher, um segurança aciona o protocolo de agressões sexuais.
O protocolo foi um dos pontos-chave para que toda a investigação corresse com sucesso. Minutos depois de relatar o caso ao responsável pela boate, a garota foi levada para o hospital, onde foram realizados exames de corpo de delito e coletados materiais para análise.
A pena máxima para o crime de agressão sexual na Espanha é de 12 anos, e este será o pedido da acusação no caso de Daniel Alves. O Ministério Público espanhol pediu 9 anos de prisão.
Caso condenado, Daniel Alves pode ter uma redução na pena devido ao pagamento de uma multa de R$ 800 mil (150 mil euros). O UOL apurou que o dinheiro foi pago pela família de Neymar, uma vez que Daniel Alves está com as contas bloqueadas.